Ricardo Basbaum

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Bioconceitualismo e Derivações (Pós-Graduação 2022/1)

Postado 29/mar/2022 -

O curso se propõe a organizar discussões em torno do ‘Bioconceitualismo’, e derivações, termo que temos desenvolvido, de modo amplo e variado, através de algumas ações – sejam expositivas, sejam crítico-teóricas – no campo da arte contemporânea, nos últimos anos. Trata-se de estabelecer possibilidades – sempre em aberto – de atualização das questões da arte conceitual e do conceitualismo, em um mundo caracterizado pelos confrontos biopolíticos e pela sociedade de controle, sob a dinâmica da extinção e da crise climática, apontando, afinal, para os desafios que se colocam para as práticas artísticas: de que modo o campo de práticas de uma possível arte contemporânea pode ser constituído e configurado, em escala local e planetária, e quais ferramentas de enfrentamento, produção e resistência estariam em condições de serem fabricadas? Quais os agentes, dentre os que impulsionam esta mobilidade, a serem reinventados e de que modo, sobretudo quando se considera x artistx (enquanto intelectual) em sua constante reconfiguração e redesenho, sempre em fuga? Espera-se que tais problemas sejam redelineados, através das discussões e leituras coletivas, no sentido da ‘produção do problema’, permitindo aproximações e indicando caminhos.

A questão será trabalhada a partir de 4 eixos conceituais, que procuram alinhar blocos de sentido frente ao problema proposto. Apresentando-se enquanto terminologia projetada a partir de uma plataforma expositiva – ou seja, em exposições, diagramas, objetos, peças sonoras, etc – estes eixos guardam os traços de uma ‘oralidade de invenção’ que também busca sobrevida nos caminhos da recepção, enquanto poema, problema e conceito. Com os termos floraparadoxanós, anorgânicaintensaperformativa, subhidroinfraentre, assim como o já citado bioconceitualismo, buscaremos, respectivamente: (a) investigar o trabalho colaborativo a partir do coletivo, da transindividuação, do grupo e outras formas de redimensionamento do sujeito, compreendendo as alianças entre vivos/não-vivos, humanos/não-humanos, em uma cartografia da diferença, nunca em isolamento; (b) buscar os traços de desenvolvimento de um outro humano (trans-, pós-, inumano, etc), em que o conceito de vida se desenvolve para além do naturalismo orgânico, compreendendo ‘extinção’, produção, invenção; (c) compreender as forças germinativas e afetivas do negativo a partir do corte e da economia do interstício, onde a produção de valor se daria a partir da experiência intensiva; e, finalmente, (d) cartografar alguns aspectos do conceitualismo contemporâneo enquanto compreensão dos redesenhos necessários do campo da arte e da imagem do artista, frente às transformações em curso. Cada tema aqui proposto será desdobrado a partir de leituras e discussões.

roteiro do curso

Introdução: arte, anestesia, teoria, metamodelos, saúde, política

aulas 6/4, 13/4

BHABHA, Homi K. “O compromisso com a teoria”, in O Local da Cultura, Belo Horizonte, Editora UFMG, 1998.

BHABHA, Homi K. “The commitment to theory”. new formations, Number 5, Summer 1988.

COLEBROOK, Claire. “Extinct theory”, in ELLIOTT, Jane e ATTRIDGE, Derek (Eds.). Theory after ‘theory’. Oxon, Routledge, 2011.

DUCHAMP, Marcel. “Apropos of Readymades”, “A propósito de readymades”.

GUATTARI, Félix. “Ritornelos e afetos existenciais”. Revista GIS, São Paulo, 2019, v. 4, n. 1.

KIM-COHEN, Seth. In the blink of an ear – Toward a non-cochlear sonic art. Nova York, Londres, Continuum, 2009. Introdução, Capítulos 5 e 7.

SODRÉ, Muniz. “Filosofia a toque de atabaques”, in Pensar nagô. Petrópolis, Vozes, 2017.

floraparadoxanós: trabalho colaborativo, grupo, coletivo, transindividuação, alianças

aulas 20/4, 27/4

GUATTARI, Félix. “A Transversalidade”, in Revolução Molecular: pulsações políticas do desejo. São Paulo, Brasiliense, 1981.

HARAWAY, Donna; GOODEVE, Thereza Nichols. “Fragmentos: Quanto como uma folha. Entrevista com Donna Haraway”. Mediações, Londrina, V.20, nº1, p.48-68, Jan/Jun 2015.

HARAWAY, Donna. “Sympoiesis: Symbiogenesis and the Lively Arts of Staying with the Trouble”, in Staying with the trouble: making kin in the Chthulucene. Durham, Duke University Press, 2016. “Simpoiesis: simbiogénesis y las artes vitales de seguir con el problema”, in Seguir con el problema: Generar parentesco en el Chtuluceno. Bilbao, Consoni, 2019.

HARAWAY, Donna. “Ciborgues e simbiontes: viver junto na nova ordem mundial”. Revista ClimaCom, Coexistências e Co-criações, ano 8, no. 20, 2021.

LOVELOCK, James. “O que é Gaia?”; “História da vida de gaia”, in A Vingança de Gaia. Rio de Janeiro, Intrínseca, 2020.

SIMONDON, Gilbert. “Os fundamentos do Transindividual e a Individuação Coletiva”, in A Individuação à luz das Noções de Forma e de Informação. São Paulo, Editora 34, 2020.

TAIT LIMA, Márcia Maria; GITAHY, Leda Maria Caira. “Diálogos entre novos léxicos políticos e práticas comunitárias de cuidado em Abya Yala”. Revista ClimaCom, Povos ouvir: a coragem da vergonha, ano 6, n. 16, 2019.

