Prof. Júlio César Medeiros

PROFESSOR DE HISTÓRIA

juliocesarpereira@id.uff.br

SOBRE

Júlio César Medeiros é Dr. em História da Ciência e da Saúde pela Fiocruz.  É professor de História Contemporânea com enfase em África, da Universidade Federal Fluminense, pesquisador do Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos e Líder do Núcleo de Estudos e Pesquisa SANKOFA-UFF.

 

A Revolução Francesa

Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 25 mar 2021
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Esta revolução foi resultado do descontentamento da população com os privilégios da nobreza, do clero e da alta burguesia

Características:

  • O absolutismo concentrava em suas mãos todo o poder político
  • O Mercantilismo visava o fortalecimento do Estado através da riqueza do poder.
  • A França do século XVIII era um país agrário, com poucas indústrias.
  • Havia perdido muito dinheiro com a guerra dos 7 anos (independência dos EUA).

A sociedade era dividida em :

1– Clero: isento de impostos – direito de explorar o ensino.

2– Nobreza: isenta de impostos – direitos feudais – cargos públicos.

3– O restante da população (sans-culottes), desde os camponeses aos ricos comerciante, que eram apoiados pelos iluministas que defendiam e propagavam a liberdade de pensamento, ideais e liberdade democrática.

Os 3 estados representados: Nobre e clérigo passam ao lado de um camponês que caído ao chão pegam em armas

Nessa forma de organização da sociedade os dois primeiros estados não só pertenciam ao grupo dominante como usufruíam de vários privilégios, que eram mantidos com os impostos recolhidos junto do terceiro estado. Conjuntamente com a elevação da carga tributária, outros fatores contribuíram para a crescente insatisfação vista na sociedade francesa com relação as grandes disparidades encontradas no país. Um dos primeiros fatores que podem ser apontados para o cenário de crise na França foi a crise agrícola enfrentada no ano de 1788, não só em razão de problemas climáticos, mas devido também ao grande crescimento populacional ao longo do século XVIII. A indústria e comércio também foram afetados por tratados assinados com Inglaterra, Estados Unidos, Suécia, entre outros países. Estes tratados foram vistos pelos franceses lidados ao setor comercial e industrial como desvantajosos e responsáveis pelo enfraquecimento desses campos da economia francesa. Somado a todos esses problemas econômicos e sociais enfrentados pela França, houve os gastos com a participação francesa na guerra de independência das Treze Colônias, que colocou a economia do país em uma situação alarmante.

A necessidade de recursos fez com que os ministros do rei buscassem alternativas. A proposta de cobrança de impostos para todos os estados foi prontamente rejeitada. O conflito entre os poderes obriga o rei Luis XVI a convocar os Estados Gerais.

A Revolução       Francesa em Marcha


Com a convocação dos Estados Gerais em 1789 surge uma outra questão. Sobre a forma de votação dos assuntos propostos. O Clero e a nobreza desejam o voto por estado, sugestão que enfrentou forte oposição. O terceiro estado queria o voto por pessoa. Diante do impasse o terceiro estado se retirou da reunião dos estados gerais e se declarou em Assembléia Nacional Constituinte. O impacto dessa atitude nas manifestações que ocorriam nas ruas fez com que o rei ordene a participação dos outros dois estados.

Assembleia Constituinte

A Revolução Francesa teve o seu marco inicial com a Queda da Bastilha, que foi a tomada dessa prisão por parte do povo que se mobilizava nas ruas. Essa mobilização foi alem dos limites de Paris, chegando ao campo. As pessoas estavam propagando o lema da revolução: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. O movimento provocou a tentativa de fuga do rei Luis XVI em 1791, tentativa que foi frustrada, sendo levado de volta a Paris. 

Principais características do período:

– Fim da servidão e dos  privilégios feudais

– Declaração dos Direitos dos Homens e do Cidadão.

– Confiscou os bens do clero e dos nobres que fugiram para o exterior.

