Prof. Júlio César Medeiros

PROFESSOR DE HISTÓRIA

juliocesarpereira@id.uff.br

SOBRE

Júlio César Medeiros é Dr. em História da Ciência e da Saúde pela Fiocruz.  É professor de História Contemporânea com enfase em África, da Universidade Federal Fluminense, pesquisador do Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos e Líder do Núcleo de Estudos e Pesquisa SANKOFA-UFF.

 

A Importância da Leitura de Autores Negros para a formação de uma Educação Anti-racista: Um ensaio.

Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 15 set 2023

Prof. Júlio César Medeiros da S. Pereira

Resumo

A leitura de obras de autores como Bell Hooks, Frantz Fanon, Aimé Césaire, Silvio Almeida, Cida Bento, Eliane dos Santos Cavalleiro, Nilma Lino Gomes, Petronilha Beatriz Gonçalves, Kabengele Munanga e A. Bembe é essencial para o aprofundamento das questões raciais e de gênero e para a promoção da justiça social. Este ensaio examina a contribuição acadêmica de cada autor e suas respectivas obras, destacando como suas análises críticas têm enriquecido o debate acadêmico e social em prol de uma educação anti-racista. As citações a seguir ressaltam as ideias-chave de cada autor.

Introdução

A contribuição de autores para uma educação anti-racista desempenha um papel fundamental na construção de uma sociedade mais justa e igualitária (Hooks, 1981). Para enriquecer esse debate e promover uma compreensão mais profunda desses temas, a leitura das obras de autores renomados se torna imperativa. Neste ensaio, exploraremos a contribuição acadêmica de autores como Bell Hooks, Frantz Fanon, Aimé Césaire, Silvio Almeida, Cida Bento, Eliane dos Santos Cavalleiro, Nilma Lino Gomes, Petronilha Beatriz Gonçalves, Kabengele Munanga e A. Bembe. Analisaremos suas obras e discutiremos como elas têm influenciado o pensamento crítico em relação à promoção de uma educação anti-racista.

Desenvolvimento

Bell Hooks: Interseccionalidade e Feminismo Bell Hooks é amplamente reconhecida por sua contribuição ao feminismo interseccional (Hooks, 1981). Em sua obra “Ain’t I a Woman?: Black Women and Feminism”, Hooks destaca a interconexão entre raça, classe e gênero na opressão enfrentada pelas mulheres negras. Ela argumenta que a luta feminista deve ser inclusiva e reconhecer a diversidade de experiências das mulheres.

A leitura de suas obras convida os estudantes a refletir sobre como essas interseções afetam as vidas das pessoas. Os estudantes podem se apropriar das obras de Hooks para questionar estereótipos e promover a igualdade de gênero e racial em suas próprias comunidades.

Frantz Fanon: Colonialismo e Psicologia da Opressão Frantz Fanon fornece uma análise profunda das implicações psicológicas do colonialismo e da luta pela independência (Fanon, 1961). Sua obra “Os Condenados da Terra” convida os leitores a questionar como a opressão afeta a identidade e a psicologia das pessoas.

A análise da obra citada oferece uma oportunidade para os estudantes refletirem sobre como a opressão afeta a identidade e a psicologia das pessoas (Fanon, 1961). Os estudantes podem considerar como a resistência é uma busca por dignidade e liberdade, e como podem aplicar essas lições ao desafiar sistemas opressivos.

Aimé Césaire: Desumanização do Colonialismo Aimé Césaire, através de seu poema “Discurso sobre o colonialismo”, lança luz sobre a desumanização imposta pelo colonialismo europeu (Césaire, 1950). Ele denuncia a exploração brutal das colônias africanas e caribenhas e ressalta a urgência da resistência.

podemos explorar, a partir da sua obra, como a literatura e a arte podem ser ferramentas poderosas para despertar a conscientização, nos apropriando das suas obras para que possamos considerar como as narrativas coloniais ainda têm impacto hoje e como podem contribuir para mudanças.

Silvio Almeida: Racismo Estrutural no Brasil Silvio Almeida se concentra na análise do racismo estrutural no contexto brasileiro (Almeida, 2018). Suas obras convidam os leitores a considerar como o racismo está enraizado nas instituições e nas interações cotidianas.

A leitura de sua obra, pode nos ajudar a examinar como o racismo se manifesta em sua própria sociedade e como podemos trabalhar para desmantelá-lo.

Cida Bento: Ativismo e Igualdade Racial Cida Bento é uma destacada ativista e pesquisadora que atua na promoção de políticas de igualdade racial, especialmente no campo jurídico.

A sua contribuição é sobretudo, o entendimento de como o ativismo pode ser uma ferramenta eficaz na promoção da igualdade racial. Devemos, pois nos Eles podem se apropriarmos das estratégias de ativismo apresentadas por Bento para iniciar ou se envolver em ações em suas próprias comunidades.

Eliane dos Santos Cavalleiro: Educação Anti-racista Eliane dos Santos Cavalleiro é uma referência na promoção da educação anti-racista no Brasil. Em “Racismo e anti-racismo na educação: repensando nossa escola”, (Cavalleiro, 2001). ela fornece orientações importantes para uma educação inclusiva e equitativa.

Uma das suas contribuições é ter feito poderosas reflexões sobre como podemos e devemos contribuir para uma educação mais inclusiva em suas próprias escolas e instituições de ensino.

Nilma Lino Gomes: Ação Afirmativa na Educação Nilma Lino Gomes concentra-se na promoção da igualdade racial na educação. Seu livro “Diversidade Étnico-Racial na Escola” (Gomes, 2006) oferece diretrizes para a implementação de políticas de ação afirmativa nas instituições de ensino. Assim, seu trabalho sobre as a ações afirmativas podem ser uma ferramenta eficaz para corrigir desigualdades históricas na educação e considerar como podem promovê-la em seus próprios contextos educacionais.

Petronilha Beatriz Gonçalves: Estudos Pós-coloniais e Decolonização Petronilha Beatriz Gonçalves é uma importante voz nos estudos pós-coloniais e de decolonização (Gonçalves, 2011). Suas obras problematizam as estruturas de poder que perpetuam o racismo no Brasil. Seu trabalho contribui para com oo questionamento de como o conhecimento é construído e como as narrativas dominantes podem ser desafiadas. Ao estudá-la, devemos considerar como aplicar as perspectivas pós-coloniais à análise de questões raciais em suas próprias comunidades.

Kabengele Munanga: Racismo no Brasil e no Mundo Kabengele Munanga é conhecido por sua pesquisa sobre a questão racial no Brasil e em outras partes do mundo (Munanga, 1996). Sua obra “Rediscutindo a mestiçagem no Brasil” é fundamental para entender as complexas dinâmicas raciais no país. Seu trabalho, dentre outras coisas, permite que os estudantes compreendam as complexas dinâmicas raciais no Brasil.

Podemos, então nos apropriarmos dessas leituras para refletirmos sobre como as identidades raciais são construídas em suas próprias sociedades e como a diversidade étnico-racial é abordada.

