Prof. Júlio César Medeiros

PROFESSOR DE HISTÓRIA

juliocesarpereira@id.uff.br

SOBRE

Júlio César Medeiros é Dr. em História da Ciência e da Saúde pela Fiocruz.  É professor de História Contemporânea com enfase em África, da Universidade Federal Fluminense, pesquisador do Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos e Líder do Núcleo de Estudos e Pesquisa SANKOFA-UFF.

 

À Flor da Terra: Enredo da Mangueira 2025 inspira-se na pesquisa de Professor da UFF do Campus de Santo Antônio de Pádua

Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 22 fev 2025

Hoje foi ao ar, no canal da @oficialmangueira no YouTube, a entrevista em que compartilho a emoção de ver meu livro À Flor da Terra: O Cemitério dos Pretos Novos ganhar vida no enredo do Carnaval 2025! 🎭✨

O Cemitério dos Pretos Novos é mais do que um registro de dor — é um território sagrado da memória africana no Brasil. Ali, onde tantos corpos foram sepultados sem voz, a cultura Banto resiste em cada fragmento, revelando histórias de luta, espiritualidade e ancestralidade. Transformar essa história em samba é dar voz ao que ficou à flor da terra, permitindo que a Sapucaí se torne palco de uma profunda reflexão sobre memória e resistência.

Meu sincero agradecimento à Mangueira, que mais uma vez mostra seu compromisso com as histórias invisibilizadas, e ao talentoso carnavalesco @sidney_franca , cuja sensibilidade e criatividade trouxeram essa narrativa à luz e deu vida a um enrredo fantástico que homenageia a cultura banto de forma magistral.

Confira a entrevista completa no YouTube pelo link a baixo:

Os pretos novos do Valongo | À Flor da Terra – Mangueira 2025

A Revolta dos Malês, Resistência Cultural e o Legado da luta do povo preto: O Hati é logo ali

Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 11 dez 2024

Sinopse:

O Bloco Carnavalesco Filhos de Gandhi apresenta, com orgulho, como temática para o carnaval de 2025 a emblemática Revolta dos Malês, um marco indelével da resistência negra no Brasil, que ecoa até os dias de hoje. O desfile deste ano não se limita a celebrar a história de luta e bravura dos africanos muçulmanos que se insurgiram contra a opressão escravista; é um tributo à memória daqueles que, com coragem e fé, desafiaram o sistema que os aprisionava.

Em um ritmo pulsa que vibra nas batidas da nossa ancestralidade, o enredo traça paralelos entre luta pela liberdade, pela preservação cultural e espiritual da época e os desafios que o próprio bloco, bem como o nosso povo preto tem enfrentado em uma sociedade cada vez mais injusta. Cada passo dado na avenida reverberará a luta contínua pela dignidade e pelo reconhecimento, enquanto a história se entrelaça com o presente, nos lembrando que, o apagamento histórico social não passará incólume diante da nossa manifestação cultural.

Através dessa escolha temática, o Bloco Filhos de Gandhi reafirma seu compromisso em manter viva a chama da herança afro-brasileira, um fogo que brilha intensamente em meio às intempéries e obstáculos que as organizações que defendem a cultura popular, especialmente a de nosso povo negro, enfrentam. Em cada canto, em cada sorriso, se revela a força de um legado que se recusa a ser silenciado, um eco de resistência que se levanta contra o esquecimento, prometendo que a luta por justiça e liberdade nunca cessará.

Neste carnaval, ao desfilarem, os integrantes do Bloco Filhos de Gandhi não apenas celebram um passado glorioso, mas também escrevem novas páginas na história, relembrando que a resistência é uma herança que transcende gerações e que o legado dos Malês vive nas veias de cada um que se levanta, unindo-se em um só grito de liberdade e esperança.