Documento importante cunhado durante a Revolução Francesa que reconhecia os direitos dos homens

Foram tomadas varias medidas, como as que foram mencionadas acima, pela Assembleia constituinte.  Objetivo era acabar com os privilégios do clero e da nobreza. Não era a intenção do movimento atacar a figura do rei. Mas sim limitar o poder de sua atuação com a criação dos três poderes: executivo, legislativo e judiciário. Com a constituição de 1791, estabeleceram-se as ideias liberais no regime político francês.

Este gráfico demonstra o empobrecimento dos camponeses

A situação se agravava com o conflito entre Franca e dois países absolutistas. Áustria e Prússia organizaram os seus exércitos para combater o processo revolucionário francês. Eles invadiram Paris que foi defendida pelos seus habitantes, fato que ficou conhecido como Comuna de Paris. Os invasores são derrotados. O rei é acusado de traição e preso e a Assembleia convoca a Convenção Nacional.

Quem eram os grupos participantes?

Após a revolução, o terceiro estado começa a se transformar e partidos começam a surgir com opiniões diversificadas.          Os girondinos, por exemplo, representavam a alta burguesia e queriam evitar uma participação maior dos trabalhadores urbanos e rurais na política. Enquanto os jacobinos representavam a baixa burguesia e defendiam uma maior participação popular no governo. Liderados por Robespierre, os republicanos eram radicais e defendiam profundas mudanças na sociedade que beneficiassem os mais pobres.

            Apesar de unidos contra o rei, o 3° estado divide-se para melhor representar a sociedade. Características dos dois governos:

Governo Girondino (alta burguesia) Governo jacobino (pequena burguesia)
Povo insatisfeito; Visavam o lucro e propriedade; Guerra contra reis absolutistas; Guerra interna (nobres contra a revolução); Declaração dos direitos do homem e do cidadão; Acabou com a servidão; Mão-de-obra assalariada; mercado consumidor; proibição das greves; países vizinhos tentam invadir a França; rei foi preso acusado de traição; os jacobinos vacilam. Jacobinos se fortalecem e declaram a Pátria em perigo; Criação de um exército popular; Robespierre – executa radicais e moderados (35.000 mortos); cria Comitê de Salvação Pública – controlar a Comuna de Paris e evitar excessos; Tribunal Revolucionário – julga todos os inimigos da Revolução; Julgamento do rei; Leis populares (tabelamento do pão e aluguel) Lei do máximo Disputas internas devido a violência, permite a volta dos Girondinos ao poder.

A             Fase       do          Terror 

A execução do rei Luis XVI


Em 1792, inicia-se a fase que ficou conhecida como Terror. Os radicais liderados por Robespierre assumem o poder e a organização das guardas nacionais. Os lideres desta fase aboliram a escravidão nas colônias, dividiram e colocaram a venda as grandes propriedades, instituíram a escola primária pública, obrigatória e gratuita, estabeleceram o voto universal, entre outras medidas.

Com a criação do Comitê de Salvação Publica, obtiveram uma forma de identificar e julgar os inimigos da revolução. A guilhotina foi a forma de execução desses traidores, entre eles o rei Luis XVI. A radicalização das lideranças dessa fase fez com que perdessem a sua base de apoio. Em 1794 chegou ao fim o Terror com a prisão e execução de Robespierre e Saint-Just.

A execução de Robespierre

Os Girondinos no Poder      

               
Em 1794, os girondinos assumem o poder. Com o “Golpe do Nove Terminador”, em Julho do mesmo ano a burguesia assume o controle do poder. A partir deste momento, a participação popular no processo se encerrou, formularam uma nova constituição que garantisse os interesses burgueses e desfazendo as políticas dos jacobinos.

A nova instituição cria o Diretório que se tornou responsável pelo novo governo. Com postura autoritária e tendo no exercito um importante aliado, esta nova fase da revolução volta com o voto censitário, excluindo a maior parte da população francesa do processo de decisão.

O Diretório enfrenta diversos problemas. Nesse momento, se destacou nas várias campanhas militares que a França encontrava-se envolvida, Napoleão Bonaparte. Este foi convocado a Paris e com o Golpe do 18 Brumário foi instituído o Consulado, que era composto por Napoleão, Sieyés e Roger Duco. Assim, começa o período de Napoleão no comando da França.

