Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 22 fev 2025
Hoje foi ao ar, no canal da @oficialmangueira no YouTube, a entrevista em que compartilho a emoção de ver meu livro À Flor da Terra: O Cemitério dos Pretos Novos ganhar vida no enredo do Carnaval 2025! 🎭✨
O Cemitério dos Pretos Novos é mais do que um registro de dor — é um território sagrado da memória africana no Brasil. Ali, onde tantos corpos foram sepultados sem voz, a cultura Banto resiste em cada fragmento, revelando histórias de luta, espiritualidade e ancestralidade. Transformar essa história em samba é dar voz ao que ficou à flor da terra, permitindo que a Sapucaí se torne palco de uma profunda reflexão sobre memória e resistência.
Meu sincero agradecimento à Mangueira, que mais uma vez mostra seu compromisso com as histórias invisibilizadas, e ao talentoso carnavalesco @sidney_franca , cuja sensibilidade e criatividade trouxeram essa narrativa à luz e deu vida a um enrredo fantástico que homenageia a cultura banto de forma magistral.
Confira a entrevista completa no YouTube pelo link a baixo:
Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 04 dez 2023
“Somos chegados ao maior flagelo que eu dizia dos moradores destas Minas, enfermidade em que, certamente, se enganam todos os principiantes neste clima, assim cirurgiões como médicos, porque, fazendo o que estudaram e os autores ensinaram, nenhum efeito vêem da sua diligência ou, se o chegam a ver em um enfermo, o não vêem em um cento. Falo como experimentado e como quem também se enganou, e, achando-me mui triste naquele princípio, vendo que esta doença era muito comum e que morriam tantos escravos e se perdia tanto ouro em poucos dias”, anotou, em 1735, Luís Gomes Ferreira no seu Erário mineral, anotações feitas por ele sobre doenças vivenciadas ou observadas nas Minas Gerais no século 18. Ferreira era um dos muitos cirurgiões ou “médicos práticos” que trabalhavam no Brasil e cuja formação fora adquirida na labuta diária com os doentes. Ao contrário dos médicos, em número muito inferior e mais respeitados por sua formação acadêmica européia, práticos como Ferreira lidavam com o cotidiano das enfermidades coloniais, “experimentando” e, muitas vezes, “enganando-se”. Quando isso ocorria, ficavam “mui tristes”. Afinal, escravo morto era ouro perdido.
Assim, os cirurgiões foram amplamente empregados no Brasil, utilizando muito do conhecimento tradicional da medicina de diferentes comunidades (negros, bandeirantes etc.), mesclando-o com os conhecimentos da medicina ocidental. “Do exotismo das doenças existentes nas travessias e conquistas, da necessidade de improvisar terapêuticas e remédios, da carência de físicos nas novas terras e do vasto experimentalismo dos cirurgiões resultaram guias para a prática médica valorizados no reino e na colônia, como foi o Erário mineral”, explica Maria Cristina Cortez Wissenbach, que, em sua tese de doutorado, Matéria médica, escravidão e tráfico no Brasil, apoiada pela FAPESP, analisou os chamados manuais de medicina prática. Esses, se a princípio eram destinados ao tratamento de escravos, que serviam de “cobaias”, mais tarde foram usados para tratar do resto da população. Inusitadamente, a medicina nacional está em débito com essa pouco altruísta preocupação em manter os escravos vivos para o trabalho.
Pior: esses cirurgiões igualmente contribuíram para a otimização do tráfico escravista, escolhendo os melhores indivíduos e cuidando dos muitos que adoeciam na viagem da África ao Brasil. “Boa parte da medicina tropical nasceu a bordo dos navios negreiros”, afirma Cristina. Berço pouco nobre. Mas necessário num mundo movido pela escravidão. Afinal, numa travessia de 60 dias, era comum que mais da metade dos 500 a 800 negros amontoados nos porões morresse de varíola e, mesmo sob a supervisão dos cirurgiões, a mortalidade nos navios girava em torno de 10 a 20%. “Mas, ao cuidar de uma das fases mais importantes da comercialização dos escravos, os cirurgiões tornavam-se agudos observadores das qualidades e dos defeitos físicos, das evidências de idade, dos sintomas das doenças ou das predisposições mórbidas, que muitas vezes os mercadores procuravam esconder”, diz a historiadora. Porém, vale ressaltar, essa preocupação em conhecer as doenças dos negros era mais voltada ao mercado do que ao lado humano. Cada perda significava a diminuição do lucro. Assim na terra como no mar.
“Era mais barato explorar o escravo ao máximo e substituí-lo quando estivesse doente”, explica a historiadora. Os cirurgiões usavam o conhecimento adquirido na prática para, participantes ativos do comércio negreiro, agregar valor às chamadas “peças” rejeitadas. “Observei mais em aquele país, que homens havia de poucas posses, que se empregavam em comprar o remanescente da escravatura, a que já o Comissário não tinha comprador (…), levando-o para casa, medicando-o, e dando-lhe o sustento, e o vestuário preciso, e fazendo-o mudar de ares; convalescendo a mesma escravatura desprezada, dentro de pouco tempo a revendiam como sã, robusta e forte por muito bom preço: e que neste tráfico continuavam, entregando-se a um novo gênero de indústria”, relatou Luís Antônio de Oliveira Mendes, em texto escrito à Academia Real das Ciências em Lisboa, em fins do século 18.
Esses expedientes davam aos cirurgiões a chance de elevar seus rendimentos, já que, muitas vezes, eram o único meio de aliviar a dor dos doentes, dada a escassez de médicos formados na Europa. “Uma vez estabelecidos, esses práticos se transformavam em senhores de engenho, comerciantes abastados ou mascates, donos de lavras e o exercício das funções ligadas à saúde aparece, muitas vezes, de forma circunstancial, possivelmente como imposição de uma sociedade carente que demandava seus serviços”, esclarece a pesquisadora. A ajudar ainda mais seu enriquecimento havia o acesso difícil aos medicamentos na colônia, o que levou o Brasil a absorver facilmente a mão-de-obra dos práticos da saúde, já que eles atendiam as demandas e assimilavam os conhecimentos locais. Aos poucos, produtos europeus e orientais da medicina tradicional foram substituídos por outros da farmacopéia local. Uma característica comum entre eles é a pouca distinção que havia entre o conhecimento científico e popular, um mosaico de ensinamentos da medicina popular ibérica, indígena, africana, de sertanejos paulistas e jesuítas.
Embora, afirma a historiadora, seja impossível dimensionar a proporção entre médicos e cirurgiões existentes no país, entre os séculos 17 e 18, alguns relatos indicam que havia apenas três cirurgiões para 30 mil pessoas que habitavam Recife no início de 1700, ou não mais que dois médicos e sete cirurgiões em Belém já no final do mesmo século para uma população de 11 mil. Nas fazendas, no entanto, os escritos dos cirurgiões tinham lugar reservado nas estantes, como era o caso do tratado de José Antonio Mendes, de 1770, Governo de mineiros mui necessário para os que vivem distantes de professores seis, oito, dez ou mais légoas, ou mais tarde, já no século 19, o Diccionario de medicina popular e das sciencias acessórias para uso das famílias contendo a descrição das causas, symtomas e tratamento das moléstias; as receitas para cada moléstia (1842), de Pedro Luís Chernoviz. Da pena desses práticos surgiram, fruto da experimentação no calor da hora, os guias para as novas gerações de homens da saúde. A despeito de sua origem mais do que pragmática, essas publicações acabaram por se transformar na base da medicina tropical e suas observações, enriquecidas com o trânsito de cirurgiões por Angola, Costa da Mina, Caribe e Brasil, permitiram uma intensa circulação de conhecimentos, receitas e terapêuticas.
