Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 14 dez 2018
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O Brasil completa hoje 133 anos de abolição. Nesta data, a Princesa Isabel assinava a chamada Lei Áurea que extinguia a escravidão no Brasil, no entanto, na prática pouca coisa mudou em relação aos milhares de escravizados trazidos de África e seus descendentes em relação ao racismo, ao preconceito e à cidadania plena.
Ainda precisamos estudar com afinco tudo do que estava envolvido por traz daquele documento oficial que colocava fim a escravidão que, se por um lado não representou mudanças positivas para os milhares de afrodescendentes e africanos no Brasil, por outro custou caro ao Império que amargaria um golpe no ano seguinte, dado pelos militares ao proclamarem a República, uma vez que tal ação motivou uma grande insatisfação por parte da maioria dos fazendeiros do Vale do Paraíba e fazendeiros do Nordeste que ficaram insatisfeitos com a princesa que, de uma caneta só extinguia a famigerada escravidão.

Algumas reflexões devem ser feitas ao olharmos para trás e, talvez a acuidade histórica seja necessária para que analisemos o ocorrido sem os mantos da paixão, nem o pessimismo que tem tomada conta de setores mais radicais de diversos movimentos e grupos que insistem em apontar os erros da Abolição. É claro que este espaço é muito pequeno e o que me proponho a fazer aqui é apenas uma proposta, por isto me perdoe se eu parecer simples de mais em minha analise, é que um blog não nos permite o espaço e a voz desejados. Vamos a ela:
E isto não é uma informação simples, pense, a disputa política colocada no século XIX que tomava conta dos jornais colocava o embate entre os abolicionista que, grosso modo, em 1879, possui um grupo de parlamentares como uma resposta à crescente onda de agitações e manifestações sociais pelo fim da escravidão. No Parlamento formaram-se duas tendências: uma moderada, que defendia o fim da escravidão por meio de leis legais cujos defensores foram Joaquim Nabuco, José do Patrocínio e Jerônimo Sodré e, a outra mais radical, porque defendia a ideia de rebeliões e agitações sociais. O fato é que nenhuma previa medidas de inclusão dos negros na sociedade. Na verdade, não era esta a questão colocada e sim o fato de se colocar um ponto final no sistema odioso o qual o governo, ha 17 anos, tentava cozinhar em banho-maria, com o intuito de não desagradar os grandes fazendeiros e latifundiários. Logo, naquele momento se fez o melhor que acreditavam estar fazendo, embora, os intelectuais tivessem a percepção de que era pouco, tratava-se apenas de um ponta pé inicial para o fim da dos males provocados por 300 anos de regime escravista.
Os 17 anos de luta do movimento gerou suas três leis abolicionistas:
Lei do Ventre Livre (Lei Rio Branco),
de 28 de setembro de 1871. Elaborada e aprovada pelo gabinete conservador do Visconde do Rio Branco. De acordo com essa lei, os filhos de escravos nascidos a partir da data de sua aprovação eram considerados livres. No entanto, ela mantinha o direito dos senhores ao trabalho dessas crianças até os 21 anos. Na prática, significou que a escravidão destas crianças, pois se não eram no papel era por ato, pois tais crianças, nascidas após esta data continuavam nas fazendas, com o senhor, logo também viviam como escravos.
Lei dos Sexagenários (Lei Barão de Cotegipe), de 28 de setembro de 1885. Foi elaborada pelo gabinete liberal de José Saraiva e promulgada pelo gabinete conservador do Barão de Cotegipe. Essa lei tornava livres os escravos com mais de 60 anos, depois de três anos de trabalho, e libertava imediatamente os que tivessem mais de 65. Na verdade, a lei favorecia os fazendeiros, pois eles se livravam dos poucos escravos que chegavam a essa idade e já não tinham mais condições de trabalhar.