Os impactos da Revolução Francesa


A Revolução Francesa foi um importante marco na História da nossa civilização. Significou o fim do sistema absolutista e dos privilégios da nobreza. Por outro lado, a burguesia conduziu o processo de forma a garantir seu domínio social. As bases de uma sociedade burguesa e capitalista foram estabelecidas durante a revolução. A Revolução Francesa também influenciou, com seus ideais iluministas, a Independência dos Estados Unidos, dos países da América Espanhola e a Conjuração Baiana no Brasil.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

  1. Explique a situação dos camponeses franceses antes da Revolução Francesa. (2linhas)
  2. O que foi a Assembléia dos Estados Gerais e qual a sua importância para a seqüência da Revolução? (3linhas)
  3. O que foi a Noite do Grande Medo?(2linhas)
  4. Estabeleça as diferenças entre os jacobinos e os girondinos. (3linhas)
  5. Cite algumas das transformações realizadas pelos jacobinos no ano de 1793. (2linhas)
  6. Por que a alta burguesia francesa (girondinos) apoiaram o Golpe do 18 Brumário, que levou Napoleão Bonaparte ao poder?(3linhas)
  7. Qual foi a influência da Revolução Francesa no Brasil? (3linhas)

EXERCICIOS RESOLVIDOS

1 – (PUC – MG) No Antigo Regime, a aristocracia francesa tinha como privilégios, EXCETO:  

a) o monopólio das funções políticas mais importantes.

b) a isenção do pagamento de taxas e impostos.

c) o controle das atividades manufatureiras e comerciais. 

d) a sujeição a leis e tribunais especiais e exclusivos.

e) a desobrigação frente a todo trabalho produtivo.

Resolução: a resposta C é a correta, uma vez que as atividades comerciais, não era visto como uma atividade enobrecedora, como uma atividade de valor, e alem do que essas atividades eram controladas pela burguesia.

2 – (PUC – RJ) No que se refere às singularidades da sociedade francesa do chamado Antigo Regime, são corretas as afirmações abaixo, com EXCEÇÃO de:  

a) Os membros da Igreja Católica, em especial, o alto clero, desfrutavam de cargos e posições sociais que os aproximavam, em importância, da nobreza de Corte.

b) As hierarquias sociais eram atenuadas pelas possibilidades de mobilidade vertical e horizontal, fundamentadas por valores de exaltação do mérito pessoal e do desempenho intelectual ou econômico. 

c) o exercício da representatividade política baseava-se na organização estamental e viabilizava, na prática, a força decisória do primeiro e segundo estados dentro dos Estados Gerais.

d) A condição de nascimento era um dos critérios centrais para a determinação de identidades e influências, interferindo diretamente na manutenção dos privilégios danobreza, bem como nas divisões internas a este grupo.

e) Na classificação jurídico-política, os grupos burgueses, com destaque para os comerciantes e financistas, compunham, a despeito de suas riquezas e propriedades juntamente com os camponeses e sans-cullotes, o chamado Terceiro Estado.

Resolução: Pelo fato da posibilidade de mobilidade social no Antigo regime ser muito pequena, uma vez que havia toda uma teoria e discurso que justificava e legitimava cada estado a alternativa a ser assinalada é a letra B.

3 – (FAE – SP ) Sobre a grande Revolução de 1789, na França, podemos concluir que:  

a) foi uma revolução do 3° Estado Francês.

b) foi uma revolução essencialmente burguesa.  

c) foi uma revolução do 1° Estado na França.

d) foi uma revolução do 2° Estado na França.

Resolução: A resposta desta questão é a letra B, já que os grandes vencedores desse processo foi a burguesia e outros membros do terceiro estado como os camponeses, por exemplo, foram excluídos do processo revolucionário.

EXERCÍCIOS DE CONCURSOS

1 – (CES) Durante a Revolução Francesa, Luis XVI perdeu seus poderes absolutos; o feudalismo foi abolido e os bens eclesiásticos nacionalizados. Isso aconteceu:  

a)      No ano da Queda da Bastilha; 

b)      Durante o período do Terror;

c)      Quando Napoleão tomou o poder;

d)      Na fase da Convenção;

e)      No período do Diretório.

