Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 29 set 2020
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A Inglaterra alargou sua expansão imperial ao longo do século XIX, devido ao seu grande poderio marítimo baseado no “domínio dos mares”, ou seja, uma visão do mar como uma possível rota comercial. Esta antiga visão, deita origens no inicio do reinado da Dinastia Tudor e se consolidou como uma politica bem sucedida que culminou com o advento do imperialismo tal como conhecemos.
Foi no reinado de Elisabeth I, que a Inglaterra se tornou a maior potência econômica, política e cultural da Europa, tornando o período conhecido como a “Era de Ouro” inglesa. A rainha foi responsável pelo bom desempenho do governo da Dinastia Tudor. Ainda em vida, ela viu a alcunha de “Rainha dos Mares” se tornar realidade, o título passara do Reino de Espanha para agora a nova senhora marítima.
Talvez o intuito de preservar suas rotas marítimas para as Índias, demonstre o pragmatismo britânico com que levou a cabo, ao longo dos séculos, a sua supremacia nos mares.
Em África, a costa oeste, do Golfo da Guiné foi o lugar de vários portos que possibilitaram a chegada ao Cabo da Boa Esperança. Uma vez ali, puderam navegar até as Índias, no Oceano Índico.
Na Malásia conseguiram acesso ao Estreito de Malaca, a porta de entrada marítima para a grande império chinês que passou a sofrer o assédio britânico constante que tentava a todo custo romper suas barreiras comerciais. Uma vez em Hong Kong, o caminho estava aperto o mercado estabelecido, mesmo que não sem protestos e lutas do povo chinês que viu sua cultura milenar ser pulverizada diante das forças britânicas.
Agora, na América, ao se situarem em Cabo de Hornos, no Chile, anexaram as Ilhas Malvinas, no Atlântico Sul, batizando-as de Falklands Isands, dominando a região e outros portos do Pacífico.
No Mar Mediterrâneo, a abertura do Canal de Suez reduziu sensivelmente o tempo e o custo das viagens para as Índias. Daí, foi mais fácil ocupar militarmente o Egito, adquirir Chipre e, estabelecer de Protetorados na Somália, agora “Britânica”.
Assim, militarmente, os britânicos instalaram seus domínios em territórios e portos pelo mundo expandindo o domínio Britânico em locais estratégicos nas principais grande rotas marítimas comerciais. A rainha dos mares estava senhora do mundo e de si.
Além disto, Londres controlava a maioria dos grandes cabos transoceânicos de comunicação que, entre 1865 e 1914, constituíram uma rede de comunicação mundial usada tanto para fins militares como comerciais, em que inclusive o Brasil, graças ao Barão de Mauá, passou a ligar o Paço Imperial à capital londrina. D. Pedro II e o Parlamento Inglês conectados via cabo submerso por baixo da Bahia Guanabara.
“Tempo é dinheiro” e o controle dele também, e para controlá-lo, a fim de sincronizar suas transações comerciais, a Inglaterra impôs a adoção do o tempo horário de Greenwich para fixar os fusos horários mundiais.
Até 1870, a Grã-Bretanha incentivou o livre comércio até a década de 1870. No final do século, ela já desejava uma área comercial protegida dentro de seu império, embora, a maior parte de seus lucros viesse do “império informal” criado pelos investimentos britânicos em todo o mundo.
Assim, as estruturas sociais foram modificadas aos longo dos séculos, tendo como aliadas nesta dominação, um forte afluxo de migrantes britânicos para as colônias britânicas ao redor do mundo, bem como a multiplicação de Sociedades Missionárias Cristãs que no intuito de levar a fé, espalhavam também a cultura inglesa ao mesmo tempo que pressionavam pelo fim do odioso comércio negreiro e o fim da escravidão.
Mas isto já é outra história, aliás, a continuação da mesma, mas de um outro ponto de vista que demonstra que, ao fim ao cabo, a pressão pelo fim do tráfico negreiro foi de fato uma bandeira dos protestantes britânicos, mas não deixou de ser possuir um forte apelo capitalista.
