Prof. Júlio César Medeiros

PROFESSOR DE HISTÓRIA

juliocesarpereira@id.uff.br

SOBRE

Júlio César Medeiros é Dr. em História da Ciência e da Saúde pela Fiocruz.  É professor de História Contemporânea com enfase em África, da Universidade Federal Fluminense, pesquisador do Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos e Líder do Núcleo de Estudos e Pesquisa SANKOFA-UFF.

 

The New Black Cemetery

Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 07 abr 2021

Foto do poço de sondagem da pesquisa arqueológica no Cemitério dos Pretos Novos

Many years ago, in the African continent, millions of Africans were brought to other countries within the condition of slavery, from which came the origin of the African Diaspora.

Nearly 10 million of the African slaves were brought to the Americas. Of these 10 million, 6 million were brought to Brazil to labor in sugarcane fields, in the mines and on coffee plantations. Of the Africans who were brought approximately 60% were sent to the Southeast region. Many of these Africans were from the linguistic and cultural group known as the Bantu.

Upon disembarking from the slaveship in Valongo, in the city of Rio de Janeiro, the enslaved were inspected at the Customs, counted and landed in the direction of the slave markets in Valongo. Those who arrived dead, or died in the sale stalls, were taken to the  Black New Cemetery (Cemitério dos Pretos Novos).

In the Cemetery of the New Blacks, the bodies of the enslaved newcomers were never buried. They were left to the ground until they were burned and dismantled so that more bodies could fit. This deal shows that for Brazilian society at the time, slaves were “nothing” but bodies to be discarded in order to rot and smell, nonetheless for the African culture to which they belonged, being buried in the cemetery of the New Blacks meant a cut in their ancestral lineage that would prevent them from being resurrected in Africa.

Several travelers, among them Freireyss, scandalously described the Cemetery of the New Black and how those slaves were buried because there was no indication that the enslaved were decently buried.  It is estimated that from 1769 to 1830, the date of its extinction, about 60 thousand enslaved people were buried there, despite the space of a small block of 50 fathoms.

Imagem de funeral africano no Brasil

During 1824 to 1830, the Cemetery of the New Black buried around 6.000 bodies in such small area. In the Livro de Óbitos da Freguesia de Santa Rita there are death recording which may be found a list of respective ships, ethnics and ports of origin, age, and the marks of slave masters on their bodies. In 1830 the cemetery was closed because of the anti-slave trade law and its location was lost.

But, in January of 1996, a house located at 36 Pedro Ernesto Street, in Gamboa was surprised by a great discovery. During the works, the bones of the enslaved were found. the cemetery had been rediscovered. Since then, the family of Mr. Petrucio and Mercedes, owners of the property, along with several volunteer researchers have been striving to keep the memory of Africans buried there alive.

Recently, the team of archaeologists discovered the first complete bone there, a young, African, enslaved woman who was named Bakhita in honor of the Catholic saint who fought slavery in Africa.

Visão frontal da escavação que mostra Bakhita

In conclusion, the cemetery of the new blacks was and still is the indisputable proof of slavery and the way in which human beings treated people they believed to be inferior due to their condition of enslavement uprooted from the African continent.

(mais…)

Vídeo aulas de História da África, africanidades e negritude

Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 13 mar 2021

A cartografia da ÁFrica

Conheça as regiões da África

África, o berço da humanidade (História da África Antiga)

O homem nasceu na África porque o continente oferecia (e continua oferecendo) uma diversidade de ambientes propícios para a sobrevivência de primatas. Ao contrário de outras regiões do planeta, onde o…
Leia mais em: https://super.abril.com.br/historia/por-que-a-africa-foi-o-continente-ideal-para-gerar-a-humanidade/

O cemitério dos Pretos Novos_prof. Dr. Júlio César Medeiros, autor do livro à flor da terra

O cemitério dos Pretos Novos_prof. Dr. Júlio César Medeiros, autor do livro à flor da terra

“O cemitério destinava-se ao sepultamento dos pretos novos, isto é, dos escravos que morriam após a entrada dos navios na Baía de Guanabara ou imediatamente depois do desembarque, antes de serem vendidos. Ele funcionou de 1772 a 1830, no Valongo, faixa do litoral carioca que ia da Prainha à Gamboa.