Basta lembrar que, ao relatar que o escorbuto era fruto de uma carência de vitamina C, os manuais ensinaram comandantes de negreiros a se abastecer com verduras e sucos de frutas cítricas para evitar a doença. Mas não apenas a eles: o mundo colonial pôde se expandir em suas fronteiras marítimas, beneficiado por esse conhecimento. Um saber que, em pouco tempo, foi enriquecido por outras experiências semelhantes, feitas em outras partes do globo. A pesquisadora, na comparação entre as várias obras analisadas em sua tese, observou inflexões no conhecimento médico que, se até a primeira metade do século 18 limitava-se às experiências portuguesas e luso-brasileiras, a partir das últimas décadas daquele século passou a absorver também o conhecimento sobre as doenças das demais áreas coloniais. O círculo vicioso, com o tempo e o fim da escravidão, transformou-se em virtuoso, salvando vidas, não importando a cor da pele. A medicina superava o pragmatismo dos lucros.
O projeto
Matéria médica, escravidão e tráfico no Brasil (1683-1850) (nº 99/03869-9); Modalidade Bolsa de Pós-doutorado; Supervisão
Silvia Lara – Departamento de História/Unicamp; Investimento R$ 65.160,00 (FAPESP)
Este texto foi originalmente publicado por Pesquisa FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.
Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 20 Maio 2023
Para criar as hipóteses de um projeto de pesquisa, é importante seguir algumas diretrizes:
É importante ressaltar que as hipóteses devem ser testáveis e passíveis de verificação empírica por meio da coleta e análise de dados. Elas devem ser orientadoras do seu estudo e direcionar o desenho da pesquisa, a seleção de métodos e as análises a serem realizadas.
Lembre-se de que a formulação das hipóteses é uma etapa crucial do projeto de pesquisa e deve ser embasada na revisão da literatura e na clareza das relações entre as variáveis.
Tema: Impacto do uso excessivo de redes sociais na autoestima dos adolescentes.
Essas hipóteses poderiam orientar uma pesquisa que envolvesse a coleta de dados por meio de questionários, entrevistas ou observações, a fim de investigar a relação entre o uso excessivo de redes sociais e a autoestima dos adolescentes.
É importante lembrar que esse é apenas um exemplo hipotético e que as hipóteses devem ser formuladas com base em revisão bibliográfica específica e conhecimento aprofundado do tema em questão.
Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 20 Maio 2023
A mudança climática é um dos desafios mais prementes que a humanidade enfrenta. O aumento das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera devido às atividades humanas está causando um aquecimento global sem precedentes, com consequências potencialmente catastróficas para o meio ambiente e a vida humana. Do aumento do nível do mar à intensificação de eventos climáticos extremos, as mudanças climáticas estão transformando nosso mundo, exigindo soluções urgentes e abrangentes para proteger nosso planeta e garantir um futuro sustentável para as próximas gerações. Neste contexto, é imperativo que compreendamos as causas e os impactos das alterações climáticas e as ações que podemos tomar para mitigá-las e adaptá-las.
As alterações climáticas são um dos maiores desafios enfrentados pelo nosso planeta atualmente. O aumento da temperatura global, a acidificação dos oceanos, o aumento do nível do mar e o aumento da frequência e intensidade de eventos climáticos extremos são apenas alguns dos problemas causados pelas alterações climáticas.
Um dos problemas mais imediatos é o aumento da temperatura global. Desde o início da Revolução Industrial, a temperatura média global subiu cerca de 1 grau Celsius, e espera-se que aumente ainda mais nas próximas décadas. Isso pode ter consequências devastadoras para os ecossistemas terrestres e aquáticos, incluindo a perda de habitat, a diminuição da biodiversidade e o colapso de cadeias alimentares.
A acidificação dos oceanos é outro problema grave causado pelas alterações climáticas. À medida que o dióxido de carbono é absorvido pelos oceanos, a acidez aumenta, o que pode ter efeitos devastadores na vida marinha. A acidificação dos oceanos pode afetar a capacidade dos organismos marinhos de produzir conchas e esqueletos, e pode prejudicar a capacidade dos peixes e crustáceos de se reproduzirem e crescerem.
O aumento do nível do mar também é um problema causado pelas alterações climáticas. À medida que as temperaturas globais sobem, o gelo polar derrete e a água do oceano se expande. Isso pode levar a inundações costeiras, erosão e a perda de habitat para animais terrestres e aquáticos.
Além disso, as alterações climáticas também podem aumentar a frequência e a intensidade de eventos climáticos extremos, como furacões, tempestades de neve, secas e ondas de calor. Isso pode ter efeitos devastadores nas comunidades locais, incluindo danos à infraestrutura, interrupção de serviços essenciais e perda de vidas.
Em resumo, as alterações climáticas são um problema grave que pode ter efeitos profundos na vida na Terra. Para enfrentar esse desafio, precisamos tomar medidas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e adotar práticas sustentáveis que protejam nosso planeta e garantam um futuro habitável para as gerações futuras.
A história tem lidado com questões relacionadas às alterações climáticas ao longo do tempo. Aqui estão alguns exemplos:
Civilizações antigas: Há evidências de que algumas civilizações antigas, como a civilização maia e a civilização khmer, foram afetadas pelas mudanças climáticas. Por exemplo, acredita-se que a seca prolongada tenha contribuído para o declínio da civilização maia.
Revolução Industrial: A Revolução Industrial, que começou no século XVIII, foi o início da emissão em larga escala de gases de efeito estufa, como dióxido de carbono e metano, que levaram ao aquecimento global. O aumento da queima de combustíveis fósseis e da industrialização levou a um aumento significativo das emissões de gases de efeito estufa, e é considerado um marco importante na história das alterações climáticas.
Século XX: O século XX foi um período de rápido crescimento econômico e aumento da população, o que levou a um aumento ainda maior das emissões de gases de efeito estufa. Além disso, durante este século, houve vários eventos climáticos extremos, incluindo ondas de calor, secas e tempestades, que foram atribuídas às alterações climáticas.
Acordos climáticos globais: Desde a década de 1990, vários acordos climáticos globais foram estabelecidos para lidar com as alterações climáticas, incluindo o Protocolo de Kyoto em 1997 e o Acordo de Paris em 2015. Esses acordos visam limitar as emissões de gases de efeito estufa e conter o aquecimento global para níveis seguros.
Em resumo, a história tem mostrado que as alterações climáticas são um fenômeno antigo, mas a nossa compreensão sobre suas causas e impactos se desenvolveu ao longo do tempo. O desafio agora é agir com urgência e determinação para mitigar e adaptar-nos às alterações climáticas, a fim de proteger nosso planeta e garantir um futuro sustentável para as gerações futuras.
Exemplos na história de quando o homem pensou que as catástrofes naturais e pandemias eram o prenuncio do fim do mundo
Um exemplo histórico de pessoas que acreditaram que as catástrofes naturais eram o fim do mundo pode ser encontrado no período medieval europeu, especificamente durante a peste negra que assolou o continente no século XIV. A peste negra foi uma pandemia que matou milhões de pessoas em toda a Europa e foi considerada uma das piores catástrofes da história da humanidade. Na época, muitas pessoas acreditavam que a peste negra era um sinal do fim do mundo e que o Apocalipse estava próximo.
Essa crença era influenciada por vários fatores, incluindo interpretações religiosas, como as profecias do livro do Apocalipse, que descrevem os sinais do fim dos tempos, além de teorias astrologicas e a visão medieval do mundo como um lugar instável e incerto, onde desastres naturais eram frequentes.
Essa visão apocalíptica da peste negra levou muitas pessoas a se entregarem ao desespero e ao fatalismo, e também à intensificação do fanatismo religioso e ações extremas, como flagelação e perseguição de minorias religiosas, como os judeus.
Embora a crença de que a peste negra era um sinal do fim do mundo tenha sido amplamente difundida na época, hoje sabemos que a pandemia foi causada por uma bactéria, a Yersinia pestis, e foi propagada por pulgas em ratos. A resposta efetiva dos governos e da sociedade para conter a pandemia foi fundamental para a superação da crise e para a recuperação da sociedade europeia.
Em conclusão, as alterações climáticas representam um dos maiores desafios enfrentados pela humanidade hoje. Os efeitos negativos dessas mudanças são sentidos em todo o mundo, desde a elevação do nível do mar e o aumento da temperatura até eventos climáticos extremos e a perda de biodiversidade. A superação desses desafios requer uma resposta global e coletiva, que inclua ações para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, o investimento em fontes de energia limpa, a adaptação às mudanças climáticas e a conscientização da população sobre a importância da preservação do meio ambiente. É necessário que governos, organizações e indivíduos trabalhem juntos para enfrentar esse desafio e garantir um futuro sustentável para as próximas gerações.
Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 29 ago 2022
Estudantes e pesquisadores precisam sempre estar atualizados, daí a importancia de veiculos de informação com conteúdos atualizados e produzidos por pesquisadores sérios e comprometidos com a pesquisa. Neste post, segue a lista das quatro principais revistas que podem servir como fonte de informação e, ou até mesmo, como um local para futuras publicações.
A revista Natureza & Conservação é brasileira, criada pela Fundação Grupo Boticário, no ano de 2003, porém, atualmente é conduzida pela Associação Brasileira de Ciência Ecológica e Conservação (ABECO). São feitas duas edições por ano, que têm em torno de 100 páginas e reúnem entre 15 e 20 artigos científicos.
O foco da revista é publicar textos sobre o tema conservação do meio ambiente. Com a relevância desse assunto no país — e a urgência mundial de tratá-lo com mais atenção —, a Natureza & Conservação é uma das revistas científicas de maior impacto no Brasil.
Criada em 1997, a Science Direct, por sua vez, tem o seu trabalho focado na área da saúde. No entanto, também aborda temas como:
A maioria dos materiais resultam de trabalhos técnicos, principalmente de assuntos relevantes do momento. Além disso, é possível encontrar capítulos de diversos livros em seu site.
Com mais de 2.500 edições, você pode ler o resumo dos artigos de maneira gratuita no site. Entretanto, caso queira ter acesso ao conteúdo completo, será necessário fazer uma assinatura na plataforma.
A Science é, provavelmente, a revista científica mais conhecida do mundo. Sua primeira publicação ocorreu no ano de 1880. Desde então, divulga descobertas e pesquisas originais de ciência e tecnologia, dos mais variados ramos, abordando também assuntos como política e sociedade.
Conduzida pela AAAS (American Association for the Advancement of Science ou Associação Americana para o Avanço da Ciência), a Science Magazine oferece, de forma gratuita e limitada, a oportunidade de ler alguns de seus artigos, com a possibilidade de assinatura para obter acesso ilimitado.
A Nature é outra das mais renomadas revistas científicas com um enorme público. Semelhante à Science, ela também oferece conteúdo interdisciplinar, com diversas especialidades. Alguns de seus artigos podem ser lidos gratuitamente, porém, com assinatura, a plataforma permite um maior acesso aos seus leitores.
Atualmente, procurar fontes de informação de confiança e de qualidade é fundamental para ter um bom aprendizado e evitar falsas notícias. Acompanhar as revistas científicas é uma das melhores maneiras de garantir isso e expandir o seu conhecimento. Portanto, escolha as suas favoritas, acompanhe as suas novidades e fique por dentro do que há de mais novo na ciência.
Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 30 jun 2022
RESENHA
Por: Pollyana Feitosa – Aluna do 5° Período de História, Universidde Federal Fluminense.
CARVALHO, José Murilo de. Os Bestializados. São Paulo: Companhia das Letras. [3ª ed., 2001.]
O historiador e cientista político José Murilo de Carvalho nasceu em Andrelândia, Minas Gerais, no dia 8 de setembro de 1939. Graduou-se em Sociologia e Política pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 1965. Obteve seu mestrado e doutorado em ciências políticas na universidade de Stanford, com tese sobre o Império brasileiro. Foi eleito para a Academia Brasileira de Ciências em 2003 e para a Academia Brasileira de Letras em 2004, tendo organizado e publicado 19 livros e mais de 100 artigos científicos. Suas pesquisas se concentram no Brasil Império e Primeira República, com destaque nos assuntos sobre a construção da cidadania brasileira e republicanismo ressaltando as suas especificidades. Suas principais obras são: A Construção da Ordem: A Elite Política Imperial publicado em 1980; Os bestializados: O Rio de Janeiro e a República que não foi (1987); Teatro de sombras: A Política Imperial (1988); A formação das almas: O Imaginário da República no Brasil (1990). Em sua trajetória acadêmica ele recebeu cerca de 12 prêmios e medalhas, dentre eles o prêmio Jabuti de ciências sociais.
Os bestializados e a república que não foi, livro objeto desta resenha, se tornou um clássico da historiografia brasileira, no qual o autor analisa o quadro de instauração do novo regime, a República. Vale a pena ressaltar, que o livro é dividido em cinco capítulos, 196 páginas e um interessante caderno de fotos ao final mostrando a visão da época. A escolha do autor de trazer estas ilustrações enriquecem a leitura e proporciona ao leitor uma experiência de imersão naquela realidade. Desse modo, o objetivo desta resenha é fazer um panorama dos capítulos e ressaltar a importância desta obra para a historiografia, seus engajamentos e metodologia.
Na introdução, o autor deixa evidente que vai debruçar-se sob a cidade do Rio de Janeiro, delimitando o seu recorte temporal que vai da transição do Império para a República, chegando até o governo de Rodrigues Alves. Ao discorrer da leitura, percebe-se que o autor dialoga com diversos intelectuais, isto por sua vez, também compõe a sua narrativa onde o autor evidencia a percepção que essas atores sociais tinham acerca do povo.
Logo no início do texto, Carvalho destaca uma frase dita pelo médico residente do Brasil, Loius Couty, que ao analisar a situação sociopolítica da população brasileira, concluiu: “o Brasil não tem povo”. Carvalho ressalta que essa frase pode ser consequência de uma distorção elitista e de um etnocentrismo francês, pois a partir da Visão de Couty, fica subentendido que o povo brasileiro não tinha qualquer consciência política e alheio às transformações sociais que ocorriam naquele tempo. Portanto, o objetivo do autor é tentar o de tecer uma reflexão sobre a prática da cidadania no Brasil República.
No primeiro capítulo, O Rio de Janeiro e a República, o autor explica que o objetivo dele é tentar descrever sumariamente a natureza das mudanças de transformações econômicas, sociais, política e cultural, e examinar as suas consequências para a vida dos fluminenses, enfatizando o impacto do novo regime, que de certa forma, estava ancorado na opinião pública. Carvalho analisa, portanto, dados de crescimento populacional, aumento do número de imigrantes, sobretudo portugueses, e as condições nas quais estes trabalhadores tiveram que conviver e se adaptarem às novas condições de vida, baixos salários, falta de moradia, escassez de empregos, saneamento básico etc. Outro ponto importante levantado neste capítulo e que a historiadora Cidinha Brito ressalta em sua análise, é a questão da “Febre especulativa”
(…) após a abolição surgiram muitos problemas econômicos que, contribuíram para uma “febre especulativa”. Desde o império, vinha sendo emitido dinheiro para pagamento de salários, que agora os cafeicultores tinham que dispor. […] “por dois anos, o novo regime pareceu uma autêntica república de banqueiros, onde a lei era enriquecer a todo custo com dinheiro de especulação” (pág. 20). A inflação, a queda do câmbio, o aumento da imigração fez aumentar o custo de vida, além dos preços altos, os moradores da cidade do rio tinham de lidar com a constante disputa por trabalho, o que foi a causa do surgimento do movimento jacobino em 1898. (Cidinha Brito, 2016.)
No capítulo seguinte, República e Cidadania, o autor ressalta que o fim do Império e o início da República foi uma época caracterizada por uma grande movimentação no campo das ideias, que em geral foram importadas da Europa, gerando, portanto, uma grande confusão ideológica, tendo em vista que essas ideias na maioria das vezes eram mal absorvidas ou de certo modo incorporadas de forma seletiva. Carvalho aponta neste capítulo para o conceito de povo, sua existência, e o fato de ter sido útil na instrumentalização da atuação política em alguns setores que lutavam pela ampliação da cidadania. Nele, o autor analisa, ainda, os conservadores e os anarquistas.
