TIT for TAT II

O humor no Óscar não é algo novo. Há mais de 3 décadas, a cerimônia que é a grande consagração do cinema, traz uma espécie de rito de passagem para as novas gerações de profissionais do cinema. Cada vez mais, diga-se, são outros profissionais que estão ofuscando as grandes estrelas. Enquanto que as premiações eram marcadas por discursos acalorados de atores e atrizes emocionados com o seu apogeu. Hoje, profissionais de bastidores como diretores, equipe técnica, mixagem de som, instrumentistas, maquiadores, estilistas e todos aqueles que fazem o show acontecer por trás das câmeras, vem ganhando mais destaque.

Além disso, a meca do cinema vem migrando de centro de massa. Enquanto Los Angeles, a maior cidade e mais Oeste delas, era o grande polo gravitacional do cinema, e isso se traduzia por qualidade. Salvo, raríssimas e notórias exceções como Akira Kurozawa, Bernardo Bertolucci, Glauber Rocha entre outros, hoje o cenário é bem diferente. Inclusive brasileiros passaram a trazer uma tecnicidade adicional ao já bem estabelecido conceito tecnológico do cinema.

Soma-se a isso a entrada do CGI que trouxe protagonismo aos fabricadores de sonho, que através de storyboards dependiam do material humano, e agora, dependem apenas de suas mentes criativas e de sua tecnologia. E como ficam os atores?

Acostumados a serem a grande estrela do espetáculo, sobre o prisma econômico passam a ser encarados cada vez mais como liabilities, ou seja, passivos ou fontes de risco que podem estragar todo um investimento

que rivaliza com uma crescente demanda por mensagens rápidas, pouco reflexivas, e empacotadas em trechos de 3 a 5 min. Demanda da nova geração, aquela nascida sobre a banda larga, e que consome o youtube como a grande ferramenta de entretenimento e conhecimento.

Assim, me pego falando sobre esse tema, dado que, como professor, preciso acessar esse grupo dos 5 minutos, e preciso que se mantenham interessados em algo enfadonho chamado aula, por mais de 3 horas. Como fazer? Olho para o cinema como uma fonte de inspiração. Mas o que encontro?

Encontro uma geração que começa a tomar corpo longe das polêmicas e cada vez menos politizada, quando ascendem ao olimpo das superstars. Longe de um Marlon Brando, que apesar de caótico, na década de 70 chamava atenção para as grandes questões americanas, como o racismo estrutural, direitos civis e o extermínio da população nativa.

Colocando uma atriz de origem nativa para receber seu óscar de melhor ator por O Poderoso Chefão, que é um filme que trás toda uma discussão sobre a máfia, o papel do estado e como ajudaram a moldar a américa do séc. XX, através da legalização dos jogos, e também, sobre a revolução das drogas, que trouxe problemas gravíssimos para todas as sociedades.

Nesse

sentido, Will Smith sai menor do que chegou. Foi nomeado por um papel fortíssimo de um pai de família que protege sua família, se colocando na frente das pancadas, para que suas filhas brilhassem. E na vida real, se coloca como agressor, mostrando que seu psicológico está completamente afastado do que ele tenta vender. “Um agente do amor”, inclusive se colocando como “enviado de Deus”… completamente tresloucado e sem entender o que de fato significa amar seu semelhante.

Assim, na história do olho por olho, dente por dente, ficaremos todos banguelas e cegos. O mundo precisa de mais humor, risos e menos vaidade.