2 – (UNIBH) Sobre a Revolução Francesa é correto afirmar, EXCETO:  

a)       Ela é um marco na História do Mundo Contemporâneo, e suas idéias não se difundiram apenas na Europa, mas vão estar presentes no processo de emancipação política da América Espanhola em fins do século XVIII e princípios do século XIX.

b)       Ela é considerada uma revolução burguesa clássica, provocada por uma gama de fatores e de contingências, num contexto em que cresciam a oposição ideológica ao regime absolutista e a disseminação dos ideais de liberdade e igualdade.

c)       A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, aprovada no dia 26 de agosto de 1789, foi um documento importante no qual os norte-americanos se basearam para fazer a Declaração da sua Independência e, mais tarde, a sua Constituição. 

d)       Muitas das conquistas sociais e políticas da Revolução Francesa foram difundidas em outros países durante a “Era Napoleônica” (1799–1815); entre elas, a igualdade dos indivíduos perante a lei e o direito de propriedade privada.

3 – (UNIBH)  – “A primeira preocupação desses republicanos precavidos, ao fazerem o inventário da herança deixada pela Revolução, era de excluir a fase montanhesa e especialmente a robespierrista”. (GÉRARD, Alice. A Revolução Francesa.)  

As fases que se tentava excluir da herança revolucionária foram assinaladas, EXCETO, pela  

a)       elevação de Napoleão Bonaparte ao poder, na forma de Primeiro Cônsul.

b)       elaboração da Constituição do ano I (1793), que estabeleceu o sufrágio universal.

c)       criação do Tribunal Revolucionário e instalação do período do Terror.

d)       efetivação da reforma agrária, tomando as terras da nobreza e do clero.

4 – (FGV) O processo de afirmação da chamada Civilização Ocidental, do século XV ao XIX, está intimamente relacionada ao desenvolvimento do capitalismo e ao fortalecimento da classe burguesa. Sobre ele, é incorreto afirmar que:  

a)a defesa dos direitos fundamentais do homem e da propriedade privada constituiu um dos princípios básicos do ideário burguês;
b)a Revolução Gloriosa da Inglaterra, em 1688, significou o primeiro momento histórico em que a burguesia passa a participar efetivamente do poder do Estado, através do Parlamento;
c)o ideário liberal ultrapassou o continente europeu e serviu de bandeira para o movimento de independência dos EUA;
d)a Revolução Francesa de 1789-1794 representou a ascensão burguesa ao poder, mas sob o predomínio de forças conservadoras responsáveis pela manutenção da Monarquia absoluta.
e)após 1815 verificou-se um recuo na expansão do liberalismo com o Congresso de Viena. No entanto, novas ondas liberalizantes invadiram a Europa após 1830 e 1848.

5 – (FGV) Uma das fases mais dramáticas da Revolução Francesa ficou conhecida como “O Terror”, período em que o poder estava nas mãos dos jacobinos que dominavam a Convenção. Assinale o fato abaixo que ocorreu nesta fase:  

a.) convocação dos Estados Gerais por Luís XVI;
b.) aprovação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão;
c.) queda da Bastilha;
d.) abolição dos direitos feudais sobre os camponeses;
e.) os preços dos alimentos foram tabelados;

6 – (FUVEST) Do ponto de vista social, pode-se afirmar, sobre a Revolução Francesa, que

a) teve resultados efêmeros, pois foi iniciada, dirigida e apropriada por uma só classe social, a burguesia, única beneficiária da nova ordem.

b) fracassou, pois, apesar do terror e da violência, não conseguiu impedir o retorno das forças sócio-políticas do Antigo Regime.

c) nela coexistiram três revoluções sociais distintas: uma revolução burguesa, uma camponesa e uma popular urbana, a dos chamados sans-culottes.

d) foi um fracasso, apesar do sucesso político, pois, ao garantir as pequenas propriedades aos camponeses, atrasou em mais de um século, o progresso econômico da França.

e) abortou, pois a nobreza sendo uma classe coesa, tanto do ponto de vista da riqueza, quanto do ponto de vista político, impediu que a burguesia a concluísse.