A. Bembe (Achille Mbembe): Crítica da Razão Negra A. Bembe, pseudônimo de Achille Mbembe, oferece uma análise crítica do pós-colonialismo e da política contemporânea (Mbembe, 2013). Se trabalho nos leva refletirmos sobre como as perspectivas pós-coloniais podem ser aplicadas à análise das questões políticas em seus próprios contextos e como podem contribuir para mudanças positivas.

Conclusão

A leitura das obras desses renomados autores é crucial para a promoção de uma educação anti-racista. Suas contribuições acadêmicas têm enriquecido o debate, fornecendo insights valiosos para a promoção da justiça social e da igualdade através da educação. Ao incorporar suas perspectivas em nosso pensamento e prática, podemos avançar em direção a uma sociedade mais inclusiva e equitativa.

Bibliografia

ALMEIDA, Silvio. Racismo Estrutural. Polén, 2018.

CAVALLEIRO, Eliane dos Santos. Racismo e anti-racismo na educação: repensando nossa escola. Editora Contexto, 2001.

CÉSAIRE, Aimé. Discurso sobre o colonialismo. Présence Africaine, 1950.

FANON, Frantz. Os Condenados da Terra. Editora Civilização Brasileira, 1961.

GOMES, Nilma Lino. Diversidade Étnico-Racial na Escola. Autêntica, 2006.

GONÇALVES, Petronilha Beatriz. Relações Étnico-Raciais e Educação: entre a injustiça simbólica e a injustiça econômica. Autêntica, 2011.

HOOKS, Bell. Ain’t I a Woman?: Black Women and Feminism. South End Press, 1981.

MBEMBE, Achille (A. Bembe). Crítica da Razão Negra. Antígona, 2013.

MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil. Global, 1996.

Aula 2: Homens e mulheres no tráfico atlântico – Dois pesos, duas medidas

Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 24 Maio 2023

Na segunda aula do curso de extensão “A saga dos pretos novos”, mergulharemos profundamente na análise do tráfico atlântico de escravos, focando especificamente nas experiências e nas condições enfrentadas por homens e mulheres nesse contexto histórico. Abordaremos a temática sob a ótica da desigualdade de gênero, destacando as distintas realidades vivenciadas por cada um dos sexos durante essa terrível época.

O tráfico atlântico de escravos foi um dos capítulos mais sombrios da história da humanidade, no qual milhões de indivíduos foram capturados em terras africanas e submetidos a um destino de exploração, violência e sofrimento. No entanto, é importante compreender que homens e mulheres enfrentaram diferentes experiências dentro desse terrível sistema.

Durante a aula, exploraremos como os homens escravizados eram frequentemente selecionados e tratados de maneira distinta das mulheres. Enquanto os homens eram vistos como força de trabalho braçal, destinados principalmente a trabalhos pesados nas plantações, as mulheres eram frequentemente exploradas também para o trabalho doméstico e sexual. Examinaremos as condições vivenciadas por ambos os sexos, destacando as formas de violência, as doenças, a falta de higiene e os impactos psicológicos decorrentes desse sistema desumano.

Além disso, discutiremos as estratégias de resistência adotadas por homens e mulheres escravizados. Veremos como, apesar das adversidades, esses indivíduos encontraram maneiras de preservar suas culturas, recriar formas de sociabilidade e resistir às opressões impostas. Abordaremos também as diferentes percepções de masculinidade e feminilidade dentro desse contexto, e como essas noções influenciaram a experiência de homens e mulheres escravizados.

Nesta aula, convidamos você a refletir sobre as diferenças de gênero no tráfico atlântico de escravos, reconhecendo a necessidade de uma análise mais aprofundada das experiências vividas por homens e mulheres. Ao compreendermos as nuances dessas realidades, poderemos construir uma visão mais completa e sensível do passado, contribuindo para uma sociedade mais justa e igualitária no presente.

Esperamos que você se junte a nós nessa jornada de conhecimento e reflexão, na qual iremos desvendar as complexidades da saga dos pretos novos e promover o resgate histórico de vozes silenciadas por tanto tempo. Prepare-se para uma aula enriquecedora e provocativa, que certamente ampliará sua compreensão sobre o tráfico atlântico de escravos e suas repercussões.

O mistério da estrela de Belém

Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 24 dez 2022

Desde criança sempre fiquei intrigado com o céu e as suas estrelas.  Ficava horas por noite a olhar o brilho dos seres celestes refletindo no escuro céu azul. Pontos brancos refletindo ao longe.  Saber que estão a milhares de anos luz daqui, mais tarde, me deixou ainda mais confuso. Talvez tão intrigado quanto os cientistas hoje ao terem que explicar, a cada dezembro, o que foi que os magos virão no céu, no nascimento de Jesus. A famosa estrela da Belém.

O problema é que, cientificamente falando, não há prova de nenhuma de que tenha havido alguma  estrela cadente nesta época.

Também podemos descartar supernovas, pois  para serem vistas a olho nu, teriam que estar muito próximos, e além disto, elas deixa um vestígio que podemos detectar – mas os astrônomos não encontraram nada que datasse dessa época. Também não há outros relatos sobre isso, o que é estranho, já que muitas pessoas ficariam impressionadas com algo tão grande e brilhante no céu.

maior estrela ou planeta. Outras hipóteses referem-se às estrelas mais proeminentes em nosso céu noturno, como Vênus, Júpiter e Marte, ou Sirius (a estrela mais brilhante, na constelação do Cão Maior).

Alguns pesquisadores calcularam onde os Três Reis Magos iriam parar se os seguissem e nenhuma apontou para Israel. Por exemplo, Sirius levaria ao Polo Sul. Na verdade, se seguissem qualquer estrela, viva ou morta, provavelmente permaneceriam onde estavam. As estrelas nascem e se põem em nossos céus todos os dias, elas não param.

A resposta a este mistério, talvez seja que, o “magos” não seguiam um estrela, mas um conjunto de fenômenos no céu. Os “magos” provavelmente eram em parte astrônomos/astrólogos (os dois campos estavam intimamente relacionados há mais de 2.000 anos) e estavam interpretando o céu. Não por acaso eles eram babilônicos, a Babilônia possuía um avançado conhecimento avançadíssimo sobre as orbitas celestes e produziam mapas, calendários e representações celestes avançadíssimas. O fato de terem solicitado informações sobre os recém-nascidos quando chegaram à área sugere que talvez eles não tenham sido guiados ao destino final por um único corpo celeste.

Eles podem ter encontrado significado em certos arranjos de planetas e estrelas do qual Júpiter faria parte, pois  além de ser muito brilhante, também estava associado à realeza.

 A possibilidade mais astronomicamente plausível é que a Estrela de Belém seja resultado de uma conjunção – quando dois ou mais corpos celestes, como a Lua e um planeta, aparecem muito próximos em nosso céu, ou mesmo “se tocam” (do nosso ponto de vista). Linha de visão, uma vez que estão a milhares de quilômetros de distância no espaço). Esse tipo de evento pode durar dias ou semanas com pouca mudança de local. Se os Três Reis Magos seguirem uma conjunção, eles podem de fato terem sido guiados em uma direção particular. A Bíblia diz que eles viram o sinal do céu enquanto estavam em seu próprio país (Babilônia); quando eles deixaram Jerusalém para Belém, eles a viram novamente. Depois que encontraram Jesus, a estrela desapareceu.

