A exposição performativa ESTOU VIVA, com proposta e curadoria de Martha Ribeiro, é o resultado do curso-laboratório de pós-graduação “CORPOS CUIR, CORPOS TRANS: para uma estética da desobediência política na cena contemporânea*”, ministrado pela artista-pesquisadora nos Programas de Pós-Graduação em Estudos Contemporâneos das Artes (UFF) e Artes da Cena (ECO-UFRJ), e desenvolvido no CMAHO entre outubro e dezembro de 2023.

ESTOU VIVA parte de um corpus reflexivo artístico transdisciplinar, feminista e cuir, para pensar corpos dissidentes, arte e o assombro. Interroga-se: como falar da vida sem assombro? Na medida em que falar em vida, hoje, significa ter como horizonte uma divisão estratégica entre vidas que supostamente merecem viver e vidas que já nascem destinadas a não vingar ou a perecer de forma extremamente violenta?

O assombro diante da necessidade de traçar essa transversal para falar da existência — o assombro diante da necessidade em falar, em gritar ESTOU VIVA — parte da constatação da fronteira biopolítica entre investimento e extermínio. Sabemos em quais vidas se investe e em quais vidas precipita-se a lógica de uma execução violenta: corpos dissidentes, corpos pretos, pobres, indígenas, corpos travestis, corpos trans*, corpos de mulheres, imigrantes — são corpos precarizados que constantemente precisam provar sua existência e lutar por suas vidas.

ESTOU VIVA é o primeiro movimento de assombro dos corpos dissidentes para a expansão, revolta, poesia, persistência, estratégias vitais e ternura radical (inspiração da artista trans mexicana Lia Garcia), que vem abalar as estruturas de poder e as hierarquias de dominação que historicamente fazem guerra contra as diferentes formas de vida.

Essa exposição performativa parte da vida vivida de cada uma das/dos/des artistas expositores para dizer:

ESTOU VIVA – ESTOU ANIMADA – ESTOU ENERGÉTICA – ESTOU RESPLANDECENTE – ESTOU ESPERTA – ESTOU DESPERTA – ESTOU DIANTE DE VOCÊ – ESTOU VIVA.

As obras expostas e performadas pelas/pelos artistas que compõem esta exposição se movimentam entre desobediências política, estética e afetiva, propondo, em seu conjunto, uma transvaloração do poder hegemônico de gênero, cor, sexualidade, vestimenta, crenças e saberes.

Aposta-se num chamado coletivo para a vida. Aposta-se numa resposta amorosa e ética contra todo desaparecimento forçado, extermínio, clandestinidade e submissão aos quais os corpos são sistematicamente submetidos.

Curadoria @MarthaRibeiro

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