7 – (FUVEST) Há controvérsias entre historiadores sobre o caráter das duas grandes revoluções do mundo contemporâneo, a Francesa de 1789 e a Russa de 1917; no entanto, existe consenso sobre o fato de que ambasa) fracassaram, uma vez que, depois de Napoleão, a França voltou ao feudalismo com os Bourbons e a União Soviética, depois de Gorbatchev, ao capitalismo.
b) geraram resultados diferentes as intenções revolucionárias, pois tanto a burguesia francesa quanto a russa eram contrárias a todo tipo de governo autoritário.
c) puseram em prática os ideais que as inspiraram, de liberdade e igualdade e de abolição das classes e do Estado.
d) efetivaram mudanças profundas que resultaram na superação do capitalismo na França e do feudalismo na Rússia.
e) foram marcos políticos e ideológicos inspirando, a primeira, as revoluções até 1917, e a segunda, os movimentos socialistas até a década de 1970.

8 – (MACKENZIE) Desde a abertura dos Estados Gerais em 1789, a roupa possui um significado político. Michelet descreveu a diferença entre a sociedade dos deputados do terceiro Estado, à frente da procissão de abertura, como uma massa de homens vestidos de negro com trajes modestos e o grupo refulgente dos deputados da nobreza com seus chapéus de plumas, suas rendas, seus paramentos de ouro. Segundo o inglês John Moore, uma grande simplicidade, e na verdade a avareza no vestuário era considerada prova de patriotismo.

Michelle Perrot Dentre os motivos da convocação da Assembléia a que se refere o texto, destacamos:

a) anular as medidas radicais de alcance social, implementadas por Robespierre.

b) o interesse do rei em abolir a desigualdade de impostos e confiscar os bens do clero.

c) a crise financeira e econômica que atravessava o Governo de Luís XVI.

d) estabelecer a transformação dos membros do clero em funcionários civis do estado.

e) abolir o feudalismo, estabelecendo as liberdades civis e o voto censitário.

9 – (LA SALLE) “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” e “Paz, Pão e Terra”, foram lemas conhecidos de duas importantes revoluções. Estamos falando, respectivamente:

a)       Da Revolução Industrial, responsável pela criação de um sistema fabril mecanizado com capacidade de produção em grandes quantidades, e da Revolução Francesa, responsável pelo fim do antigo regime e pela criação da política e da ideologia burguesa.

b)       Da Revolução Francesa, responsável pelo fim do antigo regime e pela criação da política e da ideologia burguesa, e da Guerra civil americana entre os Estados do Norte e do Sul dos Estados Unidos.

c)       Da guerra civil americana entre os Estados do Norte e do Sul dos Estados Unidos, e da Revolução Russa, responsável pela instauração de um regime socialista na Rússia.

d)       Da Revolução Francesa, responsável pelo fim do antigo regime e pela criação da política e da ideologia burguesa, e da Revolução Russa, responsável pela instauração do regime socialista na Rússia. 

e)            Da Revolução Russa, responsável pela instauração do regime socialista na Rússia, e da guerra civil americana entre os Estados do Norte e do Sul dos Estados Unidos  

10 – (PUC – MG) No século XVIII, os homens de princípios liberais que dirigem o processo revolucionário na França desejam, EXCETO: 

a) destruir o absolutismo monárquico, instaurando um governo representativo e limitado.

b) abolir o direito à propriedade, assegurando o livre exercício da democracia popular. 

c) romper os controles da política mercantilista, estabelecendo uma economia de livre mercado.

d) acabar com as ordens sociais privilegiadas, reconhecendo a igualdade civil dos homens.

e) opor-se ao domínio do religioso na cultura, fundando uma sociedade baseada na racionalidade.

