
Não é todo dia que observamos a história sendo feita. Principalmente a uma distância tão segura que é nossa obrigação moral estarmos neutros em relação a qualquer viés ideológico por trás desse massacre. Digo massacre, pois conflito implica em igualdade de forças, e não é o caso. (Fato 1)

No entanto, a despeito do massacre, precisamos entender quais são os gatilhos que deram origem a atual guerra. A entrada da Ucrânia na Otan e na União Européia não é novidade. O parlamento ucraniano aprovou a entrada do
país, mas o ex presidente Yanokyvych recusou a entrada. E isso gerou a série de protestos na praça Maidan, em Kyev, que depôs o presidente, e colocou na presidência Poroshenko. Fatos que ocorreram entre 2013 e 2014.
Antes, por conta da aproximação, a Rússia já havia tomado a Criméia, e separatistas estavam em guerra com a Ucrânia na região de Donbass. O recém eleito Poroshenko, prometeu recuperar a Crimeia, bem como pacificar a região de Donbass.

Ao contrário, não apenas nada fez. Foi eleito com um discurso anti-corrupção mas na crise dos Panama Papers, provaram que Poroshenko havia transferido seus ativos para uma offshore. Além disso, criou uma nova Igreja Ortodoxa Ucraniana, e com resultados péssimos na economia ele foi derrado. (Fato 3)
Quem venceu as aleições de 2019 foi Volodymyr Zelensky, ator e comediante, que teve destaque como intérprete de um cidadão comum que foi eleito presidente. No primeiro turno saiu na frente com o dobro de votos de seu antecessor, e foi eleito no segundo turno com um massivo apoio popular de 74%. (Fato 4)

Seu antecessor classificou sua vitória como o amanhecer de uma era de incerteza sobre a história ucraniana. Assim que foi eleito, Putin ofereceu a todos os ucranianos nas regiões separatistas, uma oferta de passaporte russo. O que Zelensky rechaçou em uma postagem nas redes sociais, culminando com uma crise desde 2019. яндекс

No entanto, ao assumir, ele dissolveu a Suprema Corte do país, e obteve maioria no Parlamento ucraniano, gerando pela primeira vez um governo cuja maioria era em oposição à Rússia. E esteve envolvido no escândalo do governo Trump, que retirou ajuda militar da Ucrânia, para obrigar Zelensky a oferecer informações sobre as ações de Hunter Biden, filho do atual presidente americano, que atuou como diretor da Burisma Holdings, ao maior conglomerado de energia do país. (Fato 4)

As tentativas de chantagem de Trump sobre Zelensky serviram como base para o Impeachment de Donald Trump, que foi aberto em Setembro de 2019. Com a vitória de Biden, a aproximação com a Otan cresceu. Bem como a pressão militar na fronteira com a Ucrânia, promovida pela Rússia. (Fato 5)
E assim chegamos a situação atual. Em que claramente o povo ucraniano deseja se separar da Rússia, mas as minorias do leste, mantem-se buscando a reaproximação. E nesse sentido, a demanda russa da independência da região de Dombass pode ter sido o pretesto necessário para derrubar o popular presidente Volodymyr.

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