Ano: 2017;
DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2358-9787.26.1.85-102
Resumo:
O artigo em questão propõe refletir sobre o teatro contemporâneo brasileiro à luz de um salutar anacronismo com as formas teatrais denominadas pós-dramáticas (ou teatro performativo), que, desde o surgimento dos happenings, na segunda metade dos anos 1950, vêm conquistando particular protagonismo no cenário artístico mundial, tanto em relação aos estudos teóricos como na práxis.
Enquanto o teatro performativo, influenciado pelas artes visuais e pela performance em seu sentido mais restrito, buscou uma linguagem que provocasse uma radical exposição do real, fazendo do teatro um evento de choque, com objetivos nitidamente antiteatrais, nossa dramaturgia nacional se manteve em grande parte aliada à forma dramática.
Com o estudo de caso de dois espetáculos atuais, o paulista O pão e a pedra, da Companhia do Latão, e o carioca Batistério, constata-se que o jogo de cena e a fábula nunca abandonaram de forma radical nossos palcos. Nos exemplos citados, observa-se o uso de uma narrativa íntima que se opõe tanto a um realismo mais descritivo como também ao excesso de real que contamina a cena contemporânea, provocando desvios no real ao mesmo tempo que potencializa a cena da ilusão.