GABARITO

Exercícios Propostos

  1. O campo, antes da Revolução Francesa, estava enfrentando problemas de produção, afetando o abastecimento da população em geral. Com a queda da produção agrícola os camponeses enfrentaram problemas para manter o seu sustento. Essa situação enfrentada pelos camponeses fizeram com que estes engrossassem o grupo de descontentes com o contexto vivido na França.
  2. Os Estados Gerais era uma reunião onde se fazia representar os três estados que compunham a sociedade francesa absolutista. Estes estados eram o clero, a nobreza e o terceiro estado formado pelo restante da população. Em razão dos debates travados pelos membros dos Estados Gerais houve a ruptura do terceiro estado que recebeu apoio com manifestações nas ruas e no campo. Essas manifestações provocaram o recuo da posição mantida anteriormente pelos outros dois estados que participavam dos Estados Gerais.
  3. A noite do Grande Medo foi o surgimento de rumores em torno da reação da nobreza contra as ações camponesas no campo.
  4.  Girondinos representavam a alta burguesia, almejavam consolidar os seus interesses econômicos com maior participação política sem abrir espaço para a implementação de reivindicações das camadas populares da sociedade francesa. Os jacobinos agregavam os camponeses, a pequena burguesia e outras partes da sociedade em busca da transformações da estrutura vigente, onde se teria acesso a educação, a terra, etc.
  5. Instituíram a escola primária pública, obrigatória e gratuita; estabeleceram o voto universal.
  6. Porque visavam garantir que o controle político se mantivesse estável e exercido por alguém que fosse defender os seus interesses.
  7. O processo revolucionário francês influenciou a América de uma forma geral e no Brasil serviu de inspiração para o movimento acontecido no nordeste que ficou conhecido como Conjuração Baiana.

Exercícios de Concursos

1- A; 2- C; 3- A; 4- D; 5- E; 6- C; 7- E; 8- C; 9- D; 10- B.

Aquino, Denize e Oscar – Ed. Ao Livro, História Geral Ao livro Técnico

 ARRUDA José Jobson – Ed. Ática,  Toda a História

KOSHIBA, Luiz – História – Ed. Atual

Sites

http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=179 acessado em 8/01/2007.

Liberalismo Econômico e a formação do mundo contemporâneo

Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 03 out 2019
Sem Comentários

Por: Júlio César Medeiros da Silva Pereira

Introdução

A Revolução Industrial impactou o mundo de forma surpreendente. Enquanto a Revolução Francesa as guerras napoleônicas modificaram o coração do mundo,  o perfil da sociedade europeia e mundial do século XIX, foi transformado pela Revolução Industrial que passou a alterar a percepção vigente, agora descrito com a velocidade das locomotivas que cortavam os continentes transportando minérios para serem levados para grande potência industrial do momento e velocidade do crescimento do capital que devora a mão de obra da classe trabalhadora em nome do bem estar comum. Mas como isto se deu? Quais foram as transformações no campo do pensamento que permitiram o avanço das práticas capitalistas? É o que veremos nos próximos parágrafos  de forma breve, a fim de compreendermos as diferentes contribuições do pensamento econômico que ajudaram a moldar o mundo tal como o conhecemos.


Eugène DELACROIX , La Liberté guidant le Peuple (La libertad guiando al Pueblo) (1830)

Foi no século XVIII que ganhou força um novo pensamento. Uma nova ideologia, baseada nas ideias liberais, já aventadas pelos iluministas,  varreram  a Europa moldando o mundo ao poucos, mas sem muita resistência às necessidades do capital moderno em contraposição ao pensamento absolutista os quais se constituíam como verdadeiros entraves às mudanças econômicas, gestadas no bojo das alterações sociais produzidas pelo capital, incompatíveis com a intervenção do Estado e burocratização da economia.

Surgem Novas teorias econômicas

Adam Smith (1723 —  1790)

O escocês não foi o pai da economia moderna, mas suas teorias econômicas tiveram influência sobre a mesma. O seu pensamento constitui um marco importante nesta ramo do saber. O mundo e as relações humanas deixariam de ser explicados pela filosofia e o pensamento econômico, impulsionado pela sua obra A Riqueza das Nações, de em 1776, passaria a ditar o novo estilo de vida e a forma de se fazer política.  