Fundado em meio ao contexto cultural da Pequena África, o Bloco Afoxé Filhos de Gandhi possui uma trajetória marcada pela resistência e preservação da memória ancestrálica, o que o torna um guardião das tradições africanas em território carioca. O enredo de 2025 busca homenagear a Revolta dos Malês, revisitando a história de africanos muçulmanos, originários de sociedades islâmicas da África Ocidental, que foram trazidos ao Brasil pelo infame comércio do tráfico negreiro. Esses homens e mulheres, conhecidos por sua profunda fé e organização social, mantinham práticas religiosas, como a leitura do Alcorão e o uso do árabe como idioma de resistência, que se tornaram centrais para a organização da insurreição.

A escolha desse tema para o desfile de 2025 reflete a própria história do Bloco Afoxé Filhos de Gandhi, que, tal como os Malês, luta pela preservação de sua identidade cultural em meio a adversidades. Assim como os Malês enfrentaram o apagamento de suas práticas culturais e religiosas sob o jugo da escravidão, o bloco Afoxé Filhos de Gandhi inspirado no Ijexá Filhos de Gandhy, bloco carnavalesco criado em Salvador, dois anos antes e que se apresentava tocando o ijexá, e entoando na língua iorubá, iniciou sua organização em torno de componentes que moravam afastados do perímetro urbano, provenientes das camadas mais pobres e subalternizadas da população. Seus integrantes moravam majoritariamente em bairros afastados da área central da cidade, sobtudo, oriundos das camadas populares mais pobres e marginalizadas da população carioca que, enfrentaram sucessivos processo de apagamento histórico, tal como os escravizados Malês, com garra e resistência.

A Revolta dos Malês, um levante minuciosamente planejado e inspirado pos escravizados islâmicos, demonstrou o poder de uma comunidade organizada em torno de sua identidade cultural e espiritual. “malês” que no idioma Iorubá significa muçulmano,  contava com cerca de 600 africanos escravizados, cujos lideres Ahuna; Dassalu; Gustar; Pacífico Licutan; Sule ou Nicobé; Manoel Calafete (escravizado liberto); Elesbão do Carmo e  Luís Sanim;  haviam combinado para que a revolta se desse  no final do Ramadã, mês sagrado para os muçulmanos que marcava “Lailat al-Qadr”, a festa da Noite da Glória — ocasião que entrou para a história como o dia da revelação do Corão a para Muhammad (Maomé), o profeta do islamismo.

Organizados em torno de seus ideais de liberdade, irrompeu na madrugada do dia 25 de janeiro de 1835, como um clamor audacioso contra a opressão escravagista,  tragicamente frustrado quando a trama de seus protagonistas foi denunciada, fazendo desmoronar todo um plano cuidadosamente elaborado. Esses valentes escravizados urbanos, que desfrutavam de uma relativa liberdade de locomoção, sonharam com um futuro onde poderiam resgatar e preservar sua dignidade e identidade.

O espírito islâmico permeava a revolta, manifestando-se nos abadás brancos que adornavam os corpos dos revoltosos, um traje emblemático da tradição muçulmana. Muitos deles traziam consigo amuletos que continham passagens do Alcorão escritas em árabe, objetos que acreditavam conferir-lhes proteção contra os horrores da repressão. Assim, cada elemento da vestimenta e cada amuleto carregavam a esperança de um renascimento cultural e espiritual.

As ruas de Salvador se tornaram o palco de intensos combates, que ecoaram por horas a fio, onde a bravura e a determinação desses africanos se confrontaram com a brutalidade das forças opressoras. O trágico resultado levou à morte de 70 homens e mulheres que lutavam por suas vidas e liberdade, além de nove integrantes das forças que se opuseram a eles. A batalha final ocorreu em um local marcado pela história, conhecido como Água de Meninos, onde muitos, encurralados, buscaram a salvação nas águas do mar, apenas para encontrarem a morte em suas profundezas.

A Revolta dos Malês, mesmo em seu trágico fracasso, é um testemunho da coragem e do anseio por liberdade, uma chama que ainda ressoa nas almas de todos aqueles que lutam contra a opressão e pela dignidade.