O alinhamento com maior probabilidade de ter acontecido é a chamada conjunção tripla (quando aparece no céu três vezes em um curto período de tempo) entre Júpiter e Saturno – os dois maiores planetas do sistema solar. Isso é resultado de seu alinhamento com o Sol e a Terra – que em um ponto os ultrapassou, criando um movimento retrógrado pronunciado. Foi um evento raro (ou seja, impressionou os curiosos) e sabemos que aconteceu em dezembro do ano  6 d.C., segundo a matéria publicada na Tilt, de hoje, de onde retiro estes dados.

Seja como for, algumas coisas podemos trazer de lições sobre o evento.

1° Há indícios científicos de que este fenômeno tenha ocorrido;

2° Este fato atesta a avançada ciência babilônica;

3° Havia uma expectativa mundial (Pelo menos no mundo conhecido) pelo nascimento do Messias;

4° O próprio Israel não o estava aguardando, apesar de todos os sinais.

E hoje, depois de crescido, ainda fico olhando para o céu em dezembro e intrigado, passo o meu tempo escrevendo sobre isto … Vá entender.

Fonte:  Mistério de Natal: o que era a Estrela de Belém? Ciência tenta explicar… 24/12/2002. Marcelo Duarte – Tiltastrofalls

Foto de capa: @astrofalls

A 3ª é o fenômeno visto aqui no Brasil, registrado por  @alexsandromota805,

Conceição do Coité – BA

Cidadãos apáticos ou apenas excluídos do poder?

Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 30 jun 2022

RESENHA

Por: Pollyana Feitosa – Aluna do 5° Período de História, Universidde Federal Fluminense.

CARVALHO, José Murilo de. Os Bestializados. São Paulo: Companhia das Letras. [3ª ed., 2001.]

         O historiador e cientista político José Murilo de Carvalho nasceu em Andrelândia, Minas Gerais, no dia 8 de setembro de 1939. Graduou-se em Sociologia e Política pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 1965. Obteve seu mestrado e doutorado em ciências políticas na universidade de Stanford, com tese sobre  o Império brasileiro. Foi eleito para a Academia Brasileira de Ciências em 2003 e para a Academia Brasileira de Letras em 2004, tendo organizado e publicado 19 livros e mais de 100 artigos científicos. Suas pesquisas se concentram no Brasil Império e Primeira República, com destaque nos assuntos sobre a construção da cidadania brasileira e republicanismo ressaltando as suas especificidades. Suas principais obras são: A Construção da Ordem: A Elite Política Imperial publicado em 1980; Os bestializados: O Rio de Janeiro e a República que não foi (1987); Teatro de sombras: A Política Imperial (1988); A formação das almas: O Imaginário da República no Brasil (1990). Em sua trajetória acadêmica ele recebeu cerca de 12 prêmios e medalhas, dentre eles o prêmio Jabuti de ciências sociais.

Capa do livro

Os bestializados e a república que não foi, livro objeto desta resenha, se tornou um clássico da historiografia brasileira, no qual o autor analisa o quadro de instauração do novo regime, a República. Vale a pena ressaltar, que o livro é dividido em cinco capítulos, 196 páginas e um interessante caderno de fotos ao final mostrando a visão da época. A escolha do autor de trazer estas ilustrações enriquecem a leitura e proporciona ao leitor uma experiência de imersão naquela realidade. Desse modo, o objetivo desta resenha é fazer um panorama dos capítulos e ressaltar a importância desta obra para a historiografia, seus engajamentos e metodologia.

Na introdução,  o autor deixa evidente que vai debruçar-se sob a cidade do Rio de Janeiro, delimitando o seu recorte temporal que vai da transição do Império para a República, chegando  até o governo de Rodrigues Alves. Ao discorrer da leitura, percebe-se que o autor dialoga com diversos intelectuais, isto por sua vez, também compõe a sua narrativa onde o autor evidencia a percepção que essas atores sociais tinham acerca do povo.

Logo no início do texto, Carvalho destaca uma frase dita pelo médico residente do Brasil, Loius Couty, que ao analisar a situação sociopolítica da população brasileira,  concluiu: “o Brasil não tem povo”. Carvalho ressalta que essa frase pode ser consequência de uma distorção elitista e de um etnocentrismo francês, pois a partir da Visão de Couty, fica subentendido que o povo brasileiro não tinha qualquer consciência política e alheio às transformações sociais que ocorriam naquele tempo. Portanto, o objetivo do autor é tentar o de tecer uma reflexão sobre a prática da cidadania no Brasil República.  

No primeiro capítulo, O Rio de Janeiro e a República, o autor explica que o objetivo dele é tentar descrever sumariamente a natureza das mudanças de transformações econômicas, sociais, política e cultural, e examinar as suas consequências para a vida dos fluminenses, enfatizando o impacto do novo regime, que de certa forma, estava ancorado na opinião pública. Carvalho analisa, portanto, dados de crescimento populacional, aumento do número de imigrantes, sobretudo portugueses, e as condições nas quais estes  trabalhadores tiveram que conviver e se adaptarem às novas condições de vida, baixos salários, falta de moradia, escassez de empregos, saneamento básico etc. Outro ponto importante levantado neste capítulo e que a historiadora Cidinha Brito ressalta em sua análise, é a questão da “Febre especulativa”

(…) após a abolição surgiram muitos problemas econômicos que, contribuíram para uma “febre especulativa”. Desde o império, vinha sendo emitido dinheiro para pagamento de salários, que agora os cafeicultores tinham que dispor. […] “por dois anos, o novo regime pareceu uma autêntica república de banqueiros, onde a lei era enriquecer a todo custo com dinheiro de especulação” (pág. 20). A inflação, a queda do câmbio, o aumento da imigração fez aumentar o custo de vida, além dos preços altos, os moradores da cidade do rio tinham de lidar com a constante disputa por trabalho, o que foi a causa do surgimento do movimento jacobino em 1898. (Cidinha Brito, 2016.)

No capítulo seguinte, República e Cidadania, o autor ressalta que o fim do Império e o início da República foi uma época caracterizada por uma grande movimentação no campo das ideias, que em geral foram importadas da Europa, gerando, portanto, uma grande confusão ideológica, tendo em vista que essas ideias na maioria das vezes eram mal absorvidas ou de certo modo incorporadas de forma seletiva. Carvalho aponta neste capítulo para o conceito de povo, sua existência, e o fato de ter sido útil na instrumentalização da atuação política em alguns setores que lutavam pela ampliação da cidadania. Nele, o autor analisa, ainda, os conservadores e os anarquistas.