No capítulo Cidadãos inativos: a abstenção eleitoral, Carvalho inicia o texto com abordando um ponto chave para o entendimento do contexto da época, ele destaca que a efervescência ideológica nos períodos iniciais da República e as conflitantes propostas de cidadania apontavam tanto para a insatisfação com o passado, quanto para uma incerteza em relação ao futuro. Não há dúvidas de que o comportamento político brasileiro era visto como apático, porém o autor chama a atenção da necessidade de se ter cuidado, evitando uma análise apressada que, sem uma visão crítica, tome a fala da elite como verdade. O fato é que os estrangeiros buscavam no Brasil um cidadão ao estilo europeu, e se frustraram ao ver que o povo fluminense não se encaixava nos moldes eurocêntricos.
No capítulo Cidadãos ativos: a Revolta da vacina, talvez o mais conhecido e citado dentre todo o livro, o objetivo do autor é tentar capturar o que seria a concepção dos direitos e deveres nas relações entre indivíduo e Estado, analisando a maior participação popular, a Revolta da Vacina, esclarecendo a composição popular insurgente e as suas motivações. Carvalho apresenta então o contexto social do Rio de Janeiro; as reformas urbanas; as obras públicas; a questão do saneamento básico e a polêmica da implementação da vacina obrigatória contra a varíola cunhado pelo médico sanitarista Oswaldo Cruz, que, por ser obrigatórias gerou grande agitação popular. Neste momento, com maestria, Carvalho, descreve ao leitor o que aconteceu durante a Revolta, dia após dia, com riquezas de detalhes que reconstroem um cenário social caoticamente conturbado, e ressalta: “O mais importante era mostrar ao governo que ele não põe o pé no pescoço do povo”. (Carvalho, 2001:193).
No último capítulo, Bestializados ou bilontras? Carvalho ressalta que, evidentemente, havia algo no comportamento popular que ia de forma contrária ao modelo e expectativa dos reformistas tanto da elite quanto da classe operária, a ideia de cidadão ativo consciente de seus direitos e deveres capaz de organizar-se entre si. O autor salienta que o espírito associativo se manifestava nas sociedades religiosas e de auxílio mútuo, nas grandes festas onde a população entendia-se como uma comunidade. Em contrapartida, no âmbito da política a cidade não se reconhecia, segundo ele o citadino não era cidadão, portanto era inexistente a comunidade política o que explica a apatia do povo perante o Estado.
“No entanto, o povo não se envia politicamente, o poder não lhes fazia sentido nenhum, não levavam a república a sério. para eles, ‘o bestializado era quem levasse a política a sério, era o que se prestasse a manipulação’. Ao contrário do “quadro pintado” por Aristides Lobo ‘quem apenas assistia, como fazia o povo do rio por ocasião das grandes transformações realizadas a sua revelia, estava longe de ser bestializado era bilontra’.”
(Cidinha Brito, 2016.)
Desse modo, Carvalho conclui retomando a discussão iniciada no início, em torno dos seguintes temas e suas interrelações: o regime político; a cidade; e a cidadania. Explica também que, a relação da república com a cidade só serviu para agravar o “divorcio” entre as duas e a cidadania. Para a maioria dos cidadãos o poder permanecia fora do alcance, e por isto o povo parecia um mero figurante nestas questões. Neste sentido, a partir do impedimento de ser ou fazer parte desta República, o povo formou várias repúblicas através das associações, instituições e manifestações sociais construído assim a sua própria identidade coletiva.
À guisa de conclusão, podemos dizer que as fontes utilizadas pelo historiador são claras e o seu uso consistente, demonstra o seu vasto repertório. Seus argumentos e as suas análises são construídas de forma muito bem estruturada e os capítulos sempre se complementam. O autor faz uso de uma vasta fonte bibliográfica, além do uso de um vasto acervo documental.
De modo geral, apesar de ter seu trabalho reconhecido no meio acadêmico e um constar entre os clássicos da Historiografia, ele pode e deve ser lido pelo grande público, que encontrará uma linguagem clara e inteligente se tornando uma leitura obrigatória para todos os que quiserem entender o que foi a República que não foi.
CARVALHO, José Murilo de. Os Bestializados. São Paulo: Companhia das Letras. [3ª ed., 2001.]
E. P. Thompson, “Costumes em comum. Estudos sobre a cultura popular tradicional”, Companhia das Letras, 1998.
E. P. Thompson, “A história vista de baixo”, Editora da Unicamp, 2001
BRITO, Cidinha. Livro de José Murilo de Carvalho destaca o fato da instauração do novo regime ter passado despercebido pela sociedade da época. Biblioo cultura informacional, 2016. Disponível em: https://biblioo.info/os-bestializados-rio-de-janeiro-e-a-republica-que-nao-foi . Acesso em 30 ago. 2021.
CARVALHO, José Murilo de. A nova historiografia e o imaginário da República. Revista do programa de Pós-Graduação em história, 1993. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/anos90/issue/view/599 . Acesso em 30 ago. 2021.
(mais…)Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 02 dez 2021
Sem Comentários
Pode-se destacar como sendo Iluminismo um movimento de idéias que teve a sua origem no século XVII, e encontrou na França do século XVIII, com Revolução Francesa, o seu principal efeito.
Esse movimento de idéias valorizava a razão e a entendia como principal instrumento para se atingir o progresso, lidando com a natureza e com a sociedade.
A razão, por esses pensadores, era entendida como “a luz”, essa se oporia às trevas da ignorância e da intolerância da tradição cultural e institucional. A produção do Iluminismo tem três aspectos como pontos básicos, que são:
OS PRINCIPAIS PENSADORES
Outro economista que se projeta dentre os economistas liberais é Adam Smith, que ao contrario dos fisiocratas, via no trabalho produtivo a fonte de riqueza e não na agricultura.
DESPOTISMO ESCLARECIDO
Sob a influência das idéias iluministas países como Prússia, Rússia, Áustria, Espanha e Portugal promoveram reformas que buscavam implementar as idéias do liberalismo, mas tendo como objetivo manter as estruturas do absolutismo.
INFLUÊNCIAS DO ILUMINISMO
O Iluminismo como instrumento de crítica as características do antigo regime favoreceu aos interesses da burguesia, que buscava maior participação política, que fosse proporcional ao seu fortalecimento econômico. Na França, esse movimento de idéias foi a base da revolução francesa.
Mas não foi somente na França que as ideias iluministas promoveram mudanças, elas influenciaram também a independência das 13 colônias a conjuração mineira e a conjuração baiana.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
1 – (UFMG) Assinale a alternativa que apresenta um princípio filosófico do Século das Luzes.
a) Crença na razão como fonte pra a crítica social e política
b) Defesa do ideal monárquico para a garantia da unidade política
c) Idéia do direito divino dos reis para legitimar o absolutismo
d) Idéia de indivisibilidade do Estado em poderes independentes.
Resolução: a alternativa correta é a letra A, já que os iluministas acreditavam no uso da razão como um importante instrumeneto de leitura e intervenção no mundo. Os pensadores iluministas em suas diversidades criticavam o antigo regime, como um deles apresentava a idéia de divisão de poderes: Judiciário, legislativo e executivo.
2 – .(UFG) O lluminismo como movimento intelectual do século XVIII, representou:
a) As idéias revolucionárias da burguesia.
b) O renascer do pensamento clássico grego-romano.,
c) A revolução ideológica da aristocracia.
d) A expansão do pensamento religioso.
e) O fortalecimento do estado absolutista
Resolução: O iluminismo trouxe em suas idéias e criticas alternativas que iam de encontro aos interesses burgueses. As revoluções influenciadas pelos pensadores das luzes tiveram como principais vitoriosos os burgueses que conseguiram a sua participação no poder.
3-(FUVEST ) Sobre o chamado despotismo esclarecido é correto afirmar que:
a) foi um fenômeno comum a todas as monarquias européias, tendo por característica a utilização dos princípios do lluminismo.
b) foram os déspotas esclarecidos os responsáveis pela sustentação e difusão das idéias iluministas elaboradas pelos filósofos da época.
c) foi uma tentativa bem intencionada, embora fracassada, das monarquias européias reformarem estruturalmente seus Estados.
d) Foram os burgueses europeus que convenceram os reis a adotarem o programa de modernização proposto pelos filósofos iluministas.
e) foi uma tentativa, mais ou menos bem sucedida, de algumas monarquias de reformarem, sem alterá-las, as estruturas vigentes.