Funcionara antes no Largo de Santa Rita, em plena cidade, próximo de onde também se localizava o mercado de escravos recém-chegados. O vice-rei, marquês do Lavradio, diante dos enormes inconvenientes da localização inicial, ordenou que mercado e cemitério fossem transferidos para o Valongo, área então localizada fora dos limites da cidade.

O Valongo entrou, então, para a história da cidade como um local de horrores. Nele, os escravos que sobreviviam à viagem transatlântica recebiam o passaporte para a senzala. Os que não sobreviviam tinham seus corpos submetidos a enterro degradante. Para todos, era o cenário tétrico do comércio de carne humana.”

O que explica a suposta resistência africana ao covid 19 (Prof. Barbalhão explica)

Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 16 Maio 2020

Novo video em meu canal História+, confiram

O Prof. de História mais legal do mundo, o famoso Barablhão explica os motivos pelos quais talvez a África ainda não tenha sofrido mais baixas pelo Covid 19.

Liberalismo Econômico e a formação do mundo contemporâneo

Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 03 out 2019
Sem Comentários

Por: Júlio César Medeiros da Silva Pereira

Introdução

A Revolução Industrial impactou o mundo de forma surpreendente. Enquanto a Revolução Francesa as guerras napoleônicas modificaram o coração do mundo,  o perfil da sociedade europeia e mundial do século XIX, foi transformado pela Revolução Industrial que passou a alterar a percepção vigente, agora descrito com a velocidade das locomotivas que cortavam os continentes transportando minérios para serem levados para grande potência industrial do momento e velocidade do crescimento do capital que devora a mão de obra da classe trabalhadora em nome do bem estar comum. Mas como isto se deu? Quais foram as transformações no campo do pensamento que permitiram o avanço das práticas capitalistas? É o que veremos nos próximos parágrafos  de forma breve, a fim de compreendermos as diferentes contribuições do pensamento econômico que ajudaram a moldar o mundo tal como o conhecemos.


Eugène DELACROIX , La Liberté guidant le Peuple (La libertad guiando al Pueblo) (1830)

Foi no século XVIII que ganhou força um novo pensamento. Uma nova ideologia, baseada nas ideias liberais, já aventadas pelos iluministas,  varreram  a Europa moldando o mundo ao poucos, mas sem muita resistência às necessidades do capital moderno em contraposição ao pensamento absolutista os quais se constituíam como verdadeiros entraves às mudanças econômicas, gestadas no bojo das alterações sociais produzidas pelo capital, incompatíveis com a intervenção do Estado e burocratização da economia.

Surgem Novas teorias econômicas

Adam Smith (1723 —  1790)

O escocês não foi o pai da economia moderna, mas suas teorias econômicas tiveram influência sobre a mesma. O seu pensamento constitui um marco importante nesta ramo do saber. O mundo e as relações humanas deixariam de ser explicados pela filosofia e o pensamento econômico, impulsionado pela sua obra A Riqueza das Nações, de em 1776, passaria a ditar o novo estilo de vida e a forma de se fazer política.  

Nascia a Economia Política Clássica, um novo campo de conhecimento baseado em teorias, que analisavam os aspectos econômicos da sociedade a partir de análises racionais e premissas embasadas em dados, geralmente, sólidos.   Mas Smith não foi o primeiro a se levantar contra o pensamento antigo defendido pelos absolutistas que, primavam pelo mercantilismo, metalismo e balança comercial favorável (O tripé da política econômica absolitista).

Os fisiocratas (do grego “Governo da Natureza”) já haviam elaborado uma crítica às teses mercantilistas, que defendiam ardentemente que riqueza de uma nação consistia na posse de grandes quantidades de moeda- ouro e prata – e pela balança comercial favorável. Os fisiocratas argumentavam que era a posse dos bens materiais que garantia a riqueza de um país e que a terra era principal fonte de desenvolvimento sendo todo outro tipo de trabalho, que não o agrário, como secundário.