No capítulo  Cidadãos inativos: a abstenção eleitoral,  Carvalho inicia o texto com abordando um ponto chave para o entendimento do contexto da época, ele destaca que a efervescência ideológica nos períodos iniciais da República e as conflitantes propostas de cidadania apontavam tanto para a insatisfação com o passado, quanto para uma incerteza em relação ao futuro. Não há dúvidas de que o comportamento político brasileiro era visto como apático, porém o autor chama a atenção da necessidade de se ter cuidado, evitando uma análise apressada que, sem uma visão crítica, tome a fala da elite como verdade.  O fato é que os estrangeiros buscavam no Brasil um cidadão ao estilo europeu, e se frustraram ao ver que o povo fluminense não se encaixava nos moldes eurocêntricos.   

Bonde virado por manifestantes durante a Revolta, em 1910.

No capítulo Cidadãos ativos: a Revolta da vacina, talvez o mais conhecido e citado dentre todo o livro, o objetivo do autor é tentar capturar o que seria a concepção dos direitos e deveres nas relações entre indivíduo e Estado, analisando a maior participação popular, a Revolta da Vacina, esclarecendo a composição popular insurgente e as suas motivações. Carvalho apresenta então o contexto social do Rio de Janeiro; as reformas urbanas; as obras públicas; a questão do saneamento básico e a polêmica da implementação da vacina obrigatória contra a varíola cunhado pelo médico sanitarista Oswaldo Cruz, que, por ser obrigatórias gerou grande  agitação popular. Neste momento, com maestria, Carvalho, descreve ao leitor o que aconteceu durante a Revolta, dia após dia,  com riquezas de detalhes que reconstroem um cenário social caoticamente conturbado, e ressalta: “O mais importante era mostrar ao governo que ele não põe o pé no pescoço do povo”. (Carvalho, 2001:193).

No último capítulo, Bestializados ou bilontras? Carvalho ressalta que, evidentemente, havia algo no comportamento popular que ia de forma contrária ao modelo e expectativa dos reformistas tanto da elite quanto da classe operária, a ideia de cidadão ativo consciente de seus direitos e deveres capaz de organizar-se entre si. O autor salienta que o espírito associativo se manifestava nas sociedades religiosas e de auxílio mútuo, nas grandes festas onde a população entendia-se como uma comunidade. Em contrapartida, no âmbito da política a cidade não se reconhecia, segundo ele o citadino não era cidadão, portanto era inexistente a comunidade política o que explica a apatia do povo perante o Estado.

“No entanto, o povo não se envia politicamente, o poder não lhes fazia sentido nenhum, não levavam a república a sério. para eles, ‘o bestializado era quem levasse a política a sério, era o que se prestasse a manipulação’. Ao contrário do “quadro pintado” por Aristides Lobo ‘quem apenas assistia, como fazia o povo do rio por ocasião das grandes transformações realizadas a sua revelia, estava longe de ser bestializado era bilontra’.”

(Cidinha Brito, 2016.)

Desse modo, Carvalho conclui retomando a discussão iniciada no início, em torno dos seguintes temas e suas interrelações:  o regime político; a  cidade; e a cidadania. Explica também que, a relação da república com a cidade só serviu para agravar o “divorcio” entre as duas e a cidadania. Para a maioria dos cidadãos o poder permanecia fora do alcance, e por isto o povo parecia um mero figurante nestas questões. Neste sentido, a partir do impedimento de ser ou fazer parte desta República, o povo formou várias repúblicas através das associações, instituições e manifestações sociais construído assim a sua própria identidade coletiva. 

À guisa de conclusão, podemos dizer que as fontes utilizadas pelo historiador são claras e o seu uso consistente, demonstra o seu vasto repertório. Seus argumentos e as suas análises são construídas de forma muito bem estruturada e os capítulos sempre se complementam. O autor faz uso de uma vasta fonte bibliográfica, além do uso de um vasto acervo documental. 

De modo geral, apesar de ter seu trabalho reconhecido no meio acadêmico e um constar entre os clássicos da Historiografia, ele pode e deve ser lido  pelo grande público, que encontrará uma linguagem clara e inteligente se tornando uma leitura obrigatória para todos os que quiserem entender o que foi a República que não foi.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

CARVALHO, José Murilo de. Os Bestializados. São Paulo: Companhia das Letras. [3ª ed., 2001.]

E. P. Thompson, “Costumes em comum. Estudos sobre a cultura popular tradicional”, Companhia das Letras, 1998.

E. P. Thompson, “A história vista de baixo”, Editora da Unicamp, 2001

Sites

BRITO, Cidinha. Livro de José Murilo de Carvalho destaca o fato da instauração do novo regime ter passado despercebido pela sociedade da época. Biblioo cultura informacional, 2016. Disponível em: https://biblioo.info/os-bestializados-rio-de-janeiro-e-a-republica-que-nao-foi . Acesso em 30 ago. 2021.

CARVALHO, José Murilo de. A nova historiografia e o imaginário da República. Revista do programa de Pós-Graduação em história, 1993. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/anos90/issue/view/599 . Acesso em 30 ago. 2021.

(mais…)

Entenda o conflito Rússia X Ucrânia. Seria possível uma 3ª Guerra Mundial?

Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 24 fev 2022

Pessoal, compartilhando com vocês meu novo vídeo sobre o conflito no Leste Europeu, envolvendo a Rússia e a Ucrânia, espero que gostem.

Deixem seus comentários, joinhas e se inscrevam no canal

Qual o motivo da guerra entre Rússia e Ucrânia?

A Rússia, que enviou 150.000 soldados à fronteira com a Ucrânia, exige que o país vizinho nunca seja admitido como integrante da Otan e também uma “desmilitarização” de Kiev, assim como concessões territoriais aos separatistas pró-Rússia. As exigências foram rejeitadas pelos países ocidentais.

Ucrânia e áreas de conflito

A justificativa usada pelo presidente Vladimir Putin é proteger duas regiões separatistas com maioria russa. Especialistas apontam, contudo, que o objetivo é garantir que a Ucrânia permaneça longe da esfera de influência da Otan e da União Europeia.

Quais seriam os possíveis desdobramentos? Saiba um pouco disto no vídeo acima

O Iluminismo

Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 02 dez 2021
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Pode-se destacar como sendo Iluminismo um movimento de idéias que teve a sua origem no século XVII, e encontrou na França do século XVIII, com Revolução Francesa, o seu principal efeito.

Esse movimento de idéias valorizava a razão e a entendia como principal instrumento para se atingir o progresso, lidando com a natureza e com a sociedade.

A razão, por esses pensadores, era entendida como “a luz”, essa se oporia às trevas da ignorância e da intolerância da tradição cultural e institucional. A produção do Iluminismo tem três aspectos como pontos básicos, que são:

  • Universalidade – as suas idéias visavam as pessoas independentemente de nacionalidades, se opondo a intolerância.
  • Individualidade – entender a necessidade de cada indivíduo, não os reduzindo a parte de uma coletividade.
  • Autonomia – o homem é capaz de lidar com o mundo através de si mesmo, sem nenhuma mediação, já que a razão é o instrumento que da essa autonomia ao indivíduo.

