Pirandello na linguagem da cena

02/01/2010 | Capítulos de Livros

Capítulo: Pirandello na linguagem da cena;
Ano: 2010;


Revista: Estúdio: Revista de artistas sobre outras obras (Centro de Investigação e Estudos em Belas-Artes, Universidade de Lisboa);

Resumo:

Este artigo contribui para os estudos pirandellianos demonstrando que a prática cênica possui o mesmo valor científico das análises tradicionais textuais. Ampliando o campo de estudo e da pesquisa dramatúrgica, o texto defende que a encenação stricto sensu se torna uma espécie de força motriz, crítica e cênica do texto e do autor. A autora parte de pesquisas realizadas em centros especializados na Itália para refletir sobre diretores contemporâneos que voltaram repetidamente a certas obras de Pirandello, como Luca Ronconi, Giorgio Strehler e Massimo Castri.

Tal repetição demonstra uma inquietação e um desejo de aprofundamento no universo do texto, do autor e da encenação propriamente dita, que não termina numa única montagem. Isso permite a criação de diferentes possibilidades de leitura cênica de uma mesma obra, operando deslocamentos em relação ao cânone literário. A prática teatral é, então, vista como produção de conhecimento em si, com potencial para redefinir os sentidos da obra dramatúrgica.

A poética pirandelliana, marcada por perguntas como “quem é vivo?”, “quem é morto?”, “quem é marionete?”, permite pensar a cena a partir de um viés pós-dramático. Nessa perspectiva, os limites entre orgânico e inorgânico, real e artificial, tornam-se ambíguos. Como nos sonhos, espaço e tempo se entrelaçam de forma perturbadora, instaurando uma simultaneidade que desestabiliza o espectador e promove uma reconfiguração radical do imaginário teatral.

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