Resolução: a resposta é a letra E, já que o Despotismo Esclarecido foi a tentativa de algumas monarquias absolutistas, onde a sua burguesia não era tão forte, de promover reformas.
EXERCÍCIOS DE CONCURSOS
1 – (FGV – CGA) As idéias “iluministas” atingiram até mesmo alguns monarcas absolutos, que trataram de empreender reformas inspiradas pelas Luzes. Dentre os soberanos apontados abaixo, qual não pode ser considerado um “déspota esclarecido”?
a) Catarina, a Grande, da Rússia;
b) José II, da Áustria;
c) Frederico II, da Prússia;
d) Gustavo Adolfo, da Suécia;
e) Carlos III, da Espanha.
2 – (FGV – CGA) Na segunda metade do século XVIII alguns monarcas europeus adotaram princípios do Iluminismo buscando reafirmar, a partir destes, seus poderes absolutos. Considerando essa afirmação não é correto afirmar que:
a) Entre esses déspotas esclarecidos estava Frederico II, seguidor de Voltaire, que permitiu a liberdade de culto na Prússia;
b) Os monarcas mais destacados desta corrente foram: Frederico II (Prússia), Catarina II (Rússia) e José II (Áustria);
c) Catarina II (Rússia) não apenas manteve os direitos dos proprietários da terra sobre os servos como permitiu aos primeiros o direito de condenação à morte dos segundos;
d) Em Portugal, o Marques de Pombal, ministro de José I, foi o responsável pela perseguição à nobreza e ao clero buscando fortalecer o poder real;
e) José II (Áustria) foi o mais descompromissado dos monarcas na aplicação dos princípios iluministas.
3– (FUVEST) “Um comerciante está acostumado a empregar o seu dinheiro principalmente em projetos lucrativos, ao passo que um simples cavalheiro rural costuma empregar o seu em despesas. Um freqüentemente vê seu dinheiro afastar-se e voltar às suas mãos com lucro; o outro, quando se separa do dinheiro, raramente espera vê-lo de novo. Esses hábitos diferentes afetam naturalmente os seus temperamentos e disposições em toda espécie de atividade. O comerciante é, em geral, um empreendedor audacioso; o cavalheiro rural, um tímido em seus empreendimentos…”
(Adam Smith, A Riqueza das Nações, Livro III, capítulo 4)
Neste pequeno trecho, Adam Smith
a) contrapõe lucro a renda, pois geram racionalidades e modos de vida distintos.
b) mostra as vantagens do capitalismo comercial em face da estagnação medieval.
c) defende a lucratividade do comércio contra os baixos rendimentos do campo.
d) critica a preocupação dos comerciantes com seus lucros e dos cavalheiros com a ostentação de riquezas.
e) expõe as causas da estagnação da agricultura no final do século XVIII.
4 – (PUC-MG) A partir do século XVI, a palavra T R A B A L H O perde seu conceito negativo associado à idéia de pobreza e sofrimento, adquirindo uma conotação positiva de dignidade, porque:
a) o trabalho passa a ser exercido também pelas classes dominantes.
b) a campanha pela abolição do trabalho escravo na América se intensifica.
c) os equipamentos das manufaturas exigem trabalhadores qualificados.
d) o trabalho é fonte de toda a produtividade e riqueza material.
e) a doutrina calvinista justifica o trabalho como fonte de salvação.
5- (PUC-MG) São princípios fundamentais do liberalismo econômico no século XVIII, EXCETO:
a) combate ao mercantilismo.
b) defesa da propriedade coletiva.
c) liberdade de contrato.
d) livre concorrência e livre cambismo.
e) divisão internacional do trabalho.
6 – (PUC-MG) As idéias dos diversos filósofos do Iluminismo, que tanta importância exercem nos movimentos sociais dos séculos XVIII e XIX, têm como princípio comum:
a) a república como único regime político democrático.
b) a razão como portadora do progresso e da felicidade.
c) as classes populares como base do poder político.
d) o calvinismo como justificativa de riqueza material.
e) a igualdade social como alicerce do exercício da cidadania.
7 – (PUC-MG) O Iluminismo representa a visão de mundo da intelectualidade do século XVIII, NÃO podendo ser apontado como parte do seu ideário:
a) o combate às injustiças sociais e aos privilégios aristocráticos.
b) o fortalecimento do Estado e o cerceamento das liberdades.
c) o anticolonialismo e o repúdio declarado à escravidão.
d) o triunfo da razão sobre a ignorância e a superstição.
e) o anticlericalismo e a oposição à intolerância religiosa.
8 – (PUC – PR) O Iluminismo foi uma filosofia nascida na Inglaterra e atingiu seu maior esplendor na França, no século XVIII, tendo por representantes Voltaire, Montesquieu, Rousseau, etc. Uma das suas características foi a seguinte:
a) Defender os ensinamentos das Igrejas Católica e Protestante.
b) Ensinar que o homem não é livre, mas marcado pelo determinismo geográfico.
c) Combater o absolutismo real e pregar o liberalismo político.
d) Pregar a censura para os espetáculos de circo e de teatro.
e) Recomendar a pena de morte como maneira de coibir a criminalidade.
9 – (PUC – RJ) “O nosso século é chamado o Século da Filosofia por excelência. Se examinarmos sem prevenção o estado atual dos nossos conhecimentos, não se pode deixar de convir que a filosofia registrou grandes progressos entre nós. (…) Assim, desde os princípios das ciências profundas até os fundamentos da Revelação, desde a metafísica até as questões de gosto, (…) desde as disputas escolásticas dos teólogos até os objetos de comércio, (…) tudo foi discutido, analisado e, no mínimo, agitado.”
D’Alembert
(apud. Ernst Cassirer. A filosofia do Iluminismo. pp 20-21)
As palavras de D’Alembert nos remetem a algumas das características das idéias e concepções do movimento iluminista. Entre elas podemos identificar:
I – A valorização da filosofia como campo de reflexões estritamente direcionadas para a crítica das ciências da natureza.
II – A defesa de uma concepção de história associada ao ideal de progresso e contraposta aos valores da tradição.
III – A secularização de todos os domínios de conhecimento, incluindo-se aqueles relacionados à moral, à religião e às relações sociais.
IV – A defesa da razão e da experiência como instrumentos centrais para a produção de todos os conhecimentos e valores pertinentes ao homem e às suas sociedades.
Assinale:
a) se somente as afirmativas I e II estão corretas.
b) se somente as afirmativas I e IV estão corretas.
c) se somente as afirmativas II, III e IV estão corretas.
d) se somente a afirmativa III está correta.
e) se todas as afirmativas estão corretas.
10-(PUC – RJ) Assinale a opção em que se encontra corretamente identificado um dos preceitos fundamentais da Fisiocracia:
a) “O ouro e a prata suprem as necessidades de todos os homens.”
b) “Os meios ordinários, portanto, para aumentar nossa riqueza e tesouro são o comércio exterior.”
c) “Que o soberano e a nação jamais se esqueçam de que a terra é a única fonte de riqueza e de que a agricultura é que a multiplica.”
d) “Todo comércio consiste em diminuir os direitos de entrada das mercadorias que servem às manufaturas interiores (…)”
e) “As manufaturas produzirão benefícios em dinheiro, o que é o único fim do comércio e o único meio de aumentar a grandeza e o poderio do Estado.”
GABARITO
Exercícios Propostos
1- movimento de idéias que teve a sua origem no século XVII.
2- reformas promovidas por alguns paises absolutistas com o intuito de implementar as idéias do liberalismo, mas tendo como objetivo manter as estruturas do absolutismo.
3- os burgueses entendiam nas idéias iluministas um argumento através do qual conseguiriam uma maior participação política e assim, consolidar os seus interesses.
4- o Iluminismo influenciou o movimento de Independência dos EUA, a Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana, como também a Revolução do Haiti.
5- os economistas liberais criticavam o mercantilismo, uma vez que eram contrários a intervenção do Estado na economia.
6- a soberania como sendo do povo, que o Estado deveria agir de acordo com a vontade da maioria. O povo a exerceria através do voto universal
7- foi uma produção literária que reunia uma crítica sistemática aos valores que marcavam a Europa no século XVIII.