Nascia a Economia Política Clássica, um novo campo de conhecimento baseado em teorias, que analisavam os aspectos econômicos da sociedade a partir de análises racionais e premissas embasadas em dados, geralmente, sólidos.   Mas Smith não foi o primeiro a se levantar contra o pensamento antigo defendido pelos absolutistas que, primavam pelo mercantilismo, metalismo e balança comercial favorável (O tripé da política econômica absolitista).

Os fisiocratas (do grego “Governo da Natureza”) já haviam elaborado uma crítica às teses mercantilistas, que defendiam ardentemente que riqueza de uma nação consistia na posse de grandes quantidades de moeda- ouro e prata – e pela balança comercial favorável. Os fisiocratas argumentavam que era a posse dos bens materiais que garantia a riqueza de um país e que a terra era principal fonte de desenvolvimento sendo todo outro tipo de trabalho, que não o agrário, como secundário.

Cena de Tempos moderno -Charles Chaplin

Adam Smith, acrescentou a esta ideia, a premissa de que era o trabalho que gerava a riqueza.  Em A Riqueza das Nações, ele mostrou a que a verdadeira riqueza consistia no trabalho e que este traria o crescimento da produtividade gerando benesses a todos, e que o seu valor não se restringia ao trabalho agrícola, mas que todo tipo de produção humana era capaz de gerar valor.

Em decorrência dessa premissa sobre a produtividade do trabalho-, Adam Smith defendia a ideia individualista, segundo a qual, se cada indivíduo cuidasse somente de seus interesses econômicos, a sociedade como um todo prosperaria e, que, além disto, se auto regularia a compra e a venda no “mercado” através da famosa lei da oferta e da procura. Estava nascendo o princípio liberal que, grosso modo, pode ser resumido pela não intervenção do Estado na economia. Isto foi de fato bastante inovador, pois, até então, o Estado absolutista era extremadamente regulador da economia e direcionava desde a produção até o consumo. Agora, Smith propunha a liberdade da iniciativa privada industrial para que se expandisse cada vez mais, contra as possíveis restrições econômicas, taxações e monopólios.

Thomas Malthus (1776-1834)

Tais teorias econômicas foram consideradas otimistas por vários pensadores da economia clássica, entre os quais, o também britânico Thomas Robert Malthus. Autor de o Ensaio sobre o Princípio da População;  livro em que ele defendia que, a proposta de prosperidade de Smith, não se efetivaria na medida, em que, o crescimento populacional seria sempre maior que a produção. Ou seja, segundo ele, a produção crescia em termos aritméticos e a população em termos geométricos. Pessimista,  Malthus não acreditava na abundância e prosperidade que, segundo Smith seria trazida pelo trabalho, mas previa um cenário de escassez e fome, surtos de miséria que, aos poucos, levaria o mundo todo ao caos.  Dizia ele “O homem que nasce num mundo que já tem donos, se não puder obter de seus pais a subsistência a nenhum direito possui de reivindicar a menor proporção de alimentos e, em tem a fazer aqui. Na poderosa festa da Natureza, não há lugar para ele. A Natureza lhe diz para ir embora”. (Malthus, T.R. Ensaio sobre o Princípio da População)

Crescimento Populacional

Na visão Malthusiana, os próprios pobres são os únicos responsáveis pelas suas pobrezas pois, a seus olhos, são eles quem mais procriavam. E, para criticar o instinto natural da procriação que, em sua visão, os pobres possuíam em maior intensidade, ele constrói um argumento que, aparentemente, encontra em outra lei natural a sua justificativa. Afirma:

Em todo o reino animal e vegetal a Natureza dispersou as sementes da vida com mão profusa e liberal; mas foi relativamente mesquinha quanto ao espaço e à capacidade de alimentação necessários para sustentar tais sementes. A raça das plantas e a raça dos animais reduziram-se sob essa grande lei restritiva, e a raça do homem não pode por nenhum esforço dela escapar.(Malthus, T. R. Ensaio sobre o Princípio da População)

Malthus estava errado, na verdade, suas ideias eram racistas e visavam resguardar o acesso as benesses produzidas apenas à pequena elite dos países industrializados. Ele estava errado também porque não viu, ou não quis enxergar que as inovações tecnológicas iriam aumentar também de forma brutal a produção alimentícia para grande parte do mundo. Mesmo assim, suas teorias foram usadas para defender o controle de natalidade em países pobres e a eficácia de guerras e pestes como um mal necessário para  frear o crescimento populacional.