Lei Áurea, de 13 de maio de 1888. Foi elaborada pelo gabinete conservador de João Alfred e sancionada pela princesa Isabel, durante a ausência do imperador Pedro II, que se encontrava em viagem pela Europa. A lei determinou a libertação imediata dos escravos, que na época calculava-se em torno de 700 mil.
2. Não atingiu a todos os negros.
Muitos escravizados já haviam fugido ou conquistado a sua liberdade, assim, estudos recentes apontam que muitos dos escravos já estavam alforriados quando a lei foi promulgada. A lei já nasceu tarde, só não diria morta porque forçou, por força da lei, o fim de um regime esgarçado a um limite e insuportável. Há registros na imprensa da época da intensa participação de populares, numa rede de solidariedade à causa da abolição: no Ceará, jangadeiros negavam-se a transportar escravos para dificultar os negócios dos traficantes, mesmo que esses lhes oferecessem altos preços; militares recusavam-se a perseguir escravos fugidos; ferroviários escondiam negros nos trens ajudando-os nas fugas mascates ajudavam na distribuição dos panfletos a favor da abolição. Alguns grupos, como os caifazes, de São Paulo, liderados por Antônio Bento, chegavam a infiltrar-se nas senzalas para organizar a fuga dos escravos.
Por outro, lado, a noticia da abolição não chegou em todos os lugares com a mesma força que na capital, em muitos lugares nos rincões do sertão, escravos continuaram trabalhando da mesma forma até que de fato a lei se fizesse valer. Sem ter para onde ir, onde morar e onde comer e trabalhar, não foram poucos os que permaneceram nas fazendas em que foram cativos perpetuando os laços escravistas.
3. A Abolição não foi um presente
De fato, o regime escravista perdia a sua legitimidade dado a articulação de setores civis, escravizados e intelectuais negros. Ao lado disto, senhores e escravos negociam o pagamento de salários, autonomia e liberdade. A situação da escravidão era mesmo insustentável e, desta forma, o Estado precisava se antecipar e o fez.
parecia um presente da Princesa Isabel”
O Império se apresentou como doador de benesses se colocando no jogo de aparência ao lado dos escravos, isto é verdade, no entanto, não se pode esquecer que estávamos vivendo na monarquia e, em tal regime, todas as “bondades” vêm do Trono, por tanto, era natural que a Abolição fosse vendida assim, quando na verdade foi fruto de luta, muita fuga, muita morte e muito debate que logo foram minimizados e colocados em segundo plano para que a princesa pudesse assumir a cena e colher os louros do seu ato de “bondade”. Podemos até criticá-la e o fazemos, só não nos esqueçamos de contextualizar a sua ação dentro dos quadros das antigas monarquias

Ex escravizados, trabalhando na lavoura após a abolição
4. Não há generosos na História
Não há generosidade na história, e a princesa Isabel não foi uma figura caridosa que pensava nos escravos, mas também não podemos criticar a lei pelo fato de que não havia as condições necessárias para inclusão do negro na sociedade, pensar assim chega a ser até ingênuo, pois não observa o intrincado jogo político que estava colocado no segundo quartel do século XIX.
O problema é muito mais profundo e é de ordem estrutural. Nem ela, nem a sociedade estava atenta à questão da liberdade do escravizado. Na verdade, nunca se pensou no negro neste país. A nossa sociedade foi fundada e estruturada no racismos como elemento fundamental para a manutenção do status quo. Sendo assim, não era um problema para elite agrária a questão social dos escravos; pelo contrário, a importação de mão de obra imigrante estava sendo colocada como a solução não apenas para a nova forma de exploração capitalista, mas o projeto de branqueamento da nação. O negro era suportado, mas não querido em sua terra, por isto, não houve nenhum pensamento nesta perspectiva.
Contudo, criticar a lei me parece muito raso, quando sabemos que leis no Brasil, em geral, leis não pegam ou não funcionam como deveriam, só para citar um exemplo; quantas pessoas você conhece que foram presas por racismo? acredito que nenhum ou muito pouco diante da quantidade de crimes que são cometidos diariamente, porém, a lei Caó (Lei 7.716/1989) existe desde de 1989. Diríamos que a lei não é boa? que não significou um avanço? é claro que não, o problema não é a lei e sim a sua implementação.
Conclusão
De fato não temos muito o que comemorar hoje, nosso povo negro ainda é discriminado e vive de forma sub-humana, mas atacar a abolição não ajuda muito, pelo contrário, ela deve ser um marco para reivindicações urgentes. Fazê-la valer está na pauta da hora, negá-la só enfraquece a nossa luta e diminui a nossa história.
O Brasil completa hoje 133 anos de abolição. Nesta data, a Princesa Isabel assinava a chamada Lei Áurea que extinguia a escravidão no Brasil, no entanto, na prática pouca coisa mudou em relação aos milhares de escravizados trazidos de África e seus descendentes em relação ao racismo, ao preconceito e à cidadania plena.
Ainda precisamos estudar com afinco tudo do que estava envolvido por traz daquele documento oficial que colocava fim a escravidão que, se por um lado não representou mudanças positivas para os milhares de afrodescendentes e africanos no Brasil, por outro custou caro ao Império que amargaria um golpe no ano seguinte, dado pelos militares ao proclamarem a República, uma vez que tal ação motivou uma grande insatisfação por parte da maioria dos fazendeiros do Vale do Paraíba e fazendeiros do Nordeste que ficaram insatisfeitos com a princesa que, de uma caneta só extinguia a famigerada escravidão.