OS PRINCIPAIS PENSADORES

  • John Locke (1632 – 1704) – pensador que cria a teoria da política liberal. Defende a propriedade e critica os poderes ilimitados do governante.
  • Montesquieu (1689 – 1755) – pensador que defendia a divisão dos três poderes: executivo, legislativo e judiciário. Cada poder seria responsável por controlar qualquer abuso dos outros três poderes.
  • Jean Jacques Rousseau (1712 – 1778) – o contrato social foi uma das idéias desse pensador, que defendia a soberania como sendo do povo, que a exerceria através do voto universal.
  • Voltaire (1694 – 1778) – era um opositor da Igreja e crítico do antigo regime.
  • A enciclopédia – obra cuja organização tinha como um dos responsáveis, Denis Diderot, reunia uma crítica sistemática aos valores que marcavam a Europa no século XVIII.
  • Os Economistas Liberais – desse grupo destacou-se a Escola Fisiocrata composta por pensadores franceses que criticavam as práticas mercantilistas, indo contra a intervenção do Estado na economia. Os fisiocratas encontravam na terra a principal fonte de riqueza, colocando o comércio em um segundo plano.

Outro economista que se projeta dentre os economistas liberais é Adam Smith, que ao contrario dos fisiocratas, via no trabalho produtivo a fonte de riqueza e não na agricultura.

DESPOTISMO ESCLARECIDO

Sob a influência das idéias iluministas países como Prússia, Rússia, Áustria, Espanha e Portugal promoveram reformas que buscavam implementar as idéias do liberalismo, mas tendo como objetivo manter as estruturas do absolutismo.

INFLUÊNCIAS DO ILUMINISMO

O Iluminismo como instrumento de crítica as características do antigo regime favoreceu aos interesses da burguesia, que buscava maior participação política, que fosse proporcional ao seu fortalecimento econômico. Na França, esse movimento de idéias foi a base da revolução francesa.

Mas não foi somente na França que as ideias iluministas promoveram mudanças, elas influenciaram também a independência das 13 colônias a conjuração mineira e a conjuração baiana.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

  1. Explique o que foi o Iluminismo. (3 linhas)
  2. O que foi o Despotismo Esclarecido? (3 linhas)
  3. Relacione o Iluminismo e suas idéias com os interesses burgueses. (3 linhas)
  4. Quais foram as influências do Iluminismo nas Américas?(3 linhas)
  5. No que consistia as idéias dos economistas liberais?(3 linhas)
  6. O que é o “contrato social” de Rousseau? (2 linhas)
  7. O que foi Enciclopédia? (1 linha)

EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1 – (UFMG) Assinale a alternativa que apresenta um princípio filosófico do Século das Luzes. 

a)      Crença na razão como fonte pra a crítica social e política 

b)       Defesa do ideal monárquico para a garantia da unidade política

c)       Idéia do direito divino dos reis para legitimar o absolutismo

d)       Idéia de indivisibilidade do Estado em poderes independentes.

Resolução: a alternativa correta é a letra A, já que os iluministas acreditavam no uso da razão como um importante instrumeneto de leitura e intervenção no mundo. Os pensadores iluministas em suas diversidades criticavam o antigo regime, como um deles apresentava a idéia de divisão de poderes: Judiciário, legislativo e executivo.

2 – .(UFG) O lluminismo como movimento intelectual do século XVIII, representou: 

a)      As idéias revolucionárias da burguesia. 

b)      O renascer do pensamento clássico grego-romano.,

c)      A revolução ideológica da aristocracia.

d)      A expansão do pensamento religioso.

e)      O fortalecimento do estado absolutista

Resolução: O iluminismo trouxe em suas idéias e criticas alternativas que iam de encontro aos interesses burgueses. As revoluções influenciadas pelos pensadores das luzes tiveram como principais vitoriosos os burgueses que conseguiram a sua participação no poder.

3-(FUVEST ) Sobre o chamado despotismo esclarecido é correto afirmar que:  

a)      foi um fenômeno comum a todas as monarquias européias, tendo por característica a utilização dos princípios do lluminismo.

b)      foram os déspotas esclarecidos os responsáveis pela sustentação e difusão das idéias iluministas elaboradas pelos filósofos da época.

c)      foi uma tentativa bem intencionada, embora fracassada, das monarquias européias reformarem estruturalmente seus Estados.

d)      Foram os burgueses europeus que convenceram os reis a adotarem o programa de modernização proposto pelos filósofos iluministas.

e)      foi uma tentativa, mais ou menos bem sucedida, de algumas monarquias de reformarem, sem alterá-las, as estruturas vigentes. 

Resolução: a resposta é a letra E, já que o Despotismo Esclarecido foi a tentativa de algumas monarquias absolutistas, onde a sua burguesia não era tão forte, de promover reformas.

EXERCÍCIOS DE CONCURSOS

1 – (FGV – CGA) As idéias “iluministas” atingiram até mesmo alguns monarcas absolutos, que trataram de empreender reformas inspiradas pelas Luzes. Dentre os soberanos apontados abaixo, qual não pode ser considerado um “déspota esclarecido”?  

a)       Catarina, a Grande, da Rússia;

b)       José II, da Áustria;

c)       Frederico II, da Prússia;

d)       Gustavo Adolfo, da Suécia; 

e)       Carlos III, da Espanha.

2 – (FGV – CGA) Na segunda metade do século XVIII alguns monarcas europeus adotaram princípios do Iluminismo buscando reafirmar, a partir destes, seus poderes absolutos. Considerando essa afirmação não é correto afirmar que:

a)       Entre esses déspotas esclarecidos estava Frederico II, seguidor de Voltaire, que permitiu a liberdade de culto na Prússia;

b)       Os monarcas mais destacados desta corrente foram: Frederico II (Prússia), Catarina II (Rússia) e José II (Áustria);

c)       Catarina II (Rússia) não apenas manteve os direitos dos proprietários da terra sobre os servos como permitiu aos primeiros o direito de condenação à morte dos segundos;

d)       Em Portugal, o Marques de Pombal, ministro de José I, foi o responsável pela perseguição à nobreza e ao clero buscando fortalecer o poder real;

e)       José II (Áustria) foi o mais descompromissado dos monarcas na aplicação dos princípios iluministas.  

3– (FUVEST)  “Um comerciante está acostumado a empregar o seu dinheiro principalmente em projetos lucrativos, ao passo que um simples cavalheiro rural costuma empregar o seu em despesas. Um freqüentemente vê seu dinheiro afastar-se e voltar às suas mãos com lucro; o outro, quando se separa do dinheiro, raramente espera vê-lo de novo. Esses hábitos diferentes afetam naturalmente os seus temperamentos e disposições em toda espécie de atividade. O comerciante é, em geral, um empreendedor audacioso; o cavalheiro rural, um tímido em seus empreendimentos…”

(Adam Smith, A Riqueza das Nações, Livro III, capítulo 4)

Neste pequeno trecho, Adam Smith  

a)       contrapõe lucro a renda, pois geram racionalidades e modos de vida distintos. 

b)       mostra as vantagens do capitalismo comercial em face da estagnação medieval.

c)       defende a lucratividade do comércio contra os baixos rendimentos do campo.

d)       critica a preocupação dos comerciantes com seus lucros e dos cavalheiros com a ostentação de riquezas.

e)       expõe as causas da estagnação da agricultura no final do século XVIII.