As punições desferidas contra os envolvidos na Revolta dos Malês foram implacáveis, estendendo-se até mesmo aos libertos que, de alguma forma, não participaram da insurreição. Os castigos foram severos e implacáveis: prisão, açoites, deportação e execução tornaram-se o trágico destino dos revoltosos. Quatro deles, Jorge da Cruz Barbosa (Ajahi), Pedro, Gonçalo e Joaquim, foram condenados à morte e executados por fuzilamento, símbolos da coragem que se ergueu contra a opressão, mas que encontrou na brutalidade do sistema escravista, sua cruel punição. Jamais o poder instituído deixaria passar em branco, os pretos africanos e crioulos que ousavam sonhar com a tão desejada liberdade.

Esse levante ousado, embora tenha sido reprimido, contribuiu para intensificar a repressão sobre a população de escravizados e libertos em Salvador, gerando um clima de medo e desconfiança. Uma lei aprovada naquele ano determinava que todos os africanos e descendentes suspeitos de envolvimento em revoltas seriam deportados de volta ao continente africano. Estatísticas revelaram que milhares de negros foram enviados de volta à África, uma ação que revelava o desespero dos senhores de escravos diante da possibilidade de uma revolução que ecoasse os ecos da Revolução Haitiana.

Imbuídos deste mesmo espirito de luta, o Bloco Afoxé Filhos de Gandhi se ergue anualmente, dançando nas ruas da Pequena África, onde a memória ancestral pulsa com força. Em meio a adversidades, reafirma seu compromisso com a herança cultural e entoa um poderoso canto de liberdade. O enredo de 2025, ao lembrar a coragem indomável dos Malês, exalta a importância da transmissão cultural e da organização do povo preto, como faróis de resistência que iluminam o caminho em tempos de incertezas.

Como os Malês, que mantiveram viva sua fé e identidade em meio à opressão, o bloco reverencia, com seus atabaques e tamborins, a ancestralidade africana e suas diversas manifestações. Ele resiste ao apagamento cultural, enfrentando o peso do tempo e os desafios econômicos, transformando cada nota musical em um ato de afirmação.

O desfile de 2025 promete ser uma celebração da resiliência cultural, um hino à bravura. Tal como os Malês enfrentaram a repressão colonial com coragem e união, o bloco, em sua trajetória pelas vibrantes ruas do Rio de Janeiro, carrega o legado de resistência, desafiando a invisibilidade social e os obstáculos estruturais que tentam silenciá-lo.

Em cada batida de tambor e em cada marcação do surdo tocado, em cada canto entoado, o bloco será a voz dos Malês revividos, cuja memória jamais será esquecida e, em seu ritmo imponente, lembrando todos os agentes do apagamento histórico sofrido pelo povo negro, que o Haiti ainda é logo ali. O povo preto, agora se organiza, se levanta e luta. Salta o canto na avenida e reafirma o seu lugar de direito na sociedade e na história.

Autor: Júlio César Medeiros da Silva Pereira

Prof. Dr. em História Contemporânea da Universidade Federal  Fluminense e pesquisa dos do instituto de Memória e Pesquisa Pretos Novos.

Membro do Comitê Cientifico do Cais do Valongo

Membro do Comitê Consultivo do Memorial Mãos Negras (Jardim Botânico)

A Importância da Leitura de Autores Negros para a formação de uma Educação Anti-racista: Um ensaio.

Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 15 set 2023

Prof. Júlio César Medeiros da S. Pereira

Resumo

A leitura de obras de autores como Bell Hooks, Frantz Fanon, Aimé Césaire, Silvio Almeida, Cida Bento, Eliane dos Santos Cavalleiro, Nilma Lino Gomes, Petronilha Beatriz Gonçalves, Kabengele Munanga e A. Bembe é essencial para o aprofundamento das questões raciais e de gênero e para a promoção da justiça social. Este ensaio examina a contribuição acadêmica de cada autor e suas respectivas obras, destacando como suas análises críticas têm enriquecido o debate acadêmico e social em prol de uma educação anti-racista. As citações a seguir ressaltam as ideias-chave de cada autor.