Exercícios de Concursos
Bibliografia
Aquino, Denize e Oscar – Ed. Ao Livro, História Geral Ao livro Técnico
ARRUDA José Jobson – Ed. Ática, Toda a História
KOSHIBA, Luiz – História – Ed. Atual
Sites
http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=179 acessado em 8/01/2007
Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 21 out 2021
Sem Comentários
“Se a humanidade teve origem em África, é possível que também ali tenha surgido a arte.”
Frank Willet, Arte Africana, 2017.
Frank Willett (1925 – 2006), estudioso da considerado pela crítica especializada mundial autor da melhor introdução geral à arte africana. Desde que lançou a sua obra: Arte Africana, em 1971, seu trabalho tem contribuído de forma singular para com estudo da arte deste continente antes tão mal compreendido. Nela, Willett utiliza uma linguagem acessível, desconstruindo velhos estereótipos e estimulando-nos na busca pelo aprofundamento do conhecimento de África através da produção artística.
Neste breve artigo, farei um breve resumo da obra, para aqueles que quiserem conhecer mais o trabalho deixando minhas impressões e comentários, que poderão ser uteis aqueles de alguma forma, como algum tipo de apontamento. Fica claro que, nossa contribuição é ainda muito modesta perto do tamanho da obra e não se propõe a esgotar o tema, muito menos se coloca como uma análise exaustiva de um livro tão profundo quanto denso, um feito que demandaria uma pesquisa mais aprofundada e devidamente apresentada em círculos acadêmicos voltados para esta discussão.
Pelo contrário, este texto se coloca apenas como breve introdução, deixada aos meus alunos e colegas que, como eu, amam o continente africano e tudo o que ele produz. Espero que seja de algum proveito. Sendo assim, vamos as minhas observações.
Artefato africano, sem identificação do autor, em exposição no Museu Afro Brasil, em São Paulo
Neste texto, iremos analisar apenas o capítulo 2, por entender que seria aquele que melhor sintetizaria a forma como educadores e professores de História da África poderiam aproveitar suas contribuições acrescentando as suas aulas, uma visão inovadora e crucial para quebrar os preconceitos ainda existente em sala de aula em torno da arte produzida pelos africanos e as suas contribuições para o mundo.
Para produzir estas impressões, não apenas estudei o trabalho de Willet, quanto busquei me aprofundar no assunto, pesquisando e buscando informações com especialistas como o professor …. cuja agradável conversa, nos rendeu um podcast, que também está disponível nas plataformas digitais bem como neste meu site.
O trabalho de Willett não apenas esclarece os contextos ecológicos e sociais da criação estética africana como também faz leituras altamente precisas de sua linguagem, suas estruturas seus estilos. De uma parte, mostra-nos, por exemplo, a relação entre floresta, tipos de madeira, sociedade sedentária e produção escultórica.
Capa da obra
No capítulo 2, intitulado “O desenvolvimento do estudo da arte africana”, aqui analisado, Willett apresenta uma crítica aos diversos estudos que abordavam a arte africana de acordo com a perspectiva eurocêntrica que reproduzia, ainda, uma noção de arte “primitiva”, se contrapondo a diversas descobertas no campo da arqueologia. Nesta seção, o autor demonstra, brilhantemente, que a sofisticação presente na arte africana não se trata-se de um esmero acidental, nem se encontra desconectada das ideias e práticas das populações africanas contemporâneas como sugeriram diversos pesquisadores europeus.
Na página 40, por exemplo, o autor discute o termo primitivo, o qual segundo ele, o termo “arte primitiva” tal como ficou conhecido é um legado dos antropólogos do século 19 que viam a Europa da época como ápice da evolução social, por isto, o mais correto seria dizer correto seria dizer arte africana tradicional ou arte tradicional africana segundo ele o termo primitivo refere-se a uma definição etnocêntrica que, não cabe em nossos dias tendo em vista que já carrega em si, uma hierarquia que coloca a produção africana em escala de inferiorização e preconceito.
Segundo ele, a forma mais antiga de arte que conhecemos é a rupestre não plástica ou seja pinturas entalhadas em superfícies de pedras lisas, as quais ainda, no início do século 20, tenham parecido menos importantes que a escultura, embora os avanços mais estimulantes na arte africana contemporânea ainda encontram-se na pintura e nas artes gráficas, e não na escultura.
A partir da página 40 ele começa a traçar o desenvolvimento da história da Arte Africana. Ele ressalta que a primeira descoberta das pinturas rupestres da idade da pedra, na Europa, foi feita em Altamira no ano de 1878, mas não foi senão na primeira década do século 20 que sua antiguidade foi amplamente reconhecida. Um dos primeiros autores foi Gottfried Semper, que escreveu o livro o Estilo nas artes técnicas e tectônicas, ou estética prática que surgiu no início dos anos 1860. Arquiteto, Semper estava interessado principalmente nas formas arquitetônicas sua premissa era de que uma vez que a primeira necessidade do ser humano era proteção para si e para a sua fogueira ele passou a trançar gramíneas para protegê-las do vento.
Semper passou a desenvolver a ideia de que o homem teria desenvolvido a técnica do entrelaçamento produzido um padrão que o levou ao desenvolvimento das técnicas e dá de tecelagem. Essa linha de raciocínio que se baseava na ideia da busca deliberada de padrões foi convertida pelos discípulos de Semper em um sistema determinista e materialista usado para explicar todas as formas artísticas não ocidentais.
Willett acredita, e eu concordo, que este pensamento seja frágil demais, pois, segundo o que ele mesmo diz, Semper e seus seguidores não possuíam dados que sustentassem a esta hipótese. Seguindo neste desenvolvimento da Arte Africana construída por Willet, ele nos apresenta em seguida Max Schmidt, etnólogo que publicou seus estudos indígenas no Brasil central em 1905 nos quais demonstrou como os motivos desenvolvidos nas técnicas de entrelaçamento foram aplicados na decoração das cerâmicas. No entanto, segundo Willett, Schmidt, claramente, montou os dados para adaptá-los à hipótese de Semper, ao invés de construir hipóteses que se adequassem aos dados. Smith ignorou por exemplo os motivos espirais e as linhas ondulantes que, embora geométricos, dificilmente teriam sido produzidos através do entrelaçamento em linha reta. Esse teria sido que podemos chamar de uma fase marxista da história da arte africana.
Segundo Willett, esses primeiros estudos estavam preocupados exclusivamente nos ofícios. Willhen Worringer, historiador e teórico da arte alemã, publicou um estudo teórico filosófico em 1908 em que rejeitou essa base tecnológica de origem da arte. Para Worringer toda a arte era basicamente uma expressão da volição, embora, muitas vezes, esta pudesse modificada pelo seu propósito. Ele era um evolucionista e estava convicto de que as primeiras formas artísticas de formas geométricas que conduziram de modo lógico inevitável ao naturalismo, portanto ele rejeitava que as pinturas figurativas rupestres do sul da França fossem obras de arte, e repudiava “os feitos artísticos” dos africanos nativos “e da maioria dos povos primitivos”, excetuando-se apenas aqueles que exerciam dons ornamentais
O estudo do ornamento tomou uma nova direção com os trabalhos do antropólogo Franz Boas que publicou a obra “um estudo sobre a arte decorativa dos índios da Costa Norte do pacífico da América do Norte”, publicado em 1897 e mais tarde incluído em seu livro “arte primitiva” de 1927. Nunca é de mais lembrar, embora o autor não cite, Franz Boas vai alterar não apenas o curso da História da Arte Africana, como vida de um outro jovem sociólogo em visita aos Estados Unidos, Gilberto Freyre.
Nessa obra, Boas demoliu a teoria da degeneração; sua obra se referia mais ao ornamento do que às culturas. Boas acreditava que a arte não poderia existir antes que o artista desenvolvesse perícia suficiente para dominar o seu material e assinalava também que, embora a forma, assimetria e o ritmo, no conjunto, tenham um efeito estético em si mesmo, a forma também poderia transmitir sentidos, o quê acrescentaria um valor emocional acentuando-se o efeito.