4 – (PUC-MG) A partir do século XVI, a palavra T R A B A L H O perde seu conceito negativo associado à idéia de pobreza e sofrimento, adquirindo uma conotação positiva de dignidade, porque:  

a)       o trabalho passa a ser exercido também pelas classes dominantes.

b)       a campanha pela abolição do trabalho escravo na América se intensifica.

c)       os equipamentos das manufaturas exigem trabalhadores qualificados.

d)       o trabalho é fonte de toda a produtividade e riqueza material. 

e)       a doutrina calvinista justifica o trabalho como fonte de salvação.

5- (PUC-MG) São princípios fundamentais do liberalismo econômico no século XVIII, EXCETO: 

a)       combate ao mercantilismo.

b)       defesa da propriedade coletiva. 

c)       liberdade de contrato.

d)       livre concorrência e livre cambismo.

e)       divisão internacional do trabalho.

6 – (PUC-MG) As idéias dos diversos filósofos do Iluminismo, que tanta importância exercem nos movimentos sociais dos séculos XVIII e XIX, têm como princípio comum:

a)       a república como único regime político democrático.

b)       a razão como portadora do progresso e da felicidade. 

c)       as classes populares como base do poder político.

d)       o calvinismo como justificativa de riqueza material.

e)       a igualdade social como alicerce do exercício da cidadania.

7 – (PUC-MG) O Iluminismo representa a visão de mundo da intelectualidade do século XVIII, NÃO podendo ser apontado como parte do seu ideário:  

a)       o combate às injustiças sociais e aos privilégios aristocráticos.

b)       o fortalecimento do Estado e o cerceamento das liberdades. 

c)       o anticolonialismo e o repúdio declarado à escravidão.

d)       o triunfo da razão sobre a ignorância e a superstição.

e)       o anticlericalismo e a oposição à intolerância religiosa.

8 – (PUC – PR) O Iluminismo foi uma filosofia nascida na Inglaterra e atingiu seu maior esplendor na França, no século XVIII, tendo por representantes Voltaire, Montesquieu, Rousseau, etc. Uma das suas características foi a seguinte:

a)       Defender os ensinamentos das Igrejas Católica e Protestante.

b)       Ensinar que o homem não é livre, mas marcado pelo determinismo geográfico.

c)      Combater o absolutismo real e pregar o liberalismo político. 

d)       Pregar a censura para os espetáculos de circo e de teatro.

e)       Recomendar a pena de morte como maneira de coibir a criminalidade.

9 – (PUC – RJ) “O nosso século é chamado o Século da Filosofia por excelência. Se examinarmos sem prevenção o estado atual dos nossos conhecimentos, não se pode deixar de convir que a filosofia registrou grandes progressos entre nós. (…) Assim, desde os princípios das ciências profundas até os fundamentos da Revelação, desde a metafísica até as questões de gosto, (…) desde as disputas escolásticas dos teólogos até os objetos de comércio, (…) tudo foi discutido, analisado e, no mínimo, agitado.”

D’Alembert

(apud. Ernst Cassirer. A filosofia do Iluminismo. pp 20-21)  

  As palavras de D’Alembert nos remetem a algumas das características das idéias e concepções do movimento iluminista. Entre elas podemos identificar:  

I – A valorização da filosofia como campo de reflexões estritamente direcionadas para a crítica das ciências da natureza.

II – A defesa de uma concepção de história associada ao ideal de progresso e contraposta aos valores da tradição.

III – A secularização de todos os domínios de conhecimento, incluindo-se aqueles relacionados à moral, à religião e às relações sociais.

IV – A defesa da razão e da experiência como instrumentos centrais para a produção de todos os conhecimentos e valores pertinentes ao homem e às suas sociedades.

Assinale:  

a)       se somente as afirmativas I e II estão corretas.

b)       se somente as afirmativas I e IV estão corretas.

c)       se somente as afirmativas II, III e IV estão corretas.  

d)       se somente a afirmativa III está correta.

e)       se todas as afirmativas estão corretas.

10-(PUC – RJ) Assinale a opção em que se encontra corretamente identificado um dos preceitos fundamentais da Fisiocracia:  

a)       “O ouro e a prata suprem as necessidades de todos os homens.”

b)       “Os meios ordinários, portanto, para aumentar nossa riqueza e tesouro são o comércio exterior.”

c)       “Que o soberano e a nação jamais se esqueçam de que a terra é a única fonte de riqueza e de que a agricultura é que a multiplica.” 

d)       “Todo comércio consiste em diminuir os direitos de entrada das mercadorias que servem às manufaturas interiores (…)”

e)       “As manufaturas produzirão benefícios em dinheiro, o que é o único fim do comércio e o único meio de aumentar a grandeza e o poderio do Estado.”

GABARITO

Exercícios Propostos

1- movimento de idéias que teve a sua origem no século XVII.

2- reformas promovidas por alguns paises absolutistas com o intuito de implementar as idéias do liberalismo, mas tendo como objetivo manter as estruturas do absolutismo.

3- os burgueses entendiam nas idéias iluministas um argumento através do qual conseguiriam uma maior participação política e assim, consolidar os seus interesses.

4- o Iluminismo influenciou o movimento de Independência dos EUA, a Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana, como também a Revolução do Haiti.

5- os economistas liberais criticavam o mercantilismo, uma vez que eram contrários a intervenção do Estado na economia.

6- a soberania como sendo do povo, que o Estado deveria agir de acordo com a vontade da maioria. O povo a exerceria através do voto universal

7- foi uma produção literária que reunia uma crítica sistemática aos valores que marcavam a Europa no século XVIII.

Exercícios de Concursos

  1. D; 2- E; 3- A; 4- D; 5- B; 6- B; 7- B; 8- C; 9- C; 10- C.

Bibliografia

Aquino, Denize e Oscar – Ed. Ao Livro, História Geral Ao livro Técnico

 ARRUDA José Jobson – Ed. Ática,  Toda a História

KOSHIBA, Luiz – História – Ed. Atual

Sites

http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=179 acessado em 8/01/2007

Carolina de Jesus – Quarto de despejo

Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 02 dez 2021
Sem Comentários

Qual foi a importância de Carolina Maria de Jesus?Em 1960, Carolina Maria de Jesus foi a grande revelação da literatura brasileira. Nascida no sudoeste de Minas Gerais, ela morava na favela do Canindé (em São Paulo), quando foi descoberta pelo jornalista Audálio Dantas e publicou seu primeiro livro: “Quarto de Despejo – Diário de uma Favelada”

Uma das porta-vozes da mulher negra e pobre de um Brasil não tão distante, a autora traz seu ponto de vista sobre a fome, a pobreza, a solidão, a maternidade, o amor e diversos outros temas em seus diários, especialmente Quarto de Despejo, que se tornou um best seller traduzido em 16 idiomas e vendido em mais de 40 

“Tem muitas pessoas aqui na favela que diz que eu quero ser muita coisa porque não bebo pinga […] Eu não bebo porque não gosto, e acabou-se. Eu prefiro empregar o meu dinheiro em livros do que no álcool”

(JESUS, 2000, p. 65).