(Júlio César Medeiros, prof. Dr. História Contemporânea da Universidade Federal Fluminense)
(mais…)Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 03 out 2019
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Por: Júlio César Medeiros da Silva Pereira
A Revolução Industrial impactou o mundo de forma surpreendente. Enquanto a Revolução Francesa as guerras napoleônicas modificaram o coração do mundo, o perfil da sociedade europeia e mundial do século XIX, foi transformado pela Revolução Industrial que passou a alterar a percepção vigente, agora descrito com a velocidade das locomotivas que cortavam os continentes transportando minérios para serem levados para grande potência industrial do momento e velocidade do crescimento do capital que devora a mão de obra da classe trabalhadora em nome do bem estar comum. Mas como isto se deu? Quais foram as transformações no campo do pensamento que permitiram o avanço das práticas capitalistas? É o que veremos nos próximos parágrafos de forma breve, a fim de compreendermos as diferentes contribuições do pensamento econômico que ajudaram a moldar o mundo tal como o conhecemos.
Foi no século XVIII que ganhou força um novo pensamento. Uma nova ideologia, baseada nas ideias liberais, já aventadas pelos iluministas, varreram a Europa moldando o mundo ao poucos, mas sem muita resistência às necessidades do capital moderno em contraposição ao pensamento absolutista os quais se constituíam como verdadeiros entraves às mudanças econômicas, gestadas no bojo das alterações sociais produzidas pelo capital, incompatíveis com a intervenção do Estado e burocratização da economia.
O escocês não foi o pai da economia moderna, mas suas teorias econômicas tiveram influência sobre a mesma. O seu pensamento constitui um marco importante nesta ramo do saber. O mundo e as relações humanas deixariam de ser explicados pela filosofia e o pensamento econômico, impulsionado pela sua obra A Riqueza das Nações, de em 1776, passaria a ditar o novo estilo de vida e a forma de se fazer política.
Nascia a Economia Política Clássica, um novo campo de conhecimento baseado em teorias, que analisavam os aspectos econômicos da sociedade a partir de análises racionais e premissas embasadas em dados, geralmente, sólidos. Mas Smith não foi o primeiro a se levantar contra o pensamento antigo defendido pelos absolutistas que, primavam pelo mercantilismo, metalismo e balança comercial favorável (O tripé da política econômica absolitista).
Os fisiocratas (do grego “Governo da Natureza”) já haviam elaborado uma crítica às teses mercantilistas, que defendiam ardentemente que riqueza de uma nação consistia na posse de grandes quantidades de moeda- ouro e prata – e pela balança comercial favorável. Os fisiocratas argumentavam que era a posse dos bens materiais que garantia a riqueza de um país e que a terra era principal fonte de desenvolvimento sendo todo outro tipo de trabalho, que não o agrário, como secundário.
Adam Smith, acrescentou a esta ideia, a premissa de que era o trabalho que gerava a riqueza. Em A Riqueza das Nações, ele mostrou a que a verdadeira riqueza consistia no trabalho e que este traria o crescimento da produtividade gerando benesses a todos, e que o seu valor não se restringia ao trabalho agrícola, mas que todo tipo de produção humana era capaz de gerar valor.
Em decorrência dessa premissa sobre a produtividade do trabalho-, Adam Smith defendia a ideia individualista, segundo a qual, se cada indivíduo cuidasse somente de seus interesses econômicos, a sociedade como um todo prosperaria e, que, além disto, se auto regularia a compra e a venda no “mercado” através da famosa lei da oferta e da procura. Estava nascendo o princípio liberal que, grosso modo, pode ser resumido pela não intervenção do Estado na economia. Isto foi de fato bastante inovador, pois, até então, o Estado absolutista era extremadamente regulador da economia e direcionava desde a produção até o consumo. Agora, Smith propunha a liberdade da iniciativa privada industrial para que se expandisse cada vez mais, contra as possíveis restrições econômicas, taxações e monopólios.