Sensacional, e inovador para época, pois o africano poderia ser visto agora como uma pessoa, pois apenas pessoas são capazes de transmitir a emoção, possuem alma, algo impensado dentro da lógica determinista e evolucionista vigente no século anterior.
Boas dividia a arte em duas categorias: arte representativa, hoje conhecida como representacional; e simbolismo, anteriormente conhecida como geométrica. Para ele, na arte representativa: forma e conteúdo são igualmente importantes, enquanto na arte simbólica o conteúdo é muito mais importante que a forma.
Tais estudos levaram à conclusão importantíssima, a de que a mesma forma pode transmitir distintos significados em diferentes sociedades,
ou seja, forma e conteúdo não podem ser considerados separadamente em estudos de desenvolvimento ao longo do tempo.
Mas um outro clássico, de maior alcance do que os já citados, por situar os problemas da arte e da decoração no contexto mais amplo da cultura material, foi o trabalho do antropólogo R. U. Sayce. Em seu livro Artes e ofícios primitivos ele, de maneira ampla e critica, baseado em estudos anteriores, fez menções cautelosas sobretudo à convergência de desenhos para os clientes de fontes totalmente distintas.
Como característica geral desse primeiro momento, além de podemos citar o forte apelo marxista é o de concordarmos com o fato de que as técnicas de tecelagem, seja em esteiras ou cestos, tendem a produzir motivos de caráter geométricos, o que podemos chamar de “tecnomorfos”, ou seja, a forma que derivada da técnica. Portanto é provável que qualquer sociedade tenha desenvolvido seus próprios “tecnomorfos”, ou seja, as diversas manifestações de tecnologia em uma dada sociedade.
“como existe uma forte possibilidade que tais motivos tenham uma origem independente dentro da sociedade, são inadequados como indicadores da influência de uma sociedade sobre a outra”
(Frank; 2017, P. 43).
O estudo da escultura como algo distinto do ornamento começou nos últimos anos do século 19 quando a maior parte da literatura seguia uma das duas abordagens, a etnológica, similar a de Franz boas ao considerar que o conhecimento do conteúdo de uma obra de arte é fundamental para sua compreensão e até para sua apreciação, e a noção estética, que acreditava que tal conhecimento era desnecessário para sua apreciação. Segundo Frank as duas escolas têm se aproximado gradualmente, antropólogos vem prestando atenção à história da arte, e os críticos de arte tem prestado mais atenção ao contexto cultural da arte africana “afinal, dificilmente seria possível separar a forma do conteúdo em sociedades nas quais o artista é um membro integrante da comunidade, não um indivíduo empenhado em expressar uma visão puramente pessoal.” (Página 45, 46)
Segundo Frank os antropólogos a princípio, tratavam as culturas apenas com um elemento religioso, mas com o tempo passaram anotar a divergência das proporções naturais reveladas nas peças. Um destes primeiros antropólogos foi Léo Frobenius que em 1896 escreveu sobre a arte dos povos não europeus sugerindo que estes possuíam o impulso de copiar formas naturais e que tais cópias transmitiam ideias e significado, ou seja, que seu conteúdo conferia significado a forma. Essas reações são culturalmente determinadas, por isso a forma tem aquele significado apenas para a sociedade a qual pertence.
“Mas foi somente entre 1904 e 1905 que a arte africana começou a produzir o impacto significativo” (Página 47.) Foi quando Derain comprou uma peça africana e mostrou-a a Picasso e Matisse que também ficaram bastante impressionados com ela. A revolução da Arte do século XX estava em curso ali,
O autor, então, passa a descrever o impacto da arte africana sobre os trabalhos de artistas europeus como: André Derain, Henri Matisse, Georges Braque, Pablo Picasso e Juan Gris. Ao final, ele alerta para o fato de que mesmo quando artistas e pesquisadores europeus e norte-americanos abordaram a arte africana com benevolência, ainda assim estavam imbuídos de pensamentos etnocêntricos que não levam em consideração os propósitos das comunidades e dos indivíduos africanos que produziram as obras.
Por tanto, o trabalho de Willett, sobretudo neste capitulo aponta para para o fato de que, mesmo quando artistas e pesquisadores europeus e norte-americanos, tratam a arte africana com afeição, isto não quer dizer que estejam livres de prejulgamentos etnocêntricos que, por sua vez, desconsideram os propósitos das comunidades e dos indivíduos africanos que produziram as obras, ou seja, o meio social em que a obra foi produzida.
A obra de Frank Willet nos ajuda a pensar como o preconceito estava presente no inicio da História da Arte, em relação à produção do continente africano, e como tal pensamento permaneceu mesmo durante o século 20, em confronto com estudos etnológicos que procuraram vencer tais amarras e libertar as amarras que prendiam o espirito criativo africano ao conceito de primitivo e usual.
Fiorotti, Silas. A sofisticação da arte africana não é mero acidente. Revista A Pátria, 13/03/2021. Disponível em: https://apatria.org/cultura/a-sofisticacao-da-arte-africana-nao-e-mero-acidente/
Willett, F. African Art. 3.ed. London: Thames & Hudson, 2003. [Edição brasileira: Edições Sesc / Imprensa Oficial, 2017.]
Einstein, C. Negerplastik
[Escultura negra]. Florianópolis: Edufsc, 2011 [1915];
Munanga, K. A dimensão estética na arte negro-africana
tradicional. In: Página do MAC-USP, São Paulo, 07/6/2006.;
O’Neill, E.; Conduru, R. (orgs.). Carl Einstein e a arte da África. Rio de Janeiro: Eduerj, 2015.
Price, S. Arte primitiva em centros civilizados. Rio de Janeiro: Edufrj, 2000.
Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 13 Maio 2021
O Brasil completa hoje 133 anos de abolição. Nesta data, a Princesa Isabel assinava a chamada Lei Áurea que extinguia a escravidão no Brasil, no entanto, na prática pouca coisa mudou em relação aos milhares de escravizados trazidos de África e seus descendentes em relação ao racismo, ao preconceito e à cidadania plena.
Ainda precisamos estudar com afinco tudo do que estava envolvido por traz daquele documento oficial que colocava fim a escravidão que, se por um lado não representou mudanças positivas para os milhares de afrodescendentes e africanos no Brasil, por outro custou caro ao Império que amargaria um golpe no ano seguinte, dado pelos militares ao proclamarem a República, uma vez que tal ação motivou uma grande insatisfação por parte da maioria dos fazendeiros do Vale do Paraíba e fazendeiros do Nordeste que ficaram insatisfeitos com a princesa que, de uma caneta só extinguia a famigerada escravidão.
Algumas reflexões devem ser feitas ao olharmos para trás e, talvez a acuidade histórica seja necessária para que analisemos o ocorrido sem os mantos da paixão, nem o pessimismo que tem tomada conta de setores mais radicais de diversos movimentos e grupos que insistem em apontar os erros da Abolição. É claro que este espaço é muito pequeno e o que me proponho a fazer aqui é apenas uma proposta, por isto me perdoe se eu parecer simples de mais em minha analise, é que um blog não nos permite o espaço e a voz desejados. Vamos a ela:
E isto não é uma informação simples, pense, a disputa política colocada no século XIX que tomava conta dos jornais colocava o embate entre os abolicionista que, grosso modo, em 1879, possui um grupo de parlamentares como uma resposta à crescente onda de agitações e manifestações sociais pelo fim da escravidão. No Parlamento formaram-se duas tendências: uma moderada, que defendia o fim da escravidão por meio de leis legais cujos defensores foram Joaquim Nabuco, José do Patrocínio e Jerônimo Sodré e, a outra mais radical, porque defendia a ideia de rebeliões e agitações sociais. O fato é que nenhuma previa medidas de inclusão dos negros na sociedade. Na verdade, não era esta a questão colocada e sim o fato de se colocar um ponto final no sistema odioso o qual o governo, ha 17 anos, tentava cozinhar em banho-maria, com o intuito de não desagradar os grandes fazendeiros e latifundiários. Logo, naquele momento se fez o melhor que acreditavam estar fazendo, embora, os intelectuais tivessem a percepção de que era pouco, tratava-se apenas de um ponta pé inicial para o fim da dos males provocados por 300 anos de regime escravista.