Introdução

A contribuição de autores para uma educação anti-racista desempenha um papel fundamental na construção de uma sociedade mais justa e igualitária (Hooks, 1981). Para enriquecer esse debate e promover uma compreensão mais profunda desses temas, a leitura das obras de autores renomados se torna imperativa. Neste ensaio, exploraremos a contribuição acadêmica de autores como Bell Hooks, Frantz Fanon, Aimé Césaire, Silvio Almeida, Cida Bento, Eliane dos Santos Cavalleiro, Nilma Lino Gomes, Petronilha Beatriz Gonçalves, Kabengele Munanga e A. Bembe. Analisaremos suas obras e discutiremos como elas têm influenciado o pensamento crítico em relação à promoção de uma educação anti-racista.

Desenvolvimento

Bell Hooks: Interseccionalidade e Feminismo Bell Hooks é amplamente reconhecida por sua contribuição ao feminismo interseccional (Hooks, 1981). Em sua obra “Ain’t I a Woman?: Black Women and Feminism”, Hooks destaca a interconexão entre raça, classe e gênero na opressão enfrentada pelas mulheres negras. Ela argumenta que a luta feminista deve ser inclusiva e reconhecer a diversidade de experiências das mulheres.

A leitura de suas obras convida os estudantes a refletir sobre como essas interseções afetam as vidas das pessoas. Os estudantes podem se apropriar das obras de Hooks para questionar estereótipos e promover a igualdade de gênero e racial em suas próprias comunidades.

Frantz Fanon: Colonialismo e Psicologia da Opressão Frantz Fanon fornece uma análise profunda das implicações psicológicas do colonialismo e da luta pela independência (Fanon, 1961). Sua obra “Os Condenados da Terra” convida os leitores a questionar como a opressão afeta a identidade e a psicologia das pessoas.

A análise da obra citada oferece uma oportunidade para os estudantes refletirem sobre como a opressão afeta a identidade e a psicologia das pessoas (Fanon, 1961). Os estudantes podem considerar como a resistência é uma busca por dignidade e liberdade, e como podem aplicar essas lições ao desafiar sistemas opressivos.

Aimé Césaire: Desumanização do Colonialismo Aimé Césaire, através de seu poema “Discurso sobre o colonialismo”, lança luz sobre a desumanização imposta pelo colonialismo europeu (Césaire, 1950). Ele denuncia a exploração brutal das colônias africanas e caribenhas e ressalta a urgência da resistência.

podemos explorar, a partir da sua obra, como a literatura e a arte podem ser ferramentas poderosas para despertar a conscientização, nos apropriando das suas obras para que possamos considerar como as narrativas coloniais ainda têm impacto hoje e como podem contribuir para mudanças.

Silvio Almeida: Racismo Estrutural no Brasil Silvio Almeida se concentra na análise do racismo estrutural no contexto brasileiro (Almeida, 2018). Suas obras convidam os leitores a considerar como o racismo está enraizado nas instituições e nas interações cotidianas.

A leitura de sua obra, pode nos ajudar a examinar como o racismo se manifesta em sua própria sociedade e como podemos trabalhar para desmantelá-lo.

Cida Bento: Ativismo e Igualdade Racial Cida Bento é uma destacada ativista e pesquisadora que atua na promoção de políticas de igualdade racial, especialmente no campo jurídico.

A sua contribuição é sobretudo, o entendimento de como o ativismo pode ser uma ferramenta eficaz na promoção da igualdade racial. Devemos, pois nos Eles podem se apropriarmos das estratégias de ativismo apresentadas por Bento para iniciar ou se envolver em ações em suas próprias comunidades.

Eliane dos Santos Cavalleiro: Educação Anti-racista Eliane dos Santos Cavalleiro é uma referência na promoção da educação anti-racista no Brasil. Em “Racismo e anti-racismo na educação: repensando nossa escola”, (Cavalleiro, 2001). ela fornece orientações importantes para uma educação inclusiva e equitativa.

Uma das suas contribuições é ter feito poderosas reflexões sobre como podemos e devemos contribuir para uma educação mais inclusiva em suas próprias escolas e instituições de ensino.