Cena de Tempos moderno -Charles Chaplin

Adam Smith, acrescentou a esta ideia, a premissa de que era o trabalho que gerava a riqueza.  Em A Riqueza das Nações, ele mostrou a que a verdadeira riqueza consistia no trabalho e que este traria o crescimento da produtividade gerando benesses a todos, e que o seu valor não se restringia ao trabalho agrícola, mas que todo tipo de produção humana era capaz de gerar valor.

Em decorrência dessa premissa sobre a produtividade do trabalho-, Adam Smith defendia a ideia individualista, segundo a qual, se cada indivíduo cuidasse somente de seus interesses econômicos, a sociedade como um todo prosperaria e, que, além disto, se auto regularia a compra e a venda no “mercado” através da famosa lei da oferta e da procura. Estava nascendo o princípio liberal que, grosso modo, pode ser resumido pela não intervenção do Estado na economia. Isto foi de fato bastante inovador, pois, até então, o Estado absolutista era extremadamente regulador da economia e direcionava desde a produção até o consumo. Agora, Smith propunha a liberdade da iniciativa privada industrial para que se expandisse cada vez mais, contra as possíveis restrições econômicas, taxações e monopólios.

Thomas Malthus (1776-1834)

Tais teorias econômicas foram consideradas otimistas por vários pensadores da economia clássica, entre os quais, o também britânico Thomas Robert Malthus. Autor de o Ensaio sobre o Princípio da População;  livro em que ele defendia que, a proposta de prosperidade de Smith, não se efetivaria na medida, em que, o crescimento populacional seria sempre maior que a produção. Ou seja, segundo ele, a produção crescia em termos aritméticos e a população em termos geométricos. Pessimista,  Malthus não acreditava na abundância e prosperidade que, segundo Smith seria trazida pelo trabalho, mas previa um cenário de escassez e fome, surtos de miséria que, aos poucos, levaria o mundo todo ao caos.  Dizia ele “O homem que nasce num mundo que já tem donos, se não puder obter de seus pais a subsistência a nenhum direito possui de reivindicar a menor proporção de alimentos e, em tem a fazer aqui. Na poderosa festa da Natureza, não há lugar para ele. A Natureza lhe diz para ir embora”. (Malthus, T.R. Ensaio sobre o Princípio da População)

Crescimento Populacional

Na visão Malthusiana, os próprios pobres são os únicos responsáveis pelas suas pobrezas pois, a seus olhos, são eles quem mais procriavam. E, para criticar o instinto natural da procriação que, em sua visão, os pobres possuíam em maior intensidade, ele constrói um argumento que, aparentemente, encontra em outra lei natural a sua justificativa. Afirma:

Em todo o reino animal e vegetal a Natureza dispersou as sementes da vida com mão profusa e liberal; mas foi relativamente mesquinha quanto ao espaço e à capacidade de alimentação necessários para sustentar tais sementes. A raça das plantas e a raça dos animais reduziram-se sob essa grande lei restritiva, e a raça do homem não pode por nenhum esforço dela escapar.(Malthus, T. R. Ensaio sobre o Princípio da População)

Malthus estava errado, na verdade, suas ideias eram racistas e visavam resguardar o acesso as benesses produzidas apenas à pequena elite dos países industrializados. Ele estava errado também porque não viu, ou não quis enxergar que as inovações tecnológicas iriam aumentar também de forma brutal a produção alimentícia para grande parte do mundo. Mesmo assim, suas teorias foram usadas para defender o controle de natalidade em países pobres e a eficácia de guerras e pestes como um mal necessário para  frear o crescimento populacional.

Infelizmente, os seus pensamentos voltaram a ganhar força com o pensamento neomalthusiano que, em pleno século XXI, defende que os recursos naturais produzidos não são suficientes para toda a humanidade e que, por conta disto, devem ser tomadas medidas radicais como as propostas por aquele velho pensador inglês.