Tais teorias econômicas foram consideradas otimistas por vários pensadores da economia clássica, entre os quais, o também britânico Thomas Robert Malthus. Autor de o Ensaio sobre o Princípio da População; livro em que ele defendia que, a proposta de prosperidade de Smith, não se efetivaria na medida, em que, o crescimento populacional seria sempre maior que a produção. Ou seja, segundo ele, a produção crescia em termos aritméticos e a população em termos geométricos. Pessimista, Malthus não acreditava na abundância e prosperidade que, segundo Smith seria trazida pelo trabalho, mas previa um cenário de escassez e fome, surtos de miséria que, aos poucos, levaria o mundo todo ao caos. Dizia ele “O homem que nasce num mundo que já tem donos, se não puder obter de seus pais a subsistência a nenhum direito possui de reivindicar a menor proporção de alimentos e, em tem a fazer aqui. Na poderosa festa da Natureza, não há lugar para ele. A Natureza lhe diz para ir embora”. (Malthus, T.R. Ensaio sobre o Princípio da População)
Na visão Malthusiana, os próprios pobres são os únicos responsáveis pelas suas pobrezas pois, a seus olhos, são eles quem mais procriavam. E, para criticar o instinto natural da procriação que, em sua visão, os pobres possuíam em maior intensidade, ele constrói um argumento que, aparentemente, encontra em outra lei natural a sua justificativa. Afirma:
Em todo o reino animal e vegetal a Natureza dispersou as sementes da vida com mão profusa e liberal; mas foi relativamente mesquinha quanto ao espaço e à capacidade de alimentação necessários para sustentar tais sementes. A raça das plantas e a raça dos animais reduziram-se sob essa grande lei restritiva, e a raça do homem não pode por nenhum esforço dela escapar.(Malthus, T. R. Ensaio sobre o Princípio da População)
Malthus estava errado, na verdade, suas ideias eram racistas e visavam resguardar o acesso as benesses produzidas apenas à pequena elite dos países industrializados. Ele estava errado também porque não viu, ou não quis enxergar que as inovações tecnológicas iriam aumentar também de forma brutal a produção alimentícia para grande parte do mundo. Mesmo assim, suas teorias foram usadas para defender o controle de natalidade em países pobres e a eficácia de guerras e pestes como um mal necessário para frear o crescimento populacional.
Infelizmente, os seus pensamentos voltaram a ganhar força com o pensamento neomalthusiano que, em pleno século XXI, defende que os recursos naturais produzidos não são suficientes para toda a humanidade e que, por conta disto, devem ser tomadas medidas radicais como as propostas por aquele velho pensador inglês.
A economia clássica ganhou um novo impulso com o aparecimento da obra Princípios de Economia Política e Tributação, de autoria de David Ricardo. O inglês ampliou o pensamento de Smith ao afirmar que existe uma relação entre a renda dos trabalhadores e a renda dos proprietários e capitalistas. David Ricardo analisa cada uma delas e conclui que a renda de cada trabalhador é suficiente apenas para prover sua sobrevivência e, consequentemente, ele está condenado a uma eterna miséria. Já os capitalistas, no que diz respeito à renda, verão seu lucros diminuírem na medida em que eles se veem forçados a gastar com o pagamento de maiores salários aos trabalhadores, enquanto, por outro lado, o esgotamento do solo fértil e a explosão demográfica, dificultará o atendimento da demanda de alimentos, o que por sua vez, provocaria uma elevação dos preços das mercadorias, encarecendo o custo de vida.
Aos poucos, tais teorias reforçam a ideia do dinheiro como um meio de troca e a terra a intervenção do Estado vão ficando cada vez mais representativas do passado arcaico e improdutivo. Estava sendo ampliado a teoria do livre mercado.
John Stuart Mill ganhou reconhecimento por desenvolver a já conhecida teoria do fundo de salários. Uma espécie de fundo total disponível aos trabalhadores, a qual determinaria os salários. Mas enquanto a maior parte dos pensadores clássicos considerava esse fundo igual ao capital total, Mill o concebia como o mínimo necessário para comprar a mão-de-obra, ou seja, a força produtiva.