O desenvolvimento do Estudo da Arte Africana e os seus impactos sobre a arte europeia

Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 21 out 2021
Sem Comentários

“Se a humanidade teve origem em África, é possível que também ali tenha surgido a arte.”

Frank Willet, Arte Africana, 2017.

Frank Willett (1925 – 2006), estudioso da considerado pela crítica especializada mundial autor da melhor introdução geral à arte africana.  Desde que lançou a sua obra: Arte Africana, em 1971, seu trabalho tem contribuído de forma singular para com estudo da arte deste continente antes tão mal compreendido.   Nela, Willett utiliza uma linguagem acessível, desconstruindo velhos estereótipos e estimulando-nos na busca pelo aprofundamento do conhecimento de África através da produção artística.

Neste breve artigo, farei um breve resumo da obra, para aqueles que quiserem conhecer mais o trabalho deixando minhas impressões e comentários, que poderão ser uteis aqueles de alguma forma, como algum tipo de apontamento. Fica claro que, nossa contribuição é ainda muito modesta perto do tamanho da obra e não se propõe a esgotar o tema, muito menos se coloca como uma análise exaustiva de um livro tão profundo quanto denso, um feito que demandaria uma pesquisa mais aprofundada e devidamente apresentada em círculos acadêmicos voltados para esta discussão.

Pelo contrário, este texto se coloca apenas como breve introdução, deixada aos meus alunos e colegas que, como eu, amam o continente africano e tudo o que ele produz. Espero que seja de algum proveito. Sendo assim, vamos as minhas observações.

Artefato africano, sem identificação do autor, em exposição no Museu Afro Brasil, em São Paulo

Neste texto, iremos analisar apenas o capítulo 2, por entender que seria aquele que melhor sintetizaria a forma como educadores e professores de História da África poderiam aproveitar suas contribuições acrescentando as suas aulas, uma visão inovadora e crucial para quebrar os preconceitos ainda existente em sala de aula em torno da arte produzida pelos africanos e as suas contribuições para o mundo.

Para produzir estas impressões, não apenas estudei o trabalho de Willet, quanto busquei me aprofundar no assunto, pesquisando e buscando informações com especialistas como o professor …. cuja agradável conversa, nos rendeu um podcast, que também está disponível nas plataformas digitais bem como neste meu site.

 O trabalho de Willett não apenas esclarece os contextos ecológicos e sociais da criação estética africana como também faz leituras altamente precisas de sua linguagem, suas estruturas seus estilos. De uma parte, mostra-nos, por exemplo, a relação entre floresta, tipos de madeira, sociedade sedentária e produção escultórica.

Capa da obra

No capítulo 2, intitulado “O desenvolvimento do estudo da arte africana”, aqui analisado, Willett apresenta uma crítica aos diversos estudos que abordavam a arte africana de acordo com a perspectiva eurocêntrica que reproduzia, ainda, uma noção de arte “primitiva”, se contrapondo a diversas descobertas no campo da arqueologia. Nesta seção, o autor demonstra, brilhantemente, que a sofisticação presente na arte africana não se trata-se de um esmero acidental, nem se encontra desconectada das ideias e práticas das populações africanas contemporâneas como sugeriram diversos pesquisadores europeus.

Na página 40, por exemplo,  o autor discute o termo primitivo, o qual segundo ele,  o termo “arte primitiva” tal como ficou conhecido é um legado dos antropólogos do século 19 que viam a Europa da época como ápice da evolução social, por isto, o mais correto seria dizer correto seria dizer arte africana tradicional ou arte tradicional africana segundo ele o termo primitivo refere-se a uma definição etnocêntrica que, não cabe em nossos dias tendo em vista que já carrega em si, uma hierarquia que coloca a produção africana em escala de inferiorização e preconceito.

Segundo ele, a forma mais antiga de arte que conhecemos é a rupestre não plástica ou seja pinturas entalhadas em superfícies de pedras lisas, as quais ainda, no início do século 20, tenham parecido menos  importantes que a escultura, embora os avanços mais estimulantes na arte africana contemporânea ainda encontram-se na pintura e nas artes gráficas, e não na escultura.

A partir da página 40 ele começa a traçar o desenvolvimento da história da Arte Africana. Ele ressalta que a primeira descoberta das pinturas rupestres da idade da pedra, na Europa, foi feita em Altamira no ano de 1878, mas não foi senão na primeira década do século 20 que sua antiguidade foi amplamente reconhecida. Um dos primeiros autores foi Gottfried Semper, que escreveu o livro o Estilo nas artes técnicas e tectônicas, ou estética prática que surgiu no início dos anos 1860.  Arquiteto, Semper estava interessado principalmente nas formas arquitetônicas sua premissa era de que uma vez que a primeira necessidade do ser humano era proteção para si e para a sua fogueira ele passou a trançar gramíneas para protegê-las do vento.  

Semper passou a desenvolver a ideia de que o homem teria desenvolvido a técnica do entrelaçamento produzido um padrão que o levou ao desenvolvimento das técnicas e dá de tecelagem. Essa linha de raciocínio que se baseava na ideia da busca deliberada de padrões foi convertida pelos discípulos de Semper em um sistema determinista e materialista usado para explicar todas as formas artísticas não ocidentais.

Willett acredita, e eu concordo, que este pensamento seja frágil demais, pois, segundo o que ele mesmo diz, Semper e seus seguidores não possuíam dados que sustentassem a esta hipótese. Seguindo neste desenvolvimento da Arte Africana construída por Willet, ele nos apresenta em seguida Max Schmidt, etnólogo que publicou seus estudos indígenas no Brasil central em 1905 nos quais demonstrou como os motivos desenvolvidos nas técnicas de entrelaçamento foram aplicados na decoração das cerâmicas. No entanto, segundo Willett, Schmidt, claramente, montou os dados para adaptá-los à hipótese de Semper, ao invés de construir hipóteses que se adequassem aos dados.  Smith ignorou por exemplo os motivos espirais e as linhas ondulantes que, embora geométricos, dificilmente teriam sido produzidos através do entrelaçamento em linha reta.  Esse teria sido que podemos chamar de uma fase marxista da história da arte africana.

Segundo Willett, esses primeiros estudos estavam preocupados exclusivamente nos ofícios. Willhen Worringer, historiador e teórico da arte alemã, publicou um estudo teórico filosófico em 1908 em que rejeitou essa base tecnológica de origem da arte.  Para Worringer toda a arte era basicamente uma expressão da volição, embora, muitas vezes, esta pudesse modificada pelo seu propósito. Ele era um evolucionista e estava convicto de que as primeiras formas artísticas de formas geométricas que conduziram de modo lógico inevitável ao naturalismo, portanto ele rejeitava que as pinturas figurativas rupestres do sul da França fossem obras de arte, e  repudiava “os feitos artísticos” dos africanos nativos “e da maioria dos povos primitivos”, excetuando-se apenas aqueles que exerciam dons ornamentais

O estudo do ornamento tomou uma nova direção com os trabalhos do antropólogo Franz Boas que publicou a obra “um estudo sobre a arte decorativa dos índios da Costa Norte do pacífico da América do Norte”, publicado em 1897 e mais tarde incluído em seu livro “arte primitiva” de 1927. Nunca é de mais lembrar, embora o autor não cite, Franz Boas vai alterar não apenas o curso da História da Arte Africana, como vida de um outro jovem sociólogo em visita aos Estados Unidos, Gilberto Freyre.