David Ricardo (1722-1823)

 A economia clássica ganhou um novo impulso com o aparecimento da obra Princípios de Economia Política e Tributação, de autoria de David Ricardo. O inglês ampliou o pensamento de Smith ao afirmar que existe uma relação entre a renda dos trabalhadores e a renda dos proprietários e capitalistas.  David Ricardo analisa cada uma delas e conclui que a renda de cada trabalhador é suficiente apenas para prover sua sobrevivência e, consequentemente, ele está condenado a uma eterna miséria. Já os capitalistas, no que diz respeito à renda, verão seu lucros diminuírem na medida em que eles se veem forçados a gastar com o pagamento de maiores salários aos trabalhadores, enquanto, por outro lado, o esgotamento do solo fértil e a explosão demográfica, dificultará o atendimento da demanda de alimentos, o que por sua vez, provocaria uma elevação dos preços das mercadorias, encarecendo o custo de vida.

Aos poucos, tais teorias reforçam a ideia do dinheiro como um  meio de troca e  a terra a intervenção do Estado vão ficando cada vez mais representativas do passado arcaico e improdutivo.   Estava sendo ampliado a teoria do livre mercado.

John Stuart Mill (1806-1873)

John Stuart Mill ganhou reconhecimento por desenvolver a já conhecida teoria do fundo de salários. Uma espécie de fundo total disponível aos trabalhadores, a qual determinaria os salários. Mas enquanto a maior parte dos pensadores clássicos considerava esse fundo igual ao capital total, Mill o concebia como o mínimo necessário para comprar a mão-de-obra, ou seja, a força produtiva.

Resumindo, de uma forma ou de outra, todas as teorias econômicas gestadas no bojo da Revolução Industrial primavam pela divisão internacional do trabalho que davam a alguns países a função de produziriam alimentos e matérias-primas,  e a outros manufaturas, que beneficiaria, logicamente, os países industrializados, em detrimento dos países pobres que eram amplamente explorados.

Estava lançado o liberalismo clássico, que ditaria as ações governamentais dos países mais desenvolvidos durante todo o século XIX, estendendo-se até o início do século. Tal doutrina só foi revista pelos seus defensores com a quebra da bolsa de Nova Iorque, em 1929. A partir daí, a socialdemocracia ganharia cada vez mais força deixando  o liberalismo em segundo plano. Contudo, as ideias preconizadas pelo liberalismo, ressurgiram neste século sob a forma do neoliberalismo.

Ainda hoje encontramos pensadores, políticos e economistas defendendo o livre comércio, o Estado mínimo, privatizações, a ideia de um mercado auto regulado pela lei da oferta e da procura e teorias racistas para a diminuição populacional, sobretudo nos países pobres, e a supressão dos direitos trabalhistas. De fato, o mundo em que vivemos foi moldado de forma tão veemente por aqueles antigos pensadores que ainda hoje se sente a sua força empurrando as camadas pobres para o sub emprego e exploração crescente. 

Bibliografia

DICIONÁRIO de Ciências Sociais. 2. ed. Rio de Janeiro: FGV, 1987.

MARX, Karl. Divisão do trabalho e manufatura. In: _____. O capital: crítica da economia política. 11. ed. São Paulo: Bertrand Brasil-Difel, 1987. L. I. v. 1.

__________. Posfácio da 2. ed. In: O capital: crítica da economia política. 8. ed. Tradução: Reginaldo Santana. São Paulo: Difel, 1982.

SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia.  31. ed. Campinas/SP: Autores Associados, 1997.

SMITH, Adam. A riqueza das nações. São Paulo: Nova Cultural, 1996. v. 2.

WEFFORT, Francisco. (Org.). Apresentação. In: ______. Clássicos da política. 2. ed. São Paulo: Ática, 1991. v. 1. p. 7-10.