Os 17 anos de luta do movimento gerou suas três leis abolicionistas:
Lei do Ventre Livre (Lei Rio Branco),
de 28 de setembro de 1871. Elaborada e aprovada pelo gabinete conservador do Visconde do Rio Branco. De acordo com essa lei, os filhos de escravos nascidos a partir da data de sua aprovação eram considerados livres. No entanto, ela mantinha o direito dos senhores ao trabalho dessas crianças até os 21 anos. Na prática, significou que a escravidão destas crianças, pois se não eram no papel era por ato, pois tais crianças, nascidas após esta data continuavam nas fazendas, com o senhor, logo também viviam como escravos.
Lei dos Sexagenários (Lei Barão de Cotegipe), de 28 de setembro de 1885. Foi elaborada pelo gabinete liberal de José Saraiva e promulgada pelo gabinete conservador do Barão de Cotegipe. Essa lei tornava livres os escravos com mais de 60 anos, depois de três anos de trabalho, e libertava imediatamente os que tivessem mais de 65. Na verdade, a lei favorecia os fazendeiros, pois eles se livravam dos poucos escravos que chegavam a essa idade e já não tinham mais condições de trabalhar.
Lei Áurea, de 13 de maio de 1888. Foi elaborada pelo gabinete conservador de João Alfred e sancionada pela princesa Isabel, durante a ausência do imperador Pedro II, que se encontrava em viagem pela Europa. A lei determinou a libertação imediata dos escravos, que na época calculava-se em torno de 700 mil.
2. Não atingiu a todos os negros.
Muitos escravizados já haviam fugido ou conquistado a sua liberdade, assim, estudos recentes apontam que muitos dos escravos já estavam alforriados quando a lei foi promulgada. A lei já nasceu tarde, só não diria morta porque forçou, por força da lei, o fim de um regime esgarçado a um limite e insuportável. Há registros na imprensa da época da intensa participação de populares, numa rede de solidariedade à causa da abolição: no Ceará, jangadeiros negavam-se a transportar escravos para dificultar os negócios dos traficantes, mesmo que esses lhes oferecessem altos preços; militares recusavam-se a perseguir escravos fugidos; ferroviários escondiam negros nos trens ajudando-os nas fugas mascates ajudavam na distribuição dos panfletos a favor da abolição. Alguns grupos, como os caifazes, de São Paulo, liderados por Antônio Bento, chegavam a infiltrar-se nas senzalas para organizar a fuga dos escravos.
Por outro, lado, a noticia da abolição não chegou em todos os lugares com a mesma força que na capital, em muitos lugares nos rincões do sertão, escravos continuaram trabalhando da mesma forma até que de fato a lei se fizesse valer. Sem ter para onde ir, onde morar e onde comer e trabalhar, não foram poucos os que permaneceram nas fazendas em que foram cativos perpetuando os laços escravistas.
3. A Abolição não foi um presente
De fato, o regime escravista perdia a sua legitimidade dado a articulação de setores civis, escravizados e intelectuais negros. Ao lado disto, senhores e escravos negociam o pagamento de salários, autonomia e liberdade. A situação da escravidão era mesmo insustentável e, desta forma, o Estado precisava se antecipar e o fez.
parecia um presente da Princesa Isabel”
O Império se apresentou como doador de benesses se colocando no jogo de aparência ao lado dos escravos, isto é verdade, no entanto, não se pode esquecer que estávamos vivendo na monarquia e, em tal regime, todas as “bondades” vêm do Trono, por tanto, era natural que a Abolição fosse vendida assim, quando na verdade foi fruto de luta, muita fuga, muita morte e muito debate que logo foram minimizados e colocados em segundo plano para que a princesa pudesse assumir a cena e colher os louros do seu ato de “bondade”. Podemos até criticá-la e o fazemos, só não nos esqueçamos de contextualizar a sua ação dentro dos quadros das antigas monarquias
4. Não há generosos na História
Não há generosidade na história, e a princesa Isabel não foi uma figura caridosa que pensava nos escravos, mas também não podemos criticar a lei pelo fato de que não havia as condições necessárias para inclusão do negro na sociedade, pensar assim chega a ser até ingênuo, pois não observa o intrincado jogo político que estava colocado no segundo quartel do século XIX.
O problema é muito mais profundo e é de ordem estrutural. Nem ela, nem a sociedade estava atenta à questão da liberdade do escravizado. Na verdade, nunca se pensou no negro neste país. A nossa sociedade foi fundada e estruturada no racismos como elemento fundamental para a manutenção do status quo. Sendo assim, não era um problema para elite agrária a questão social dos escravos; pelo contrário, a importação de mão de obra imigrante estava sendo colocada como a solução não apenas para a nova forma de exploração capitalista, mas o projeto de branqueamento da nação. O negro era suportado, mas não querido em sua terra, por isto, não houve nenhum pensamento nesta perspectiva.
Contudo, criticar a lei me parece muito raso, quando sabemos que leis no Brasil, em geral, leis não pegam ou não funcionam como deveriam, só para citar um exemplo; quantas pessoas você conhece que foram presas por racismo? acredito que nenhum ou muito pouco diante da quantidade de crimes que são cometidos diariamente, porém, a lei Caó (Lei 7.716/1989) existe desde de 1989. Diríamos que a lei não é boa? que não significou um avanço? é claro que não, o problema não é a lei e sim a sua implementação.
Conclusão
De fato não temos muito o que comemorar hoje, nosso povo negro ainda é discriminado e vive de forma sub-humana, mas atacar a abolição não ajuda muito, pelo contrário, ela deve ser um marco para reivindicações urgentes. Fazê-la valer está na pauta da hora, negá-la só enfraquece a nossa luta e diminui a nossa história.
(mais…)Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 07 abr 2021
Many years ago, in the African continent, millions of Africans were brought to other countries within the condition of slavery, from which came the origin of the African Diaspora.
Nearly 10 million of the African slaves were brought to the Americas. Of these 10 million, 6 million were brought to Brazil to labor in sugarcane fields, in the mines and on coffee plantations. Of the Africans who were brought approximately 60% were sent to the Southeast region. Many of these Africans were from the linguistic and cultural group known as the Bantu.
Upon disembarking from the slaveship in Valongo, in the city of Rio de Janeiro, the enslaved were inspected at the Customs, counted and landed in the direction of the slave markets in Valongo. Those who arrived dead, or died in the sale stalls, were taken to the Black New Cemetery (Cemitério dos Pretos Novos).
In the Cemetery of the New Blacks, the bodies of the enslaved newcomers were never buried. They were left to the ground until they were burned and dismantled so that more bodies could fit. This deal shows that for Brazilian society at the time, slaves were “nothing” but bodies to be discarded in order to rot and smell, nonetheless for the African culture to which they belonged, being buried in the cemetery of the New Blacks meant a cut in their ancestral lineage that would prevent them from being resurrected in Africa.
Several travelers, among them Freireyss, scandalously described the Cemetery of the New Black and how those slaves were buried because there was no indication that the enslaved were decently buried. It is estimated that from 1769 to 1830, the date of its extinction, about 60 thousand enslaved people were buried there, despite the space of a small block of 50 fathoms.
During 1824 to 1830, the Cemetery of the New Black buried around 6.000 bodies in such small area. In the Livro de Óbitos da Freguesia de Santa Rita there are death recording which may be found a list of respective ships, ethnics and ports of origin, age, and the marks of slave masters on their bodies. In 1830 the cemetery was closed because of the anti-slave trade law and its location was lost.
But, in January of 1996, a house located at 36 Pedro Ernesto Street, in Gamboa was surprised by a great discovery. During the works, the bones of the enslaved were found. the cemetery had been rediscovered. Since then, the family of Mr. Petrucio and Mercedes, owners of the property, along with several volunteer researchers have been striving to keep the memory of Africans buried there alive.
Recently, the team of archaeologists discovered the first complete bone there, a young, African, enslaved woman who was named Bakhita in honor of the Catholic saint who fought slavery in Africa.
In conclusion, the cemetery of the new blacks was and still is the indisputable proof of slavery and the way in which human beings treated people they believed to be inferior due to their condition of enslavement uprooted from the African continent.
(mais…)