Resumindo, de uma forma ou de outra, todas as teorias econômicas gestadas no bojo da Revolução Industrial primavam pela divisão internacional do trabalho que davam a alguns países a função de produziriam alimentos e matérias-primas, e a outros manufaturas, que beneficiaria, logicamente, os países industrializados, em detrimento dos países pobres que eram amplamente explorados.
Estava lançado o liberalismo clássico, que ditaria as ações governamentais dos países mais desenvolvidos durante todo o século XIX, estendendo-se até o início do século. Tal doutrina só foi revista pelos seus defensores com a quebra da bolsa de Nova Iorque, em 1929. A partir daí, a socialdemocracia ganharia cada vez mais força deixando o liberalismo em segundo plano. Contudo, as ideias preconizadas pelo liberalismo, ressurgiram neste século sob a forma do neoliberalismo.
Ainda hoje encontramos pensadores, políticos e economistas defendendo o livre comércio, o Estado mínimo, privatizações, a ideia de um mercado auto regulado pela lei da oferta e da procura e teorias racistas para a diminuição populacional, sobretudo nos países pobres, e a supressão dos direitos trabalhistas. De fato, o mundo em que vivemos foi moldado de forma tão veemente por aqueles antigos pensadores que ainda hoje se sente a sua força empurrando as camadas pobres para o sub emprego e exploração crescente.
Bibliografia
DICIONÁRIO de Ciências Sociais. 2. ed. Rio de Janeiro: FGV, 1987.
MARX, Karl. Divisão do trabalho e manufatura. In: _____. O capital: crítica da economia política. 11. ed. São Paulo: Bertrand Brasil-Difel, 1987. L. I. v. 1.
__________. Posfácio da 2. ed. In: O capital: crítica da economia política. 8. ed. Tradução: Reginaldo Santana. São Paulo: Difel, 1982.
SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia. 31. ed. Campinas/SP: Autores Associados, 1997.
SMITH, Adam. A riqueza das nações. São Paulo: Nova Cultural, 1996. v. 2.
WEFFORT, Francisco. (Org.). Apresentação. In: ______. Clássicos da política. 2. ed. São Paulo: Ática, 1991. v. 1. p. 7-10.
Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 15 dez 2018
O grupo de pesquisa SANKOFA: Relações étnico raciais, memória, cidadania e Direitos Humanos deverá integrar profissionais de diferentes áreas e campos de atuação que desejarem compartilhar do nosso mesmo objetivo: estudar como vivem as comunidades afro-descentes a partir do viés histórico que tem como ponto de vista, o passado escravista, instaurado na América Portuguesa e Brasil Império.
Neste sentido, cabe ressaltar que, o que será valorizado será as experiências dos africanos e seus descendentes no Brasil nestes três últimos séculos e seus desdobramentos que culminam, nos dias de hoje, em uma sociedade extremamente desigual como a brasileira.
A memória é chave fundamental para o resgate deste passado que, passará ser estudado a partir de cada região, onde poderá ser feito estudo. Espera-se que o trabalho desenvolvido pelo SANKOFA possa ajudar a intervir no presente através de ações socioeducativas que visem promover os Direitos Humanos. Assim, poderemos de forma mais eficaz e visível contribuir não apenas para o resgate da memória dos povos escravizados como, de alguma forma ajudar a pensar e propor ações eficazes no combate à discriminação e o preconceito.
Com isto, espera-se que os estudos desenvolvidos áreas possam contribuir de forma eficaz para o resgate da cidadania e do respeito à dignidade humana, onde a Universidade se transforma através da pesquisa, um dos instrumentos capazes em minorar os males sociais através da promoção de estudos, pesquisas, debates e proposições de ação social, visando integrar-se definitivamente ao tecido social hodierno.
O Sankofa desenvolve pesquisas que possuem como eixo principal, os seguintes itens:
Grupo de Pesquisa Certificado pelo CNPQ desde 2016
REUNIÂO EM 13/08/2021. às 20h
Tema a ser estudado: Saúde e Bem viver
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