Projeto de extensão: “Saúde e Adoecimento das populações Quilombolas e Afro-descendentes (ênfase em Doença falciforme)”

Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 17 set 2019

Cartilha on line, produzida pelos alunos visando esclarecer sobre a doença falciforme e a população afrodescendente

Cartilha produzida pelos alunos do projeto de extensão Saude e adoeciemento das populações quillobolas e afrodescendentes (enfasze em doença Falciforme)

As origens do Método Científico: A ciência do período Clássico à Idade Média

Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 19 jan 2019

 

Por: Júlio César Medeiros da Silva Pereira

Os primeiros pensadores a buscarem uma explicação natural para os diversos fenômenos da natureza ao invés de se apoiarem nas explicações de cunho religiosos ou divinas  foram os filósofos da Grécia antiga como Thales de Mileto (624 a.C. a 546 a.C.), Pitágoras ( 570 a.C. 495 a.C.) e Demócrito (460 a.C. a 370 a.C.). Mas o primeiro a realmente pensar neste tipo de conhecimento que procura se afastar dos motivos religiosos, ou em como se obter o verdadeiro conhecimento sobre um determinado fenômeno foram, na verdade Platão (428/427 a.C. a 348/347 a.C.) e Aristóteles (‎322 a.C.‎ a ‎384 a.C.) há mais de 2300 anos.

Para Platão, discípulo de um outro filosofo grego chamado Sócrates, o mundo exterior, bem como tudo o que existia nele eram  apenas reflexos imperfeitos ou sombras de formas ideais, ou seja, o mundo era a cópia do mundo das ideias[1]. Essas formas ideais são frequentemente retratadas como lançando sombras em uma parede, por isto, pode se dizer que  Platão era um realista filosófico.

O mundo das formas, segundo ele, existia independentemente do pensamento humano. Essas formas não eram apenas conceitos abstratos em nossa mente, eles realmente existiam, mas separadamente do mundo físico, por isto não poderíamos apreender a verdadeira natureza da realidade através da experiência sensorial, pois tal conhecimento sobre as formas ideais só poderiam ser obtidas através do raciocínio. Ele acreditava, diferentemente dos sofistas, para os quais não existia a verdade absoluta e sim a verdade relativa, que algumas coisas poderiam até sofrer mudança, inclusive deixar de existir, mas que a ideia sobre ela nunca mudaria, ou seja, o que mudava era forma, não a ideia. As ideias sobre algo permaneciam sempre as mesmas.

Por exemplo, um “carro”. A ideia sobre carro é sempre  a mesma, mas o que muda é a forma, que, segundo ele é imperfeita e perene, e que pode ser mudada porque está no mundo físico, mas a ideia, ou porque não dizer: o conceito, será sempre o mesmo. Platão é, portanto, referido como um realista.

Aristóteles, seu discípulo, também era um realista. Para ele, embora essa realidade existisse independente do pensamento humano ela era o próprio mundo físico. Não há plano separado de existência onde formas abstratas vivem. Aristóteles também discordou de seu mestre sobre como podemos obter conhecimento sobre a verdade e a natureza das coisas.

Por isto, diz se que era um empirista, ou seja, alguém que acreditava que podemos ter uma experiencia sensorial precisa da realidade.

Este é um debate que iria se estender durante muito tempo, pois segundo Aristóteles, a realidade é perceptível através dos nossos sentidos e a observação seria o meio pelo qual poderíamos chegar ao conhecimento. Para tanto, o raciocínio deveria ser o instrumento pelo qual se poderia entender  e explicar natureza e, por isto, para alguns, ao pensar assim, estaria ele desenvolvendo a gênese da lógica perfeita, baseada no silogismo.

O silogismo criado por Aristóteles consiste em um termo filosófico para designação de conclusões deduzidas de premissas e que levam ao conhecimento cumulativo a partir de conclusão obtida. Por exemplo: Todos os humanos são mortais, todos os gregos são humanos, logo, todos os gregos são mortais. Ora, se as duas premissas são verdadeiras então a conclusão é necessariamente verdade e nos concede a base para formularmos um novo silogismo: todos os gregos são mortais, logo, todos os gregos são humanos.

Uma outra diferença entre Aristóteles e Platão é que aquele acreditava que  as premissas fundamentais podem ser apuradas pela observação direta e verificação dos padrões ou regularidades de fenômenos no mundo. Infelizmente, ele não sabia que algumas de suas próprias observações eram seletivas demais, levando a premissas fundamentais que sabemos agora serem simplesmente erradas.