Algumas reflexões devem ser feitas ao olharmos para trás e, talvez a acuidade histórica seja necessária para que analisemos o ocorrido sem os mantos da paixão, nem o pessimismo que tem tomada conta de setores mais radicais de diversos movimentos e grupos que insistem em apontar os erros da Abolição. É claro que este espaço é muito pequeno e o que me proponho a fazer aqui é apenas uma proposta, por isto me perdoe se eu parecer simples de mais em minha analise, é que um blog não nos permite o espaço e a voz desejados. Vamos a ela:
E isto não é uma informação simples, pense, a disputa política colocada no século XIX que tomava conta dos jornais colocava o embate entre os abolicionista que, grosso modo, em 1879, possui um grupo de parlamentares como uma resposta à crescente onda de agitações e manifestações sociais pelo fim da escravidão. No Parlamento formaram-se duas tendências: uma moderada, que defendia o fim da escravidão por meio de leis legais cujos defensores foram Joaquim Nabuco, José do Patrocínio e Jerônimo Sodré e, a outra mais radical, porque defendia a ideia de rebeliões e agitações sociais. O fato é que nenhuma previa medidas de inclusão dos negros na sociedade. Na verdade, não era esta a questão colocada e sim o fato de se colocar um ponto final no sistema odioso o qual o governo, ha 17 anos, tentava cozinhar em banho-maria, com o intuito de não desagradar os grandes fazendeiros e latifundiários. Logo, naquele momento se fez o melhor que acreditavam estar fazendo, embora, os intelectuais tivessem a percepção de que era pouco, tratava-se apenas de um ponta pé inicial para o fim da dos males provocados por 300 anos de regime escravista.
Os 17 anos de luta do movimento gerou suas três leis abolicionistas:
Lei do Ventre Livre (Lei Rio Branco),
de 28 de setembro de 1871. Elaborada e aprovada pelo gabinete conservador do Visconde do Rio Branco. De acordo com essa lei, os filhos de escravos nascidos a partir da data de sua aprovação eram considerados livres. No entanto, ela mantinha o direito dos senhores ao trabalho dessas crianças até os 21 anos. Na prática, significou que a escravidão destas crianças, pois se não eram no papel era por ato, pois tais crianças, nascidas após esta data continuavam nas fazendas, com o senhor, logo também viviam como escravos.
Lei dos Sexagenários (Lei Barão de Cotegipe), de 28 de setembro de 1885. Foi elaborada pelo gabinete liberal de José Saraiva e promulgada pelo gabinete conservador do Barão de Cotegipe. Essa lei tornava livres os escravos com mais de 60 anos, depois de três anos de trabalho, e libertava imediatamente os que tivessem mais de 65. Na verdade, a lei favorecia os fazendeiros, pois eles se livravam dos poucos escravos que chegavam a essa idade e já não tinham mais condições de trabalhar.

