O Projeto de Pesquisa e Extensão Pirandello Contemporâneo realizou em 2013 práticas laboratoriais no Solar do Jambeiro, casarão do século XIX, Patrimônio Histórico da cidade de Niterói, recebendo alunos de graduação de diferentes Unidades e Cursos da UFF, alunos oriundos também de outras Universidades Federais, como UFRJ e UNIRIO; alunos de Pós-Graduação do Programa de Pós-Graduação em Estudos Contemporâneos das Artes da UFF, e do Mestrado em Artes Cênicas da UNIRIO, atores formados pelas Escolas de Teatro da Martins Pena, CAL e artistas independentes entre cantores, bailarinos e amadores.
O projeto de pesquisa pode ser visitado no antigo site www.pirandellocontemporaneo.uff.br, onde disponibilizamos vídeos, documentos, imagens dos laboratórios práticos, além do livro digital com o material produzido em 2013.
ESTUDOS DESENVOLVIDOS EM 2013
Foram realizados três estudos performativos com a dramaturgia pirandelliana, destacando certas particularidades do pensamento do autor sobre o teatro e a vida.
Para o primeiro Estudo Performativo, OS SEIS, investigou-se “Os seis personagens à procura do autor”, seu texto mais emblemático. É na estrutura deste drama incompleto, nestas personagens abandonadas que Pirandello apresenta o nó de sua poética: o fantasma do incesto.
Treinamos os performers para mergulhar no que há de mais íntimo nos SEIS personagens, buscando um diálogo entre suas experiências/memórias com aquilo que se descobre obscuro no drama. O atuante/performer é convocado a trabalhar sobre suas reminiscências, impulsos e desejos íntimos, buscando movimentos autobiográficos e de autorrepresentação.
O segundo Estudo, IMPROVISO, se inspira livremente na peça “Esta noite representamos de improviso”, a partir da estética do Grotesco. Os performers foram levados a questionar as fronteiras entre o humano e o inumano, investigando os limites da condição humana, a partir de um importante elemento da dramaturgia de Pirandello – o ciúme em sua faceta grotesca – que nesse experimento ganha tintas de um erotismo catártico.
Fomos buscar na contradição, no paradoxo, na deformação, no escatológico, no terror e na decadência dos corpos as fontes para inspirar a criação, a partitura física e gestual. Refutando a lógica da aparência, a investigação grotesca pretende fazer ver que nem toda aparência é banal. A problemática do ser e da aparência, cisão inconciliável, está na raiz da dramaturgia pirandelliana.
O terceiro Estudo, FANTASMAS, investigou a questão que acompanhou Pirandello em toda sua reflexão teórica sobre o teatro, refletida em sua composição dramatúrgica: o irrepresentável.
A presença de atores vivos representando um papel já seria uma traição à singularidade da poesia, a própria concretude ofuscante dos corpos em cena impossibilitaria que a personagem ganhasse um peso de realidade. Essa impossibilidade, apontada por Pirandello, faz ver uma impotência, ou um “impoder”, do teatro em representar seres vivos.
Então, nos aproximamos do sonho, do sublime, com o uso de objetos e elementos cotidianos, confinando os performers em espaços reduzidos de ação, evocando formas não visíveis através do jogo compartilhado com os espectadores que testemunharam as ações, escolhendo o final para os personagens/sombras.
A performance OS SEIS não tem a pretensão e nem o desejo de ser uma obra acabada, ela nem mesmo é uma obra, ela é um convite estético para que todos que estão aqui comecem a acompanhar o que temos trabalhado no Projeto Pirandello Contemporâneo até agora. O que vocês...
A pesquisa para esta nova experiência estética buscou no grotesco sua inspiração. Os atores/performers do Projeto Pirandello foram buscar na contradição, no paradoxo, na deformação, no escatológico, no terror e na decadência dos corpos as fontes para criar sua...
O Estudo III da Trilogia Pirandello (ou toda noite, antes de dormir, vejo coisas) é uma viagem pelo sonho, a partir da livre associação entre as peças "O homem da flor na boca", "Na saída"; "Sonho (mas talvez não"), de Pirandello. Com a estrutura dramatúrgica de um...