Mas Aristóteles também estava limitado ao seu tempo e cometeu erros em suas próprias premissas e portanto, em alguns silogismos que criou, pois quando se parte de uma premissa falsa, a sua conclusão também estará fada ao fracasso. Por exemplo, baseado em sua própria observação, asseverou erroneamente que os homens têm mais dentes que as mulheres e que os insetos têm quatro patas. Com certeza, não observou todos os insetos, e nem verificou a boca de todos os homens e mulheres, suas observações eram imprecisas o levou à conclusões igualmente errôneas. Mas com isto também pudemos aprender que uma premissa falsa nos levará, consequentemente a uma conclusão errada.

Por outro lado, Aristóteles nos dá um exemplo extremante importante para a construção do saber científico ao nos mostrar que a observação dos fenômenos e acontecimentos devem ser precisos, metódicos e procurar ser os mais meticulosos possíveis, pois do contrário, todo o restante redundará em erro, por se basear em premissas falsas.

Contudo, as contribuições de Platão e Aristóteles foram enormes para o desenvolvimento da ciência e suas influências foram sentidas por quase 2000 anos. Só no fim do século XVI é que, graças a novas formas de análise do mundo e dos fenômenos naturais é que os pesquisadores se deram conta de que tanto Platão, quanto Aristóteles, falharam em alguns pontos, mas suas contribuições permaneceram muito importantes para o desenvolvimento da ciência.

Ptolomeu (100 d.C. a 160 d.C.), foi um cientista grego que apoiou-se nas   ideias de Aristóteles para criar um  sistema geométrico-numérico, de acordo com as tabelas de observações babilônicas, para assim descrever os movimentos do céu colocando a terra no centro do universo com os planetas, em orbita circular em sua volta, incluindo o sol. Este modelo ptolomaico, de órbita circular, era o que melhor explicava o afastamento dos astros nos céus e permitiu uma maior precisão nas previsões de tempos e estações.

Na virada no século X, o físico e matemático árabe Ibn al-Hasan, conhecido também pela forma latinizada Alhazen, (965 a.C. a 1040 a.C.) se tornou o  pioneiro da óptica, ao seguir os passos de Ptolomeu e explicar  o fenômeno dos corpos celestes no horizonte[2]. Ele escreveu a obra  O Livro de  Óptica (em árabe: Kitāb al-Manāẓir (كتاب المناظر)), publicado no início do século XI, e propôs uma nova teoria sobre a visão revolucionária para a época, que foi um passo importante para a compreensão do processo visual que embora seja diferente hoje em dia, influenciaria, mais tarde a Johannes Kepler (1571-1630) o qual propusera uma nova teoria da visão que, em tese, ainda é usada hoje em dia.

Ibn al-Hasan contribui para o método científico também ao propor que  uma hipótese devia ser testada por experimentos, seguindo procedimentos sistemáticos e que poderiam ser capazes de serem reproduzidos, e isto, mais de 1000 anos antes de Descartes, considerado por muitos como o preconizador do método científico moderno.

Ao lado de Ibn al-Hasan, outros árabes tais como Al Biruni, e Ibn Sina, começaram a usar uma sistemática observação e experimentação, enfatizando a observação imparcial e não apenas raciocínio lógico. Este grupo de pensadores árabes nos ajudam a pensar em uma ciência fora de um ponto de vista eurocêntrico moderno que nos conduz ao erro de imaginarmos que a ciência se deu e se desenvolveu graças aos pensadores europeus e que portanto, eram homens inteligentes, metódicos e, logo, científicos, relegando o resto do mundo ao obscurantismo e sem nenhuma contribuição para o campo das ciências. Na verdade, por se tratar de um saber cumulativo, a ciência se desenvolve com a contribuição de todos os homens nos mais diferentes lugares e circunstâncias e não em uma determinada parte deste ou daquele hemisfério.

O segundo ponto que desmistifica uma história eurocêntrica e moderna da ciência é se pensar que durante a Idade Média não se produziu saber cientifico, um erro, pois todos estes pensadores e filósofos viveram na Idade Média, cunhada erroneamente por alguns de Idade das Trevas que, quando na verdade foi um período de florescimento da ciência.  Mas isto, já é outra história.