Lei Áurea, de 13 de maio de 1888. Foi elaborada pelo gabinete conservador de João Alfred e sancionada pela princesa Isabel, durante a ausência do imperador Pedro II, que se encontrava em viagem pela Europa. A lei determinou a libertação imediata dos escravos, que na época calculava-se em torno de 700 mil.
2. Não atingiu a todos os negros.
Muitos escravizados já haviam fugido ou conquistado a sua liberdade, assim, estudos recentes apontam que muitos dos escravos já estavam alforriados quando a lei foi promulgada. A lei já nasceu tarde, só não diria morta porque forçou, por força da lei, o fim de um regime esgarçado a um limite e insuportável. Há registros na imprensa da época da intensa participação de populares, numa rede de solidariedade à causa da abolição: no Ceará, jangadeiros negavam-se a transportar escravos para dificultar os negócios dos traficantes, mesmo que esses lhes oferecessem altos preços; militares recusavam-se a perseguir escravos fugidos; ferroviários escondiam negros nos trens ajudando-os nas fugas mascates ajudavam na distribuição dos panfletos a favor da abolição. Alguns grupos, como os caifazes, de São Paulo, liderados por Antônio Bento, chegavam a infiltrar-se nas senzalas para organizar a fuga dos escravos.
Por outro, lado, a noticia da abolição não chegou em todos os lugares com a mesma força que na capital, em muitos lugares nos rincões do sertão, escravos continuaram trabalhando da mesma forma até que de fato a lei se fizesse valer. Sem ter para onde ir, onde morar e onde comer e trabalhar, não foram poucos os que permaneceram nas fazendas em que foram cativos perpetuando os laços escravistas.
3. A Abolição não foi um presente
De fato, o regime escravista perdia a sua legitimidade dado a articulação de setores civis, escravizados e intelectuais negros. Ao lado disto, senhores e escravos negociam o pagamento de salários, autonomia e liberdade. A situação da escravidão era mesmo insustentável e, desta forma, o Estado precisava se antecipar e o fez.
parecia um presente da Princesa Isabel”
O Império se apresentou como doador de benesses se colocando no jogo de aparência ao lado dos escravos, isto é verdade, no entanto, não se pode esquecer que estávamos vivendo na monarquia e, em tal regime, todas as “bondades” vêm do Trono, por tanto, era natural que a Abolição fosse vendida assim, quando na verdade foi fruto de luta, muita fuga, muita morte e muito debate que logo foram minimizados e colocados em segundo plano para que a princesa pudesse assumir a cena e colher os louros do seu ato de “bondade”. Podemos até criticá-la e o fazemos, só não nos esqueçamos de contextualizar a sua ação dentro dos quadros das antigas monarquias

Ex escravizados, trabalhando na lavoura após a abolição
4. Não há generosos na História
Não há generosidade na história, e a princesa Isabel não foi uma figura caridosa que pensava nos escravos, mas também não podemos criticar a lei pelo fato de que não havia as condições necessárias para inclusão do negro na sociedade, pensar assim chega a ser até ingênuo, pois não observa o intrincado jogo político que estava colocado no segundo quartel do século XIX.
O problema é muito mais profundo e é de ordem estrutural. Nem ela, nem a sociedade estava atenta à questão da liberdade do escravizado. Na verdade, nunca se pensou no negro neste país. A nossa sociedade foi fundada e estruturada no racismos como elemento fundamental para a manutenção do status quo. Sendo assim, não era um problema para elite agrária a questão social dos escravos; pelo contrário, a importação de mão de obra imigrante estava sendo colocada como a solução não apenas para a nova forma de exploração capitalista, mas o projeto de branqueamento da nação. O negro era suportado, mas não querido em sua terra, por isto, não houve nenhum pensamento nesta perspectiva.
Contudo, criticar a lei me parece muito raso, quando sabemos que leis no Brasil, em geral, leis não pegam ou não funcionam como deveriam, só para citar um exemplo; quantas pessoas você conhece que foram presas por racismo? acredito que nenhum ou muito pouco diante da quantidade de crimes que são cometidos diariamente, porém, a lei Caó (Lei 7.716/1989) existe desde de 1989. Diríamos que a lei não é boa? que não significou um avanço? é claro que não, o problema não é a lei e sim a sua implementação.
Conclusão
De fato não temos muito o que comemorar hoje, nosso povo negro ainda é discriminado e vive de forma sub-humana, mas atacar a abolição não ajuda muito, pelo contrário, ela deve ser um marco para reivindicações urgentes. Fazê-la valer está na pauta da hora, negá-la só enfraquece a nossa luta e diminui a nossa história.
Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 13 dez 2018
Segundo um novo estudo de DNA recentemente publicado na Nature Communications por pesquisadores da Universidade de Tel Aviv (TAU)Há cerca de 6.500 anos, os humanos migraram da Turquia moderna e das montanhas Zagros do Irã para a região da Alta Galiléia, ajudando a introduzir mudanças culturais no Levante meridional durante o período de transição entre o Neolítico e a Idade do Bronze. Este é um dos maiores estudos de DNA realizado no antigo Oriente Próximo, nele, os pesquisadores conduziram análises de genoma completo em 22 esqueletos da Caverna Peqi’in, no norte de Israel.

Em tal caverna, foram encontrados cerca de 600 indivíduos em cerca de 200 ossuários,bem como dezenas de bens sepultados.
Temos ali : ossuários elaboradamente moldados, esculturas antropomórficas, elegantes bacias cerimoniais e uma estatueta de marfim. Tal achado tem sua relevância por refletir os estilos de várias subculturas diferentes na Palestina Calcolítica, onde se pensava existir em relativo isolamento entre si.