TSING, Anna. “Margens Indomáveis: cogumelos como espécies companheiras”. ILHA, v. 17, n. 1, p. 177-201, jan./jul. 2015.

anorgânicaintensaperformativa: outrxs (trans-, pós-, in-) humanxs: produção, invenção, tradução, negociação, extinção

aulas 11/5, 25/5

BRAIDOTTI, Rosi. HLAVAJOVA, Maria. The Posthuman Glossary. Bloomsbury, Londres, 2018.

DANOWSKY, Déborah; VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. “Humanos e terra nos na guerra de Gaia”, in Há mundo por vir? Ensaio sobre os medos e os fins. Florianópolis, Cultura e Barbárie, 2014.

FAUSTO, Juliana. “Terranos e poetas: o ‘povo de Gaia’ como ‘povo que falta'”. Revista Landa Vol. 2 N° 1 (2013).

NEGARESTANI, Reza. “O trabalho do inumano”. Coleção Trama, Zazie Edições, 2020.

OYEWÙMÍ, Oyèrónké. “Visualizando o corpo: Teorias ocidentais e sujeitos africanos”, in A invenção das mulheres: construindo um sentido africano para os discursos ocidentais de gênero. Rio de Janeiro, Bazar do Tempo, 2021.

PARISI, Luciana. “Biotech: Life by Contagion”. Theory, Culture & Society 2007, Vol. 24(6): 29–52.

PARISI, Luciana. FERREIRA DA SILVA, Denise. “Black Feminist Tools, Critique, and Techno-poethics”. e-flux Journal, #123, december 2021.

PRECIADO, Paul B.. “Ficções somáticas: a invenção dos hormônios sexuais”, “Controle POP: modos de subjetivação farmacopornográfica”; “O panóptico ingerível”, in Testo Junkie – sexo, drogas e biopolítica a era farmacopornográfica. São Paulo, n-1 Edições, 2018.

subhidroinfraentre: negativo, germinação, afeto, construção coletiva

aulas 1/6, 8/6

CAMPOS, Haroldo de. “Da transcriação: poética e semiótica da operação tradutora”, in Da transcriação poética e semiótica da operação tradutora. Belo Horizonte, FALE/UFMG, 2011.

COLEBROOK, Claire. “Ethics of Extinction”, in Sex After Life: Essays on Extinction, Vol. 2. Open Humanities Press, 2014.

NUNES, Rodrigo. Anônimo, vanguarda, imperceptível”. Revista Serrote 24. Rio de Janeiro, IMS, 2016.

SALDANHA, Arun. “Geophilosophy, Geocommunism: Is There Life After Man?”, in Weinstein, Jami; Colebrook, Claire (Eds.). Posthumous life : theorizing beyond the posthuman. New York, Columbia University Press, 2017.

TIMOFEEVA, Oxana. “Two Kinds of Violence”, in Solar Politics. Cambridge, Polity Press, 2022.

WOODWARD, Ashley. “The End of Time”. PARRHESIA, Number 15, 2012.

YUSOFF, Kathryn. “The Inhumanities”. Annals of the American Association of Geographers, 0(0) 2020, pp. 1–14.

YUSOFF, Kathryn; HIRD, Myra J.. “Subtending relations: bacteria, Geology and the possible”, in AVANESSIAN, Armen; MALIK, Suhail (Eds.). Genealogies of speculation: materialism and subjectivity since structuralism. London, Bloomsbury Academic, 2016.

bioconceitualismo: urgências conceituais-sensoriais, conceitualismo contemporâneo, circuito de arte, imagem do artista

aulas 15/6, 22/6

ADORNO, Theodor. “O Fetichismo na Música e a Regressão da Audição”. Os Pensadores – Textos Escolhidos. São Paulo, Abril Cultural, 1975.

ARAEEN, Rasheed. “Modernidade, modernismo e o lugar da África na história da arte da nossa época”, Artafrica, 2003.

BERNARDINO-COSTA, Joaze; GROSFOGUEL, Ramón. “Decolonialidade e perspectiva negra”. Revista Sociedade e Estado – Volume 31, Número 1, Janeiro/Abril 2016.

BRUNO, Fernanda. “Ver e ser visto: subjetividade, estética e atenção”, in Máquinas de ver, modos de ser: vigilância, tecnologia e subjetividade. Porto Alegre, Sulina, 2013.

CARONE, Iray. “Sobre o Conceito Adorniano de ‘Regressão da Audição’, nos Manuscritos de 1938. Constelaciones – Revista de Teoria Crítica, Número 6, Diciembre, 2014.

GORDON, Deborah M.. “Control without hierarchy”, NATURE, Vol 446, 8, March 2007.

HUI, Yuk. “Máquina e Ecologia”. Tecnodiversidade. São Paulo, UBU Editora, 2020.

NEGARESTANI, Reza. “Where is the Concept? (localization, ramification, navigation)”. Transcription of a lecture given at Goldsmiths, University of London, 2013.

OSBORNE, Peter. “October and the Problem of Formalism”. The Postconceptual condition: critical essays. London, Verso, 2018.

REED, Patricia. “The end of a world and its pedagogies”. Making & Breaking, Issue 02, 2021.

SILVA, Valdir Pierote; BARROS, Denise Dias. “Artes do Contemporâneo Africano: vida, criação e multiplicidade”. ARTEFILOSOFIA, V.15, Nº28, Abril de 2020, P. 186-205.

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