Nilma Lino Gomes: Ação Afirmativa na Educação Nilma Lino Gomes concentra-se na promoção da igualdade racial na educação. Seu livro “Diversidade Étnico-Racial na Escola” (Gomes, 2006) oferece diretrizes para a implementação de políticas de ação afirmativa nas instituições de ensino. Assim, seu trabalho sobre as a ações afirmativas podem ser uma ferramenta eficaz para corrigir desigualdades históricas na educação e considerar como podem promovê-la em seus próprios contextos educacionais.

Petronilha Beatriz Gonçalves: Estudos Pós-coloniais e Decolonização Petronilha Beatriz Gonçalves é uma importante voz nos estudos pós-coloniais e de decolonização (Gonçalves, 2011). Suas obras problematizam as estruturas de poder que perpetuam o racismo no Brasil. Seu trabalho contribui para com oo questionamento de como o conhecimento é construído e como as narrativas dominantes podem ser desafiadas. Ao estudá-la, devemos considerar como aplicar as perspectivas pós-coloniais à análise de questões raciais em suas próprias comunidades.

Kabengele Munanga: Racismo no Brasil e no Mundo Kabengele Munanga é conhecido por sua pesquisa sobre a questão racial no Brasil e em outras partes do mundo (Munanga, 1996). Sua obra “Rediscutindo a mestiçagem no Brasil” é fundamental para entender as complexas dinâmicas raciais no país. Seu trabalho, dentre outras coisas, permite que os estudantes compreendam as complexas dinâmicas raciais no Brasil.

Podemos, então nos apropriarmos dessas leituras para refletirmos sobre como as identidades raciais são construídas em suas próprias sociedades e como a diversidade étnico-racial é abordada.

A. Bembe (Achille Mbembe): Crítica da Razão Negra A. Bembe, pseudônimo de Achille Mbembe, oferece uma análise crítica do pós-colonialismo e da política contemporânea (Mbembe, 2013). Se trabalho nos leva refletirmos sobre como as perspectivas pós-coloniais podem ser aplicadas à análise das questões políticas em seus próprios contextos e como podem contribuir para mudanças positivas.

Conclusão

A leitura das obras desses renomados autores é crucial para a promoção de uma educação anti-racista. Suas contribuições acadêmicas têm enriquecido o debate, fornecendo insights valiosos para a promoção da justiça social e da igualdade através da educação. Ao incorporar suas perspectivas em nosso pensamento e prática, podemos avançar em direção a uma sociedade mais inclusiva e equitativa.

Bibliografia

ALMEIDA, Silvio. Racismo Estrutural. Polén, 2018.

CAVALLEIRO, Eliane dos Santos. Racismo e anti-racismo na educação: repensando nossa escola. Editora Contexto, 2001.

CÉSAIRE, Aimé. Discurso sobre o colonialismo. Présence Africaine, 1950.

FANON, Frantz. Os Condenados da Terra. Editora Civilização Brasileira, 1961.

GOMES, Nilma Lino. Diversidade Étnico-Racial na Escola. Autêntica, 2006.

GONÇALVES, Petronilha Beatriz. Relações Étnico-Raciais e Educação: entre a injustiça simbólica e a injustiça econômica. Autêntica, 2011.

HOOKS, Bell. Ain’t I a Woman?: Black Women and Feminism. South End Press, 1981.

MBEMBE, Achille (A. Bembe). Crítica da Razão Negra. Antígona, 2013.

MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil. Global, 1996.

Carolina de Jesus – Quarto de despejo

Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 02 dez 2021
Sem Comentários

Qual foi a importância de Carolina Maria de Jesus?Em 1960, Carolina Maria de Jesus foi a grande revelação da literatura brasileira. Nascida no sudoeste de Minas Gerais, ela morava na favela do Canindé (em São Paulo), quando foi descoberta pelo jornalista Audálio Dantas e publicou seu primeiro livro: “Quarto de Despejo – Diário de uma Favelada”

Uma das porta-vozes da mulher negra e pobre de um Brasil não tão distante, a autora traz seu ponto de vista sobre a fome, a pobreza, a solidão, a maternidade, o amor e diversos outros temas em seus diários, especialmente Quarto de Despejo, que se tornou um best seller traduzido em 16 idiomas e vendido em mais de 40 

“Tem muitas pessoas aqui na favela que diz que eu quero ser muita coisa porque não bebo pinga […] Eu não bebo porque não gosto, e acabou-se. Eu prefiro empregar o meu dinheiro em livros do que no álcool”

(JESUS, 2000, p. 65).

