Jardim Botânico do Rio de Janeiro inaugura, nesta sexta-feira (29/11), o Memorial das Mãos Negras que Edificaram o Jardim Botânico do Rio de Janeiro. A iniciativa tem como objetivo trazer ao conhecimento do público uma parte da história até então silenciada: a contribuição fundamental de homens e mulheres negros na edificação da instituição. A cerimônia de inauguração será às 11h, e contará com a presença da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.
A proposta é reconhecer e visibilizar esses trabalhadores cujos nomes e histórias foram apagados das narrativas oficiais. Serão tornados públicos os nomes e a participação de pessoas negras escravizadas – homens, mulheres e crianças – na construção do Jardim Botânico na primeira metade do século XIX. A obra visa promover a valorização histórica e cultural dos trabalhadores negros, criando um espaço de memória e reflexão.
Localizado entre o Museu do Jardim Botânico e a Biblioteca Barbosa Rodrigues, o Memorial das Mãos Negras ocupará uma região simbólica, onde foram colocadas ossadas encontradas em local ocupado pela Embrapa Solos, vizinho ao Jardim Botânico, entre os anos de 1979 e 1981.
O Memorial conta com placas informativas sobre a história dos trabalhadores negros e o contexto da construção do Jardim Botânico. O local também tem um espaço expositivo para artistas negros. Ainda compõe o espaço um banco para contemplação, com jardineiras integradas, compostas por plantas ritualísticas e africanas, escolhidas para valorizar a ancestralidade e as tradições culturais afro-brasileiras.
Segundo o presidente do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Sergio Besserman Vianna, o Memorial representa um ato de reparação às pessoas escravizadas.
– O Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, por intermédio da inauguração do Memorial das Mãos Negras, acompanha o governo federal em seu pedido de desculpas às pessoas negras escravizadas que construíram parte tão expressiva da história da nossa sociedade. O Memorial é um ato de reparação às pessoas negras escravizadas que edificaram o Jardim Botânico, plantando, construindo e sendo a principal fonte de conhecimento botânico na criação do Jardim. A instituição expressa formalmente suas desculpas, seu reconhecimento e sua gratidão. O ato será seguido de internalização de políticas e cultura antirracistas, pesquisa histórica sobre os assentamentos de pessoas escravizadas na Zona Sul do Rio de Janeiro e pesquisa arqueológica contextualizando historicamente a presença dos edificadores do Jardim – ressalta Besserman Vianna.
O Memorial dá início à implementação de um plano de ações afirmativas no Jardim Botânico do Rio, como, por exemplo, a criação do Polo RJ de letramento corporativo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).
Os trabalhos contam com a colaboração de uma comissão consultiva formada pelos pesquisadores Ivanir dos Santos (coordenador), Alda Heizer, Helena Theodoro, Julio Cesar Medeiros da Silva Pereira e Mariana Gino, além de um grupo de trabalho formado por servidores do Jardim Botânico: Marcia Faraco (coordenadora), Deborah Tavares Marinho e Marcelo Ferreira dos Santos. As ações estão alinhadas à agenda de gênero, raça, diversidade e inclusão promovida pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.
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