Nessa obra,  Boas demoliu a teoria da degeneração; sua obra se referia mais ao ornamento do que às culturas.  Boas acreditava que a arte não poderia existir antes que o artista desenvolvesse perícia suficiente para dominar o seu material e assinalava também que, embora a forma, assimetria e o ritmo, no conjunto, tenham um efeito estético em si mesmo, a forma também poderia transmitir sentidos, o quê acrescentaria um valor emocional acentuando-se o efeito.

Sensacional, e inovador para época, pois o africano poderia ser visto agora como uma pessoa, pois apenas pessoas são capazes de transmitir a emoção, possuem alma, algo impensado dentro da lógica determinista e evolucionista vigente no século anterior.

Boas dividia a arte em duas categorias: arte representativa, hoje conhecida como representacional; e simbolismo, anteriormente conhecida como geométrica. Para ele, na arte representativa: forma e conteúdo são igualmente importantes, enquanto na arte simbólica o conteúdo é muito mais importante que a forma.

Tais estudos levaram à conclusão importantíssima, a de que a mesma forma pode transmitir distintos significados em diferentes sociedades,

ou seja, forma e conteúdo não podem ser considerados separadamente em estudos de desenvolvimento ao longo do tempo.

Mas um outro clássico, de maior alcance do que os já citados, por situar os problemas da arte e da decoração no contexto mais amplo da cultura material, foi o trabalho do antropólogo R. U. Sayce. Em seu livro Artes e ofícios primitivos ele, de maneira ampla e critica, baseado em estudos anteriores, fez menções cautelosas sobretudo à convergência de desenhos para os clientes de fontes totalmente distintas.

Como característica geral desse primeiro momento, além de podemos citar o forte apelo marxista é o de concordarmos com o fato de que as técnicas de tecelagem, seja em esteiras ou cestos, tendem a produzir motivos de caráter geométricos, o que podemos chamar de “tecnomorfos”, ou seja, a forma que derivada da técnica. Portanto é provável que qualquer sociedade tenha desenvolvido seus próprios “tecnomorfos”, ou seja, as diversas manifestações de tecnologia em uma dada sociedade.

“como existe uma forte possibilidade que tais motivos tenham uma origem independente dentro da sociedade, são inadequados como indicadores da influência de uma sociedade sobre a outra”

(Frank; 2017, P. 43).

O estudo da escultura como algo distinto do ornamento começou nos últimos anos do século 19 quando a maior parte da literatura seguia uma das duas abordagens, a etnológica, similar a de Franz boas ao considerar que o conhecimento do conteúdo de uma obra de arte é fundamental para sua compreensão e até para sua apreciação, e a noção estética, que acreditava que tal conhecimento era desnecessário para sua apreciação. Segundo Frank as duas escolas têm se aproximado gradualmente, antropólogos vem prestando atenção à história da arte, e os críticos de arte tem prestado mais atenção ao contexto cultural da arte africana “afinal, dificilmente seria possível separar a forma do conteúdo em sociedades nas quais o artista é um membro integrante da comunidade, não um indivíduo empenhado em expressar uma visão puramente pessoal.” (Página 45, 46)

Segundo Frank os antropólogos a princípio, tratavam as culturas apenas com um elemento religioso, mas com o tempo passaram anotar a divergência das proporções naturais reveladas nas peças. Um destes primeiros antropólogos foi Léo Frobenius que em 1896 escreveu sobre a arte dos povos não europeus sugerindo que estes possuíam o impulso de copiar formas naturais e que tais cópias transmitiam ideias e significado, ou seja, que seu conteúdo conferia significado a forma. Essas reações são culturalmente determinadas, por isso a forma tem aquele significado apenas para a sociedade a qual pertence.

“Mas foi somente entre 1904 e 1905 que a arte africana começou a produzir o impacto significativo” (Página 47.) Foi quando Derain comprou uma peça africana e  mostrou-a a Picasso e Matisse que também ficaram bastante impressionados com ela. A revolução da Arte do século XX estava em curso ali,

 O autor, então, passa a descrever o impacto da arte africana sobre os trabalhos de artistas europeus como: André Derain, Henri Matisse, Georges Braque, Pablo Picasso e Juan Gris. Ao final, ele alerta para o fato de que mesmo quando artistas e pesquisadores europeus e norte-americanos abordaram a arte africana com benevolência, ainda assim estavam imbuídos de pensamentos etnocêntricos que não levam em consideração os propósitos das comunidades e dos indivíduos africanos que produziram as obras. 

Por tanto, o trabalho de Willett, sobretudo neste capitulo aponta para para o fato de que, mesmo quando artistas e pesquisadores europeus e norte-americanos, tratam  a arte africana com afeição, isto não quer dizer que estejam livres de prejulgamentos etnocêntricos que, por sua vez, desconsideram os propósitos das comunidades e dos indivíduos africanos que produziram as obras, ou seja, o meio social em que a obra foi produzida.

A obra de Frank Willet nos ajuda a pensar como o preconceito estava presente no inicio da História da Arte, em relação à produção do continente africano, e como tal pensamento permaneceu mesmo durante o século 20, em confronto com estudos etnológicos que procuraram vencer tais amarras e libertar as amarras que prendiam o espirito criativo africano ao conceito de primitivo e usual.

Referência bibliográfica:

Fiorotti, Silas. A sofisticação da arte africana não é mero acidente. Revista A Pátria, 13/03/2021.  Disponível em: https://apatria.org/cultura/a-sofisticacao-da-arte-africana-nao-e-mero-acidente/

Willett, F. African Art. 3.ed. London: Thames & Hudson, 2003. [Edição brasileira: Edições Sesc / Imprensa Oficial, 2017.]

Bibliografia

Einstein, C. Negerplastik [Escultura negra]. Florianópolis: Edufsc, 2011 [1915];
Munanga, K. A dimensão estética na arte negro-africana tradicional. In: Página do MAC-USP, São Paulo, 07/6/2006.;

O’Neill, E.; Conduru, R. (orgs.). Carl Einstein e a arte da África. Rio de Janeiro: Eduerj, 2015.
Price, S. Arte primitiva em centros civilizados. Rio de Janeiro: Edufrj, 2000.

As bases do Imperialismo Global

Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 09 jul 2021
Sem Comentários

Encontro com Fátima Bernardes | Professor resgata história sobre reis e cultura africana | Globoplay

Postado por MEDEIROS DA SILVA PEREIRA em 13 Maio 2021

Veja como foi a minha entrevista no Programa Encontro com a Fátima Bernardes

Fonte: Encontro com Fátima Bernardes | Professor resgata história sobre reis e cultura africana | Globoplay

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