Infelizmente, os seus pensamentos voltaram a ganhar força com o pensamento neomalthusiano que, em pleno século XXI, defende que os recursos naturais produzidos não são suficientes para toda a humanidade e que, por conta disto, devem ser tomadas medidas radicais como as propostas por aquele velho pensador inglês.

David Ricardo (1722-1823)

 A economia clássica ganhou um novo impulso com o aparecimento da obra Princípios de Economia Política e Tributação, de autoria de David Ricardo. O inglês ampliou o pensamento de Smith ao afirmar que existe uma relação entre a renda dos trabalhadores e a renda dos proprietários e capitalistas.  David Ricardo analisa cada uma delas e conclui que a renda de cada trabalhador é suficiente apenas para prover sua sobrevivência e, consequentemente, ele está condenado a uma eterna miséria. Já os capitalistas, no que diz respeito à renda, verão seu lucros diminuírem na medida em que eles se veem forçados a gastar com o pagamento de maiores salários aos trabalhadores, enquanto, por outro lado, o esgotamento do solo fértil e a explosão demográfica, dificultará o atendimento da demanda de alimentos, o que por sua vez, provocaria uma elevação dos preços das mercadorias, encarecendo o custo de vida.

Aos poucos, tais teorias reforçam a ideia do dinheiro como um  meio de troca e  a terra a intervenção do Estado vão ficando cada vez mais representativas do passado arcaico e improdutivo.   Estava sendo ampliado a teoria do livre mercado.

John Stuart Mill (1806-1873)

John Stuart Mill ganhou reconhecimento por desenvolver a já conhecida teoria do fundo de salários. Uma espécie de fundo total disponível aos trabalhadores, a qual determinaria os salários. Mas enquanto a maior parte dos pensadores clássicos considerava esse fundo igual ao capital total, Mill o concebia como o mínimo necessário para comprar a mão-de-obra, ou seja, a força produtiva.

Resumindo, de uma forma ou de outra, todas as teorias econômicas gestadas no bojo da Revolução Industrial primavam pela divisão internacional do trabalho que davam a alguns países a função de produziriam alimentos e matérias-primas,  e a outros manufaturas, que beneficiaria, logicamente, os países industrializados, em detrimento dos países pobres que eram amplamente explorados.

Estava lançado o liberalismo clássico, que ditaria as ações governamentais dos países mais desenvolvidos durante todo o século XIX, estendendo-se até o início do século. Tal doutrina só foi revista pelos seus defensores com a quebra da bolsa de Nova Iorque, em 1929. A partir daí, a socialdemocracia ganharia cada vez mais força deixando  o liberalismo em segundo plano. Contudo, as ideias preconizadas pelo liberalismo, ressurgiram neste século sob a forma do neoliberalismo.

Ainda hoje encontramos pensadores, políticos e economistas defendendo o livre comércio, o Estado mínimo, privatizações, a ideia de um mercado auto regulado pela lei da oferta e da procura e teorias racistas para a diminuição populacional, sobretudo nos países pobres, e a supressão dos direitos trabalhistas. De fato, o mundo em que vivemos foi moldado de forma tão veemente por aqueles antigos pensadores que ainda hoje se sente a sua força empurrando as camadas pobres para o sub emprego e exploração crescente. 

Bibliografia

DICIONÁRIO de Ciências Sociais. 2. ed. Rio de Janeiro: FGV, 1987.

MARX, Karl. Divisão do trabalho e manufatura. In: _____. O capital: crítica da economia política. 11. ed. São Paulo: Bertrand Brasil-Difel, 1987. L. I. v. 1.

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