 

 

 

Referência bibliográfica:

Https://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/ideias-de-platao-as-coisas-mudam-mas-seus-modelos-sao-eternos.htm_acesado em 19 de janeiro de 2019.

MARTINS, Roberto de Andrade. A Óptica de Ibn al-Haytham – 1.000 anos de luz. Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Consultado em 19 de janeiro de 2019.

 

 

[1] Fonte: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/ideias-de-platao-as-coisas-mudam-mas-seus-modelos-sao-eternos.htm_acesado em 19 de janeiro de 2019.

[2] MARTINS, Roberto de Andrade. A Óptica de Ibn al-Haytham – 1.000 anos de luz. Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Consultado em 19 de janeiro de 2019.

 

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Documentário “Doença Falciforme e um problema nosso” produzido pelo Curso de Educação do Campo da UFF

Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 19 jan 2019

Nosso documentário sobre Doeça falciforme, ela  é uma das doenças de maior prevalência entre os afro-descendentes, mas ainda existe muita falta de conhecimento sobre ela. Saiba mais clicando no vídeo

Johnson & Johnson sabia há décadas da presença de asbesto em seu talco – 24/12/2018 – UOL Notícias

Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 24 dez 2018

A relação entre ciência, pesquisa e adoeciemento é de fato algo intrincado, de dificil compreensão e que parece estar longe de ter um desfecho favorável para os consumidores. Esta matéria demonstra como os interesses economicos geralmente são conflitantes com os dos consusmidores e mais, o papel das pesquisas dentro deste intincado quebra-cabeça.

Leia a matéria compelta em: Johnson & Johnson sabia há décadas da presença de asbesto em seu talco – 24/12/2018 – UOL Notícias

Núcleo de Estudos e Pesquisas SANKOFA

Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 15 dez 2018

Núcleo de Estudos e Pesquisas SANKOFA: Relações étnico raciais,
memória, cidadania e Direitos Humanos. (Certificado pelo CNPq)

Apresentação:

O grupo de pesquisa SANKOFA: Relações étnico raciais, memória, cidadania e Direitos Humanos deverá integrar profissionais de diferentes áreas e campos de atuação que desejarem compartilhar do nosso mesmo objetivo: estudar como vivem as comunidades afro-descentes a partir do viés histórico que tem como ponto de vista, o passado escravista, instaurado na América Portuguesa e Brasil Império.

Neste sentido, cabe ressaltar que, o que será valorizado será as experiências dos africanos e seus descendentes no Brasil nestes três últimos séculos e seus desdobramentos que culminam, nos dias de hoje, em uma sociedade extremamente desigual como a brasileira.

A memória é chave fundamental para o resgate deste passado que, passará ser estudado a partir de cada região, onde poderá ser feito estudo. Espera-se que o trabalho desenvolvido pelo SANKOFA possa ajudar a intervir no presente através de ações socioeducativas que visem promover os Direitos Humanos. Assim, poderemos de forma mais eficaz e visível contribuir não apenas para o resgate da memória dos povos escravizados como, de alguma forma ajudar a pensar e propor ações eficazes no combate à discriminação e o preconceito.

Com isto, espera-se que os estudos desenvolvidos áreas possam contribuir de forma eficaz para o resgate da cidadania e do respeito à dignidade humana, onde a Universidade se transforma através da pesquisa, um dos instrumentos capazes em minorar os males sociais através da promoção de estudos, pesquisas, debates e proposições de ação social, visando integrar-se definitivamente ao tecido social hodierno.

O Sankofa desenvolve pesquisas que possuem como eixo principal, os seguintes itens:

  • Levantamento de acervo bibliográfico da região ligada ao período escravista na região;
  • Identificação e mapeamento dos possíveis locais de memória encontrados em Santo Antônio de Pádua;
  • Coleta de dados referentes à produção cafeeira que ajudem a dimensionar o enriquecimento da região que, como se sabe, baseou-se fartamente no trabalho escravo;

Grupo de Pesquisa Certificado pelo CNPQ desde 2016

REUNIÂO EM 13/08/2021. às 20h

Tema a ser estudado: Saúde e Bem  viver

Inscrições clique no link abaixo

Inscrição no Grupo de Estudo Sankofa


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