As bases do Imperialismo Global

Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 09 jul 2021
Sem Comentários

The New Black Cemetery

Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 07 abr 2021

Foto do poço de sondagem da pesquisa arqueológica no Cemitério dos Pretos Novos

Many years ago, in the African continent, millions of Africans were brought to other countries within the condition of slavery, from which came the origin of the African Diaspora.

Nearly 10 million of the African slaves were brought to the Americas. Of these 10 million, 6 million were brought to Brazil to labor in sugarcane fields, in the mines and on coffee plantations. Of the Africans who were brought approximately 60% were sent to the Southeast region. Many of these Africans were from the linguistic and cultural group known as the Bantu.

Upon disembarking from the slaveship in Valongo, in the city of Rio de Janeiro, the enslaved were inspected at the Customs, counted and landed in the direction of the slave markets in Valongo. Those who arrived dead, or died in the sale stalls, were taken to the  Black New Cemetery (Cemitério dos Pretos Novos).

In the Cemetery of the New Blacks, the bodies of the enslaved newcomers were never buried. They were left to the ground until they were burned and dismantled so that more bodies could fit. This deal shows that for Brazilian society at the time, slaves were “nothing” but bodies to be discarded in order to rot and smell, nonetheless for the African culture to which they belonged, being buried in the cemetery of the New Blacks meant a cut in their ancestral lineage that would prevent them from being resurrected in Africa.

Several travelers, among them Freireyss, scandalously described the Cemetery of the New Black and how those slaves were buried because there was no indication that the enslaved were decently buried.  It is estimated that from 1769 to 1830, the date of its extinction, about 60 thousand enslaved people were buried there, despite the space of a small block of 50 fathoms.

Imagem de funeral africano no Brasil

During 1824 to 1830, the Cemetery of the New Black buried around 6.000 bodies in such small area. In the Livro de Óbitos da Freguesia de Santa Rita there are death recording which may be found a list of respective ships, ethnics and ports of origin, age, and the marks of slave masters on their bodies. In 1830 the cemetery was closed because of the anti-slave trade law and its location was lost.

But, in January of 1996, a house located at 36 Pedro Ernesto Street, in Gamboa was surprised by a great discovery. During the works, the bones of the enslaved were found. the cemetery had been rediscovered. Since then, the family of Mr. Petrucio and Mercedes, owners of the property, along with several volunteer researchers have been striving to keep the memory of Africans buried there alive.

Recently, the team of archaeologists discovered the first complete bone there, a young, African, enslaved woman who was named Bakhita in honor of the Catholic saint who fought slavery in Africa.

Visão frontal da escavação que mostra Bakhita

In conclusion, the cemetery of the new blacks was and still is the indisputable proof of slavery and the way in which human beings treated people they believed to be inferior due to their condition of enslavement uprooted from the African continent.

(mais…)

Inglaterra, Rainha dos Mares, dominadora de mentes.

Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 29 set 2020
Sem Comentários

A Inglaterra alargou sua expansão imperial ao longo do século XIX, devido ao seu grande poderio marítimo baseado no “domínio dos mares”, ou seja, uma visão do mar como uma possível rota comercial. Esta antiga visão, deita origens no inicio do reinado da Dinastia Tudor e se consolidou como uma politica bem sucedida que culminou com o advento do imperialismo tal como conhecemos.

Foi no reinado de Elisabeth I, que a Inglaterra se tornou a maior potência econômica, política e cultural da Europa, tornando o período conhecido como a “Era de Ouro” inglesa. A rainha foi responsável pelo bom desempenho do governo da Dinastia Tudor. Ainda em vida, ela viu a alcunha de “Rainha dos Mares” se tornar realidade, o título passara do Reino de Espanha para agora a nova senhora marítima.  

Rainha Elizabeth I

Talvez o intuito de preservar suas rotas marítimas para as Índias, demonstre o pragmatismo britânico com que levou a cabo, ao longo dos séculos, a sua supremacia nos mares.

Em África, a costa oeste, do Golfo da Guiné foi o lugar de vários portos que possibilitaram a chegada  ao Cabo da Boa Esperança. Uma vez ali, puderam navegar até as Índias, no Oceano Índico.

Na Malásia conseguiram acesso ao Estreito de Malaca, a porta de entrada marítima para a grande império chinês que passou a sofrer o assédio britânico constante que tentava a todo custo romper suas barreiras comerciais. Uma vez em Hong Kong, o caminho estava aperto o mercado estabelecido, mesmo que não sem protestos e lutas do povo chinês que viu sua cultura milenar ser pulverizada diante das forças britânicas.  

Agora, na América, ao se situarem em Cabo de Hornos, no Chile, anexaram as Ilhas Malvinas, no Atlântico Sul, batizando-as de Falklands Isands, dominando a região e outros portos do Pacífico.

No Mar Mediterrâneo, a abertura do Canal de Suez reduziu sensivelmente o tempo e o custo das viagens para as Índias. Daí, foi mais fácil ocupar militarmente o Egito, adquirir Chipre e,  estabelecer de Protetorados na Somália, agora “Britânica”.

Assim, militarmente, os britânicos instalaram seus domínios em territórios e portos pelo mundo expandindo o domínio  Britânico em locais estratégicos nas principais grande rotas marítimas comerciais. A rainha dos mares estava senhora do mundo e de si.

Além disto, Londres controlava a maioria dos grandes cabos transoceânicos de comunicação que, entre 1865 e 1914, constituíram uma rede de comunicação mundial usada tanto para fins militares como comerciais, em que inclusive o Brasil, graças ao Barão de Mauá, passou a ligar o Paço Imperial à capital londrina. D. Pedro II e o Parlamento Inglês conectados via cabo submerso por baixo da Bahia Guanabara.

“Tempo é dinheiro” e o controle dele também, e para controlá-lo,  a fim de sincronizar suas transações comerciais, a Inglaterra impôs a adoção do o tempo horário de Greenwich para fixar os fusos horários mundiais.

Big Ben – Londres

Até 1870, a Grã-Bretanha incentivou o livre comércio até a década de 1870.  No final do século, ela já desejava uma área comercial protegida dentro de seu império, embora, a maior parte de seus lucros viesse do “império informal” criado pelos investimentos britânicos em todo o mundo.

Assim, as estruturas sociais foram modificadas aos longo dos séculos, tendo como aliadas nesta dominação, um forte afluxo de migrantes britânicos para as colônias britânicas ao redor do mundo, bem como a multiplicação de Sociedades Missionárias Cristãs que no intuito de levar a fé, espalhavam também a cultura inglesa ao mesmo tempo que pressionavam pelo fim do odioso comércio negreiro e o fim da escravidão.

Mas isto já é outra história, aliás, a continuação da mesma, mas de um outro ponto de vista que  demonstra que, ao fim ao cabo, a pressão pelo fim do tráfico negreiro foi de fato uma bandeira dos protestantes britânicos, mas não deixou de ser possuir um forte apelo capitalista.

(Júlio César Medeiros, prof. Dr. História Contemporânea da Universidade Federal Fluminense)

(mais…)

Saúde da população negra. Vidas negras importam, a pandemia da Covid 19 do ponto de vista racial

Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 07 jul 2020

Novo video em meu canal sobre o impacto da pandemia da Covid 19 sobre a saúde da população negra

O que explica a suposta resistência africana ao covid 19 (Prof. Barbalhão explica)

Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 16 Maio 2020

Novo video em meu canal História+, confiram

O Prof. de História mais legal do mundo, o famoso Barablhão explica os motivos pelos quais talvez a África ainda não tenha sofrido mais baixas pelo Covid 19.

Translate »
Skip to content